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Thelma Fardin desembarca em São Paulo para acompanhar acusação de estupro (Foto: Reprodução / Instagram)

Thelma Fardin desembarca em São Paulo para acompanhar acusação de estupro (Foto: Reprodução / Instagram)

Nesta quarta (9), Thelma Fardin publicou fotos em seu Instagram de sua chegada à São Paulo. A atriz argentina estava acompanhada da advogada, Carla Junqueira. “Em busca de justiça”, escreveu ela na legenda da publicação. Thelma desembarcou no Brasil para acompanhar de perto a acusação de estupro que faz contra o também ator Juan Darthés, em 2018.

Há pouco mais de um mês, a artista já havia protestado em frente ao Consulado Brasileiro, em Buenos Aires, para cobrar justiça pelo caso. O ato aconteceu após a Quinta Turma do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, da Justiça Federal em São Paulo, decidir suspender o processo por entender que o mesmo deverá correr e ser reiniciado na esfera estadual.


Durante a manifestação, que foi apoiada pela Anistia Internacional (AI) e pelo grupo de artistas mulheres argentinas, Fardin concedeu uma entrevista coletiva em que deu detalhes sobre a decisão e também garantiu que irá até se esgotarem todas as possibilidades. “Sou forte porque estou convencida da importância dessa batalha. Isso me faz continuar”, disse.

A suspensão do processo que teve início em novembro de 2021 foi atribuída a uma suposta incompetência após, por dois votos a um, os magistrados entenderem que o caso deveria tramitar no local de residência do acusado, em São Paulo. Até o momento, não surgiram novas atualizações.

Entenda o Caso

No ano de 2018 a atriz argentina Thelma Fardin revelou ter sido abusada sexualmente pelo também ator argentino Juan Darthés em um quarto de hotel. O crime teria acontecido durante uma turnê internacional da peça infantil Patito Feo, na Nicarágua, em 2009. Na época, eles tinham 16 anos e 45 anos, respectivamente.

Juan, que é nascido em São Paulo, é naturalizado argentino, mas mantém a cidadania brasileira e, por isso, se mudou da Argentina para o Brasil após a denúncia. Depois da "fuga" para o Brasil, pelo menos outras quatro atrizes também relataram serem vítimas dele e também tentam o levar aos tribunais.

A denúncia foi feita inicialmente ao Ministério Público da Nicarágua, e em uma atuação conjunta com os Ministérios Públicos da Argentina e do Brasil, houve o entendimento de que existiam provas suficientes para uma denúncia.

Por ter sido o local onde o crime teria sido praticado, o Judiciário Nicaraguense aceitou o caso, mas Darthés não se apresentou para ser interrogado e a Suprema Corte do país fez um pedido de captura internacional, inclusive com a emissão de um alerta vermelho da Interpol contra o ator.

Na Argentina, Darthés poderia ser extraditado para responder à Justiça da Nicarágua. Já no Brasil, a Constituição não permite extraditar cidadãos nacionais. Sendo assim, em abril de 2021, o MPF de São Paulo apresentou uma denúncia contra o ator que foi aceita pela Justiça Federal, com competência nesse caso por se tratar de um crime denunciado a partir de investigação que envolve diferentes países. Após a formalização da denúncia, Darthés começou a ser julgado pela 7ª Vara Criminal Federal em São Paulo no dia 30 de novembro de 2021.

Depois da decisão da decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, que entendeu que o processo deveria ser conduzido pela Justiça estadual, uma vez que o acusado reside em São Paulo, Thelma gravou um vídeo em seu Instagram dizendo que estava sendo passada uma mensagem de impunidade.

"Hoje, um Tribunal Superior do Brasil decidiu voltar a zero o processo que já estava praticamente no final contra Juan Darthés. Um processo muito difícil de iniciar e que é suspenso não por irregularidades, se não porque um tribunal diz que não há jurisdição. Um monte de tecnicismos insuportáveis, injustos. Injusto que uma vítima tenha que saber de tantos tecnicismos. Mas a mensagem, hoje, é a impunidade. A mensagem que está sendo dada é um escândalo porque se um julgamento como o meu, onde três Ministérios Públicos colaboraram, de três países diferentes, movimentos de mulheres, infinitas ferramentas para tentar chegar à Justiça, que é onde eles nos pedem, e a Justiça diz essa barbárie. É uma aberração. Vamos continuar insistindo que a Justiça escute. Não acaba aqui", disse.