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Zendaya (Foto: Getty Images)

Zendaya (Foto: Getty Images)

O longa-metragem Malcolm & Marie, da Netflix, ainda nem estreou, mas já está dando o que falar. Estrelada por Zendaya, 24, e John David Washington, 36, a produção intensa e íntima, escrita e dirigida por Sam Levinson, prende o espectador nos longos diálogos de uma típica (ou nem tanto) discussão de relação de um casal. Conversamos com a atriz e com o diretor um pouco sobre a complexa personagem Marie.

A história do filme se passa em “tempo real” e retrata a montanha-russa emocional do desentendimento de um casal após uma festa. Gravado durante a pandemia, o longa conta somente com o par no elenco e é recheado de diálogos do início ao fim - assim como toda boa D.R., do tipo que vai noite adentro. 

John David Washington interpreta um escritor e diretor que volta para casa com sua namorada após a estreia do que ele espera que seja seu filme de grande sucesso. Zendaya interpreta a namorada, a quem ele esquece de agradecer durante seu discurso.

Zendaya e John David Washington em Malcolm & Marie (Foto: Divulgação )

Zendaya e John David Washington em Malcolm & Marie (Foto: Divulgação )

O drama, filmado em preto e branco, se desenrola a partir daí e, conforme a discussão avança, o casal revela inseguranças, não tem medo de jogar com as fraquezas do outro e mostra como eles realmente se sentem com relação ao outro. Tanto para o bem, quanto para o mal.

“O que acho interessante sobre a Marie, é que Sam a escreveu para mim. No sentido da mulher que estou me tornando e que ele viu crescer. E isso é empolgante. Em muitos sentidos, há muito de mim nela”, conta Zendaya.

A atriz diz que consegue se conectar com a personagem em diversos níveis, mesmo não usando, literalmente, um relacionamento tóxico como inspiração para interpretá-la. “Todos podemos nos identificar com a ideia de querer ser necessário. Querer ser amado, reconhecido e valorizado por suas contribuições em um relacionamento ou até no trabalho”, continua ela, que lembra que existem várias relações de dependência na vida de cada um, inclusive na dela.

Zendaya e John David Washington em Malcolm & Marie  (Foto: Divulgação )

Zendaya e John David Washington em Malcolm & Marie (Foto: Divulgação )

“Sinto uma relação codependente com meu trabalho. Quando estou distante do trabalho, fico ‘Quem sou eu?’. Preciso que meu trabalho me alimente para que eu me sinta eu mesma. Talvez coloque muito de mim nisso. Há muitos temas diferentes, que senti de forma pessoal, com os quais consigo me conectar até metaforicamente”, elabora.

Ela diz que, em muitos momentos, não concorda com Marie, assim como reprova algumas atitudes de Malcolm. "Não sei se eles deveriam ou não estar juntos. Porque parece que eles dependem um do outro e se alimentam disso", pondera. Para ela, a graça é justamente tentar criar uma relação de empatia com o público, que pode concordar e discordar de cada personagem a depender do diálogo e do momento da discussão.

No início do ano, a atriz disse em entrevista que recusou diversos papéis no ano anterior pela forma como boa parte das personagens femininas são escritas. Estas, muitas vezes, "vivem em função de ajudar o protagonista homem com algum objetivo", entende.

A parceria com o diretor Sam Levinson não é de agora. Os dois trabalham juntos na aclamada série da HBO Euphoria, que garantiu à atriz o feito de ser a mais jovem a receber um Emmy de Melhor Atriz em Série Dramática. Levinson nos deu o presente de ver Zendaya mostrando toda sua versatilidade e talento com as personagens Rue (Euphoria) e, agora, com Marie.

Ele explica que, ao criar seus personagens, pensa em si mesmo, nas experiências que soam reais para ele, o que se traduz nas telas com mulheres que possuem todo um universo dentro si para ser explorado. Força, vulnerabilidade, raiva, personalidade, lutas, fracassos e toda uma explosão de possibilidades (assim como na vida).

“Tento encontrar o que é verdadeiro sobre mim, o que é honesto para mim e os sentimentos que tenho. E os coloco em um personagem que pode não se parecer comigo, pode não ter o mesmo passado, raça, gênero ou identidade”, conta o diretor.

Para ele, o roteiro é apenas um dos muitos passos que são necessários para criar seus profundos e melancólicos personagens. “O processo de filmagem é uma arte única, com muitas pessoas envolvidas. Nessa colisão de identidades e perspectivas, se você permanecer humilde, consegue capturar algo universal, honesto. Gosto de encorajar uma atmosfera de questionamentos. De desafiar o material”, explica e completa: “Acho que, no fim, é de onde vêm as melhores ideias e onde você consegue chegar em algo mais profundo. Na verdade desses personagens.”

Confira o vídeo da entrevista abaixo: