• Redação Marie Claire
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Desfil de alta-cosutra Chanel inverno 2019 (Foto: Getty)

Desfil de alta-cosutra Chanel inverno 2019 (Foto: Getty)

Existem pouquíssimas coisas mais luxuosas na moda do que a alta-costura. Com por volta de 4 mil clientes no mundo e desfiles disputadíssimos, o universo da alta moda não é apenas restrito para os consumidores. Para uma marca, ter o título de maison -- em francês, casa (como são chamados os designers que se apresentam durante o calendário oficial -- vem com uma longa lista de exigências.

Para entender melhor, pense na alta-costura como uma patente,  regulamentada por um órgão do governo francês, a Féderation de la Haute Couture et de la Mode. Fundada em 1868, a FHCM preserva os padrões exigentes da cultura francesa de moda presidindo não apenas sobre as semanas de moda feminina e masculina de Paris mas também endossando e estimulando designers que exibem uma qualidade de artesanato que atende ao nível exigido para desfilar no cronograma oficial de alta-costura

Detalhe de vestido na passarela de alta-costura da Dior inverno 2019 (Foto: Getty)

Detalhe de vestido na passarela de alta-costura da Dior inverno 2019 (Foto: Getty)

Quem faz alta-costura?

Para serem elegíveis para o status de alta-costura, os membros devem criar peças de vestuário feitas sob encomenda em um ateliê que tenha pelo menos 15 funcionários em tempo integral, bem como 20 trabalhadores técnicos em tempo integral em um de seus ateliês. As coleções devem ser apresentadas com um mínimo de 25 designs originais, incluindo visuais diurnos e noturnos, apresentados ao público e imprensa em janeiro e julho e criados para clientes particulares, com cada peça exigindo mais de uma prova. 

Detalhe de vestido na passarela de alta-costura da Chanel inverno 2019 (Foto: Getty)

Detalhe de vestido na passarela de alta-costura da Chanel inverno 2019 (Foto: Getty)

Além disso, o ateliê onde as roupas são produzidas obrigatoriamente deve estar localizado dentro do Triangle D'Or (o triângulo feito pelo perímetro entre as avenidas Montaigne, Georges V e Champs-Elysées, em Paris). Existem algumas exceções para bordados, que podem ser feitos fora dali -- porém dentro da capital francesa. O prédio onde fica ateliê também deve corresponder a um padrão arquitetônico específico, com uma loja no térreo e uma sala para atendimento personalizado das clientes. Outra exigência é que os membros tenham pelo menos um perfume em seu catálogo. Desde janeiro de 2019, os membros oficiais da semana de moda de alta-costura são Adeline André, Alexandre Vauthier, Alexis Mabille, Chanel, Christian Dior, Franck Sorvier, Giambattista Valli, Givenchy, Jean Paul Gaultier, Julien Fournie, Maison Margiela, Casa Rabih Kayrouz, Maurizio Galante, Schiaparelli e Stéphane Rolland.

Fila final do desfile de alta-costura inverno 2019 de Giambattista Valli (Foto: Getty)

Fila final do desfile de alta-costura inverno 2019 de Giambattista Valli (Foto: Getty)

Moda e guerra

“Alta Costura” é um termo legalmente protegido, que foi estabelecido pela primeira vez em 1945. As regras para ganhar o selo já haviam sido estabelecidas durante a Segunda Guerra Mundial pela FHCM (que na época se chamava Chambre Syndicale de la Haute Couture). Elas tinham um objetivo: evitar que os nazistas mudassem a sede da instituição para Berlim, mantendo conhecimento de moda francês dentro de Paris e alçando a cidade como cpaital mundial da moda. Hoje em dia, o rótulo de alta-costura só pode ser concedido (ou retirado por falha em cumprir os regulamentos necessários) por uma comissão nomeada pelo Ministério da Indústria da França.

Couture do futuro

Com o ready-to-wear ganhando mais força em meados do século XX, a alta-costura lentamente perdeu sua relevância. As exigências de produção -- hoje em dia, um vestido pode levar milhares de metros de tecidos e centenas de horas para ser produzido -- deixa a alta moda extremamente restrita a um público que pode desembolsar valores de 6 dígitos para uma roupa. Criando um universo que mescla fantasia, moda e arte, a alta-costura virou um momento para as marcas de exporem seu poder técnico e criativo, um laboratório low-tech num mundo onde tudo é digital, que inspira possibilidades desde o ready-to-wear até o fast-fashion. 

Passarela de alta-costura da Dior inverno 2019 (Foto: Getty)

Passarela de alta-costura da Dior inverno 2019 (Foto: Getty)