• Maria Luisa Malta
  • Em depoimento a Roberta Malta
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Na entrada em Xangai, cidade que ainda está aberta, todas as temperaturas são checadas (Foto: Arquivo pessoal)

Na entrada em Xangai, cidade que ainda está aberta, todas as temperaturas são checadas (Foto: Arquivo pessoal)

"A situação aqui está bem crítica. Absolutamente tudo está fechado, restaurantes, bares, escolas, empresas... As poucas pessoas que vemos nas ruas usam máscaras. Nos dormitórios das faculdades, está todo mundo trancado. Saí da minha, a Renmin University of China, em Pequim, só com uma mochila, neste domingo. Não me deixaram levar mais nada. O isolamento na faculdade vai começar e durar, no mínimo, duas semanas, tudo controlado por reconhecimento facial. Duas vezes por dia medem a temperatura do alunos.

Mas não só lá. Nos hotéis, aeroportos e rodovias as temperaturas são checadas o tempo inteiro. Todos que estavam fora de suas províncias são isolados na volta. Diariamente, o governo – que estendeu o feriado de ano-novo chinês até o dia 10 de fevereiro para evitar o trânsito de pessoas contaminadas - leva comida e máscaras na casa dessas pessoas, mede a temperatura delas e recolhe seus lixos, que também é isolado. 

Estou na casa de uma amiga em Xangai, cidade que continua aberta. Mas o governo checa a temperatura de todo mundo que entra. Se houver alguma elevação, mesmo sem febre, a pessoa é isolada. Pequim, onde moro, já está fechada. 

Não sabemos o que vai acontecer. Os jornais informam que algumas pessoas estão curadas, mas não sabemos se é verdade ou não. Não temos contato com ninguém e só saímos para pegar comida, sempre com o cuidado de lavar bem as mãos e passar álcool gel em tudo. Não sei por quanto tempo isso ainda vai se estender, porque até os deliveries estão se tornando raros.

A recomendação da minha faculdade é que eu fique aqui em Xangai e espere duas semanas até as coisas se normalizarem para começar a pensar em outra alternativa. Estou quieta e não quero entrar num avião agora. O vírus demora duas semanas para se manifestar, então, o risco de ficar 12 horas em um lugar fechado, mesmo de máscara, é grande."

Pessoas andam com máscaras em todos os lugares na China (Foto: Arquivo pessoal)

Pessoas andam com máscaras em todos os lugares na China (Foto: Arquivo pessoal)

Maria Luiza no metrô em Xangai (Foto: Arquivo pessoal)

Maria Luisa no metrô em Xangai (Foto: Arquivo pessoal)