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Juliette (Foto: Igor Melo)

Juliette usando peça da grife de Lethicia Bronstein (Foto: Igor Melo)

A estilista Lethicia Bronstein usou seu perfil no Instagram para expor um desentendimento com a equipe de styling de Juliette, grande vencedora do Big Brother Brasil neste ano, que se tornou um fenômeno nas redes sociais desde que participou do programa, com milhões de seguidores em suas redes sociais. Em textos, a estilista, uma das preferidas das famosas, revelou ter emprestado uma de suas peças exclusivas para uma artista, mas a roupa acabou sendo usada por outra pessoa, sem permissão ou acordo, em um conteúdo publicitário. À Marie Claire, a assessoria de imprensa da grife de Lethicia confirmou que a influenciadora em questão é Juliette e que a peça, um vestido de paetês vermelho, inicialmente seria usada por Priscilla Alcântara.

"Essa peça foi retirada do ateliê para a Priscilla Alcântara, que usaria em um videoclipe, mas, para nossa surpresa, fomos avisados que a Juliette estava com o vestido em uma publicidade", diz Junior Sousa, assessor de Lethicia Bronstein. "Não fomos comunicados de que o vestido seria usado em uma publicidade. Quando isso ocorre, o certo é que a marca saiba para decidir se quer ou não ser exposta em uma propaganda e fechar a parceria ou venda. Infelizmente, nos foi tirado esse direito de escolha."

Segundo Junior, a equipe de Lethicia Bronstein teria procurado o time que trabalha com a ex-BBB após o ocorrido, para que ao menos os créditos da peça de Lethicia fossem incluídos na publicação da conta de Juliette no Instagram, o que não ocorreu. De acordo com o assessor, a equipe de Juliette alegou que não marca perfis em suas publicações a não ser quando se trata de uma publicidade paga. No entanto, em seu desabafo no Instagram, Lethicia Bronstein apontou que, dois dias após recusar o pedido de sua equipe, Juliette marcou em seu perfil grifes internacionais e não se tratavam de publicidade.

"Muitas pessoas do meio artístico em início de carreira buscam as grifes nacionais porque as marcas de luxo se recusam a emprestar suas roupas. A gente costuma ajudar e, daí, quando elas se tornam muito famosas e as marcas gringas passam a ter interesse, elas se esquecem da gente", desabafa Junior.

O assessor de imprensa fez questão de enfatizar que Lethicia Bronstein não tem tem nenhuma questão diretamente com Juliette, mas sim com sua equipe de styling pela falta de transparência. "Temos zero problema com a Juliette: ela é linda e merece todos os fãs que tem. Mas a equipe dela não foi correta. Eles tinham que nos comunicar e nos dar o direito de escolher se queríamos ou não participar de uma publicidade", diz Junior.

Marie Claire tentou contato com a assessoria de imprensa de Juliette para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o horário da publicação. Confira o texto publicado por Lethicia no Instagram:

Há um ano, em meio a pandemia, se iniciou um movimento no mercado da moda chamado #euapoioamodanacional onde a intenção era estimular as pessoas a consumirem marcas que ajudam a alimentar uma cadeia de produção enorme no país, gerando milhões de empregos direta e indiretamente, fora, mostrar que temos marcas aqui, tão bacanas e relevantes como as importadas. Assisti a uma quantidade enorme de atrizes, influenciadores, stylists aderindo a esta campanha com o peito cheio de orgulho de fazerem parte desse movimento tão legal encabeçado pela Donata Meirelles e o estilista Sandro Barros. Fiquei radiante e pensei, que finalmente um comportamento “cafona”, e que já me magoou muito, estava com seus dias contados. Que comportamento é esse? Vou tentar explicar para vcs que me acompanham aqui e que imagino já me conheçam um pouco. O comportamento de valorizar o que vem de fora e desprestigiar o que é feito aqui.

Não quero desmerecer as marcas importadas, pelo amor de Deus, pois elas também tem suas histórias, relevância e qualidade. Também consumo e não nego. Mas fiz minha parte, ao longo deste ano, e estou mudando hábitos, e incentivando empreendedores brasileiros, com collabs de bolsas, cintos, acessórios, tudo para mostrar que temos talentos incríveis tupiniquins tbm e inserindo estes produtos no meu armário com todo orgulho que nossa indústria merece! Mas não é esse o comportamento que me refiro. O que me entristece, é a ilusão que algumas mulheres tem, que ao usarem um label de fora, ela estarão ostentando um LUXO (o que é irreal) aquele que, na cabeça delas, serve como um carimbo de estilo ou bom gosto. Vale ressaltar que ter estilo, vai muito além da marca que se está usando. Quantas vezes ajudei atrizes, formadores de opinião, jornalistas, influenciadoras (antes blogueiras), os próprios stylists, todos começando um trabalho com clientes e querendo mostrar que tinham acesso a coisas especiais/exclusivas ?

