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Alessandra Negrini (Foto: Alisson Louback )

Alessandra Negrini (Foto: Alisson Louback )

Alessandra Negrini acredita que 2021 será um ano de "colher frutos". Além de estrear no teatro o espetáculo A Árvore, o qual assina a produção ao lado de Gabriel Fontes, em 26 de fevereiro, no Teatro FAAP, em São Paulo e no seriado “Teen”, com a Fernanda Torres, na Globo, que retomará as gravações no segundo semestre, ao lado de Marcos Pigossi, ela protagoniza a série Cidade Invisível, disponível na Netflix a partir de 5 de fevereiro, primeiro trabalho live action dirigido pelo brasileiro indicado ao Oscar Carlos Saldanha - famoso por seus trabalhos com as franquias A Era do Gelo, Rio e pela animação O Touro Ferdinando.

“É uma superprodução", diz Alessandra. "Minha expectativa é que as pessoas se divirtam, fiquem engajadas e maratonem a série para que a gente possa fazer uma segunda temporada ainda melhor que a primeira”, comemora ela. Na produção, Pigossi interpreta um policial ambiental que perde a mulher, personagem de Julia Konrad, em um misterioso incêndio. Ele também encontrará um boto cor-de-rosa em uma praia no Rio, quando passará a viver entre a realidade e um mundo habitado por criaturas folclóricas. A princípio, pode não fazer sentido, no entanto, no decorrer da história, regada a muito suspense, tudo começa a se encaixar.

“Tenho orgulho de estar nesta série porque vamos levar para cento e tantos países a cultura brasileira. Estamos mostrando a nossa temática. Somos nós, falando de nós”, diz Alessandra. “O [Carlos] Saldanha já fez isso em Rio. Mas, nesse caso, é um live action. Antes, a gente contava com o cinema para levar a nossa cultura para os outros países. O nosso cinema sempre teve esse papel. E agora as séries podem fazer isso também. É um prazer de estar fazendo essa série no Brasil e ter esse alcance internacional e falando de Brasil. Isso me deixa muito feliz.”

Alessandra Negrini (Foto: Alisson Louback )

Alessandra Negrini (Foto: Alisson Louback )


A atriz revela que antes de viver a personagem Inês, passou por alguns laboratórios e contribuiu para a construção da protagonista. “Todo bom ator contribui. Se não, você não é um ator, é um robô. O ator é um criador também. A liberdade tem que estar presente em qualquer coisa que você faça navida. Se não, não tem nenhuma graça”, acredita Alessandra. “Fizemos vários laboratórios e trabalhamos principalmente a construção daquele universo do Carlos Saldanha, que é uma releitura do folclore brasileiro. As entidades, como nós chamamos, que são esses personagens fantásticos, não são do mau. São ambíguos, mas estão lá por um motivo nobre. Dá um medinho, mas, aos poucos, as pessoas vão perceber quem é a Inês e como ela é. A série toda é um drama policial e tem mistério mesmo. É para dar medo, para fazer o suspense. A gente está lá para criar um suspense. Todos os personagens”, diz ela.

Alessandra se orgulha em fazer parte do primeiro projeto de Saldanha fora do mundo da animação. “Foi muito bacana, primeiro, porque ele é uma pessoa maravilhosa. Parece que realmente mora nesse universo que ele cria da fantasia, dos seres e dos desenhos que ele inventa. A gente brincava que ele era o Saci de tão moleque! Saldanha ama essas personagens que ele criou e isso contagia. Todo mundo começa amar. É um grande prazer poder trabalhar com uma pessoa tão especial e iluminada como ele”, conclui.

Alessandra Negrini e elenco - Cidade Invisível (Foto: Alisson Louback )

Alessandra Negrini e elenco - Cidade Invisível (Foto: Alisson Louback )


Crescimento pessoal X Pandemia

Não é novidade que 2020 foi um ano difícil para o planeta, no entanto, Alessandra faz questão de ressaltar que também foi um período de “muito aprendizado” e de descobertas. A atriz conta que, neste período, conseguiu se conectar consigo mesma e passou a meditar com mais frequência, algo que não conseguia fazer antes com tanto afinco. “Eu já fazia, mas tinha parado e não levava tão a sério. Não dava continuidade. Com a quarentena, passei a meditar. Isso foi uma conquista muito bacana. Eu medito duas vezes por dia”, celebra.

Para a atriz, de 2020 ela carrega novos conhecimentos. “Tem sido um momento bem difícil, mas de muito aprendizado. Para mim, foi muito rico em termos de conhecimento. Temos de pensar o que estamos aprendendo com aquele desafio, sabe?  É assim que eu encaro, tem sido fértil, eu não jogaria fora esse ano. Foi difícil para todo mundo, para o planeta e para o Brasil, para as pessoas individualmente, mas um ano de muito aprendizado. Então, eu não jogaria isso fora”, conclui.

Transformação da cultura

A pandemia trouxe consequências devastadoras para a economia da cultura. Além de ser uma das primeiras a serem atingidas, uma vez que teatros, casas de espetáculos e estádios não pudem receber o público, o setor resistiu e acabou se transformando. O digital, por exemplo, nunca esteve tão em alta e passou a ser peça fundamental no período de isolamento. Apesar do futuro incerto, segundo Alessandra, o online veio para ficar de vez.

“A cultura vai se renovando e vai se adaptando. É de sua natureza. Encontramos essa forma agora, o online, que nunca mais vai deixar de ser usado como agora. Voltaremos a ter o presencial, mas o online permanecerá”, acredita Alessandra. “Estamos criando know how para isso. Sempre tem uma vantagem: antes, eu não tinha dinheiro para viajar com a peça que eu fiz Uísque e Vergonha, que apresentei somente em São Paulo. O pessoal do Rio não viu, o de Minas, também não, do Nordeste, do Sul... Agora, infelizmente a peça não é presencial, mas o Brasil inteiro pode assistir. Isso é muito legal, não é?”, questiona ela.

Teatro

Em 2020, a atriz viu seus planos de estrear uma peça no teatro mudarem com a pandemia. No entanto, ao contrário do que se podia esperar, ela não desistiu do projeto e acabou o transformando A Árvore em um “produto audiovisual”. A produção marca seu segundo trabalho como produtora – o primeiro foi em Uísque e Vergonha, de 2019.

“Brinco que é uma peça que nasceu filme. É um solo, mas tem a participação de um ator que veio para fazer uma cena. Foi gravada no ano passado, no período em que a pandemia deu uma amenizada", diz ela. "Tenho muito orgulho porque eu sou a produtora e também a idealizadora. É um trabalho muito pessoal, que não mostra só o meu lado atriz."

Carnaval

Alessandra é figura presente principalemente no Carnaval de São Paulo, cidade onde nasceu. A atriz não esconde o gosto pela festa e esbanja felicidade quando desfila em blocos como o Acadêmicos do Baixo Augusta, da capital paulista. No entanto, este ano será atípico por conta do cancelamento da festa. Adeterminação é uma medida para evitar aglomerações e faz parte do plano de enfrentamento à Covid-19. "Eu achei mais do que correto. Graças a Deus. Não tinha o que fazer. Imagina o Carnaval numa situação dessas?", questiona. "O momento é de preservar vidas. É triste não ter Carnaval é, mas a gente consegue se conter e esperar. Se for em julho, vai ser em julho. E vai ser do mesmo jeito, alegre e feliz. A gente espera um pouco. Não tem o que fazer", finalizou.