• Lu Angelo
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As diferenças do congelamento de óvulos (Foto: Think Stock)

As diferenças do congelamento de óvulos (Foto: Think Stock)

Com o passar dos anos a procura por congelamento de óvulos aumentou e, consequentemente, a técnica foi aprimorada. O ginecologista Rogerio Leão, especializado em reprodução da clínica IPGO e da UNICAMP, explica a evolução do método:

Congelamento lento
Apesar da primeira gravidez com oócito congelado ter ocorrido em 1986, no início, as taxas de gravidez eram baixas, ao redor de 1%. A justificativa para estes resultados desanimadores estava na técnica de congelamento inadequada para os oócitos. Se o congelamento lento prejudicava a qualidade dos embriões, isso era muito pior nos oócitos. O oócito é uma célula mais sensível que as demais, e carrega dentro de si uma quantidade maior de água quando comparada às outras. Quando se usava a técnica de congelamento lento, a mesma que era utilizada para o congelamento de embriões, formava-se no interior do oócito uma grande quantidade de cristais de gelo, os quais danificavam a estrutura da célula e causavam alterações cromossômicas que impediam ou dificultavam a fertilização da maioria dos oócitos, a divisão celular e a implantação dos embriões. Essa rotina de insucessos foi quebrada após as pesquisas da ginecologista italiana Eleonora Porcu de Bolonha (Itália), adicionando a substância 1,2-propaneoliol, que desidrata a célula antes do início do congelamento, diminuindo a chance de formação de cristais de gelo. Posteriormente, Kuwayama, em 2005, incrementou-a com o método de vitrificação, que ainda foi adaptado por G.D. Smith.

Congelamento por vitrificação
Os oócitos congelados ficam armazenados em um cilindro de nitrogênio líquido mantido a -196ºC, até que desejem utilizá-los. A técnica de congelamento hoje utilizada é a vitrificação. Nesta técnica, os oócitos são imersos em nitrogênio líquido a -196°C, após curto período de exposição a uma solução de volume muito reduzido com altas concentrações de crioprotetores, com intuito de evitar a formação de cristais de gelo intracelulares. Isso ocorre porque a alta osmolaridade da solução de vitrificação desidrata a célula rapidamente, e a submersão em nitrogênio líquido solidifica a célula tão rapidamente que a água intracelular restante não tem tempo de formar cristais de gelo. Sem a formação de cristais de gelo intracelulares, há uma redução substancial nos danos do congelamento causado à célula. Na técnica anteriormente usada (congelamento lento), como a velocidade da diminuição de temperatura era lenta (0,3ºC por minuto), formavam-se cristais de gelo, prejudicando muito a qualidade oocitária. Na vitrificação, esta diminuição é de 23ºC por minuto ou seja, 70 vezes mais rápido.

A taxa de sobrevivência dos óvulos é muito maior com a vitrificação (cerca de 90%) comparada ao congelamento lento (entre 60-70%). As taxas de fertilização, formação de embriões e gravidez também são muito maiores. Atualmente, as taxas com óvulos vitrificados são quase iguais a de óvulos frescos (pouco acima de 50%). Por tudo isso, é preconizado que se utilize sempre a vitrificação para congelamento de óvulos. Entretanto, esta técnica foi criada em 2005 e somente mais recentemente foi totalmente estabelecida. Pacientes que congelaram seus óvulos há muito tempo, pode ter utilizado o congelamento lento.