E estas mesmas mulheres, muitas vezes, ainda não tão conhecidas ou reconhecidas como fashionistas, eram vestidas por mim e que com essa ajuda e empréstimos ou confecção de looks mudavam a forma de serem vistas pela indústria? Nossa, perdi a conta! E ainda perco, graças a Deus e a muito trabalho tbm! Mas também, já perdi a conta de quantos preferiram um look nada especial, feito em escala, já repetido, apenas para poderem creditar uma label gringa?

Em red carpets internacionais então, para mim era obrigação dos nossos artistas e principalmente seus acessores, é de orientar seus clientes a levarem nossa moda para o mundo, mas não, eles preferem, muitas vezes, valorizar o que é de fora. Existem muitas exceções, claro, pessoas que prestigiam incansavelmente nossa MODA e acho isso sensacional! Elogio sempre estas mulheres, os stylists que tem essa postura. Sou grata pelas oportunidades que me deram e quem trabalha comigo, usa meu produto, sabe disso!

Mas enfim, desculpem o texto longo. Tudo isso para justificar um episódio que aconteceu na semana passada e que me fez ver como, nós brasileiros, nos deixamos enganar fácil por alguns discursos que vemos por aqui e muitas vezes acreditamos na essência ufanista das pessoas.

Vamos aos fatos:
Um look de acervo pessoal da marca, foi escolhido na Maison para uma certa celebridade pelo assistente de uma stylist junto ao meu time de mkt, mas para nossa surpresa, esse look acabou indo parar em outra. Já começou errado! Nada contra a pessoa que usou, muito pelo contrário, admirava sua força em defender suas raizes, mas acho q foi mal assessorada nesta situação. Vale lembrar que profissionalismo e clareza não fazem mal a ninguém… Sempre “exigimos” quando emprestamos que a mesma celeb/influenciadora/etc, e o stilysts nos marquem nos posts, como forma de agradecimento da parceria. Simples assim. O velho e famoso: uma mão lava a outra.

Resumindo: o look foi parar em uma super celeb da atualidade, que bate no peito sobre suas raizes brasileiras (o que a fez ficar conhecida), para uma ação publicitária ainda mais GIGANTE, sem a nossa autorização, nem fomos comunicados, e quando questionamos a equipe da celebridade, a resposta que recebemos do time dela sobre a falta de crédito na peça foi: ela não marca/divulga marcas a não ser que seja PUBLI. Okay, ela está no direito dela e eu no meu de não emprestar em vão, vale lembrar que esse direito nos foi tirado pela equipe já que não nos comunicaram para onde seria usado. Passaram-se alguns dias e vida que segue, até que para a minha surpresa na mesma semana, a mesma celeb, marcou um vestido importado que havia pego emprestado e adivinhem, não era publi, mas lá estava o crédito.

Um vestido lindo por sinal, inclusive outras celebridades já haviam usado, mas só prova que as pessoas no Brasil não aprenderam NADA. O comportamento CAFONA de se deslumbrar com o gringo não muda e só prestigiam o que é nosso se a marca desembolsar pelo PUBLI, enquanto para as gringas fazem o publi de graça. Logo os gringos que são grandes grupos de moda com dinheiro sobrando para este tipo de ação, que pagam as celebridades de seus países, mas que aqui as celebridades fazem de graça. Mas o pensamento de alguns brasileiros tacanhos é: bora dar crédito de graça para os gringos e cobrar de quem gera emprego de ponta a ponta no nosso país. Ufaaaaaaa precisava desabafar e fazer essa provocação para os times que cercam estas pessoas também a estimularem nossa indústria, afinal, só no meu caso, são 15 anos de marca, uma relevância que me fez chegar a vestir as mulheres mais incríveis desse país (celebridades ou não) e no mundo todo. E aí, vem equipes de brasileiras, tão brasileiras e ufanista na teoria, cheia de verdades, que enchem a boca para falar da cultura do país, mas na hora do vamos ver, valorizam o que vem de fora.
Ahhhh Brasil, #preguiça
E uma salva de palma aos meus colegas estilistas brasileiros, que assim como eu, matamos um leão por dia para empreender nesse país, e ainda temos que lidar com isso.
Espero que me entendam, e respeitem meu espaço aqui para esse desabafo sincero.