• Priscilla Geremias
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Djamila Ribeiro  (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)

Djamila Ribeiro (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)

"Meus pais foram muito importante para minha construção. Meu pai, sem uma educação formal, sempre me incentivou a estudar e apresentou reflexões sobre racismo. E isso foi fundamental, ele me salvou da alienação", lembra Djamila Ribeiro. A filósofa, feminista, escritora e acadêmica está em pré-venda com seu novo livro "Cartas para a minha avó” (Companhia das Letras; 200 págs.; R$ 34,90), no qual revisita sua infância e adolescência e traz um relato sensível sobre ancestralidade, feminismo e antirracismo na criação de filhos.

"A maior herança que meu pai me deixou foi que eu me engajasse e fosse politizada. Minha mãe foi figura central na minha incersão no candomblé, cuidou para que eu andasse de espinha ereta, arrumou meu cabelo para que eu gostasse dele", diz a irmã de três e filha do Seu Joaquim e Dona Erani.

São essas lembranças da vida pessoal que encontramos na mais recente obra de Djamila. Ela compartilha com seus leitores cartas a sua avó Antônia, conhecedora de ervas curativas e benzedeira muito requisitada. "Há muito tempo escrevo memórias em cadernos e senti que era necessário nesse momento da minha vida trazer isso", diz à Marie Claire. "Estou escrevendo para minha avó, que faleceu quando eu tinha 13 anos, e revisitar esse passado foi muito doloroso. Falo muito da minha mãe, que morreu quando eu tinha 20 e do meu pai, que o perdi aos 21. Foram muitas mortes sucessíveis, então conto para eles o que eu me tornei e para minha vó é um diálogo que nunca existiu, já que eu não conheci a Antônia mulher, não só a minha avó", conta.

Djamila Ribeiro  (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)

Djamila Ribeiro (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)

O lançamento de "Cartas para a minha avó” será em 1º de agosto, aniversário de Djamila. "Quis marcar essa data, acho que era hora de falar da minha trajetória e tinha dificuldade de colocar esse relato. Este é meu livro mais difícil, mas também o mais bonito", diz. 

Djamila apresenta aos familiares a mulher que ela se tornou. Uma memória recente, ficou de fora, mas foi celebrada por ela nas redes sociais: a intelectual foi a primeira pessoa brasileira a receber o Global Good Awards, do BET Awards, por mobilizar a produção intelectual pela equidade de gênero e raça e por disseminar conteúdos críticos produzidos por pessoas negras. "Me ver sendo homenageada no mesmo evento que Queen Latifah e tantas pessoas incríveis para a comunidade negra foi muito emocionante", disse. 

A filósofa foi reconhecida ainda por seu trabalho como coordenadora dos selos Sueli Carneiro e Feminismos Plurais, no qual publicou treze livros de autores negros. "É nosso dever aproveitar deste momento para estimular nosso poder coletivo a erradicar o racismo sistêmico, a violência e a injustiça", disse Monde Twala, Vice-Presidente Sênior e Gerente Geral da ViacomCBS África. Segundo Tiago Worcman, SVP e head de marcas jovens e de entretenimento para ViacomCBS Networks Americas, a marca se inspirou no grande apelo que Djamila tem com relação à ação por justiça e mudança social. "Nos orgulhamos em saber que ela torna o debate antirracista ainda mais acessível em suas diversas formas de conhecimento", disse Worcman.

Djamila Ribeiro  (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)

Djamila Ribeiro (Foto: Reprodução/Instagram por @helenawolfenson)