• Giulianna Campos
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Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

"Eu me expus com a intenção de confortar outras mães e mulheres que já passaram por isso. Que tentaram engravidar, mas não conseguiram. Para mim, foi muito libertador poder falar", desabafa a Marie Claire a atriz e modelo Carol Dias, pouco depois de contar em suas redes sociais que sofrera um aborto espontâneo. 

"Eu sou muito transparente, não sou uma pessoa que consegue guardar e esconder as coisas. Sabia que em algum momento falaria publicamente sobre isso, então por que não falar em um texto bem escrito, de uma forma que eu deixasse registrada a minha filha no meu Instagram, que é o lugar onde eu também compartilho outros momentos especiais da minha vida?", conta. Foram dois meses de recolhimento e reflexão desde que ela soube que a gravidez não seguiria adiante. 

Só então, já preparada para possíveis mensagens negativas, veio à público com a notícia a fim de ajudar outras mulheres e suscitar a formação de redes de apoio.

"Minha filha foi muito importante para mim, mesmo tendo tido passado tão pouco tempo juntas. Demorei um pouco para digerir isso e ver a maneira como iria compartilhar"

Carol Dias

O receio, conta, era de que pudesse ser mal interpretada ou julgada. Também por isso, pensou com cuidado sobre como iria dar a notícia. "Não quis dar muitos detalhes porque sinto que há muita comparação entre as pessoas, o tempo de gestação, o peso que eu estava, e tudo ali pode ser um gatilho para alguém." 

Segunda filha de seu relacionamento com Kaká, a menina se chamaria Sarah, nome que possui significado bíblico: "a filha do rei". Eles já são pais de Esther, de 1 ano. O ex-jogador é pai também de Luca e Isabella, filhos de Caroline Celico.

Pouco antes do casamento, Carol parou de usar contraceptivos, e logo após a cerimônia descobriu a primeira gravidez. "Por o Kaká ser 13 anos mais velho do que eu, ele já dizia que queria ter filhos comigo, e que não queria demorar tanto. Graças à Deus, a gente rapidamente conseguiu engravidar." 

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Carol Dias e Kaká são pais de Esther, de 1 ano (Foto: Acervo Pessoal)

"Durante a pandemia, se por um lado foi difícil ver a situação do país, por outro, foi muito gostoso porque o Kaká ficou bastante em casa. A gente teve muito tempo juntos", relembra. "Ficamos só eu e ele, eu cozinhava. Seguimos o isolamento à risca, então tínhamos muito tempo só nos dois, dispensamos todos os funcionários da casa."

Em outubro, Carol deu à luz Esther em um parto humanizado. "Nasceu a minha rainha, nossa princesa. Não tenho palavras para descrever esse amor. Deus é perfeito", escreveu ela.

Segunda gestação

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Durante a pandemia, Kaká e Carol Dias transformaram o necessário isolamento social em momento de conexão antes da primeira filha (Foto: Acervo Pessoal)

Foi em um exame de rotina que Carol descobriu que o coração da bebê havia parado de bater. O casal estava na casa deles de Orlando, mas Kaká havia voltado ao Brasil com os filhos mais velhos. "Eu tinha tido um sangramento muito pequeno, que também tive da primeira vez. Pensei em fazer um ultrassom só para me certificar de que estava tudo bem." 

Na hora, os últimos meses passaram como um filme pela sua cabeça. "Fui perguntar à médica o que eu tinha feito de errado. Pensava: 'Meu Deus, onde errei? Eu estava tomando todas as vitaminas, eu sou supersaudável, fazia tudo direito. Foi então que ela me explicou que, realmente, isso ocorre mais do que a gente imagina, e é comum fazer curetagem em pacientes com condições similares às minhas."

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Ao descobrir a gravidez, Carol imaginava a pequena com sua filha Esther: superamigas, parceiras, com uma diferença de idade pequena (Foto: Acervo Pessoal)

Naquele momento, não havia ninguém com ela, nenhum familiar próximo. "No exame mesmo, não me disseram nada, nos Estados Unidos isso é muito diferente do Brasil. Eles não falam absolutamente nada, passam a informação ao seu médico e é ele quem te liga com o diagnóstico", explica. Mesmo assim, tinha a sensação de que algo não ia bem. Aquela não era a sua primeira ultrassonografia nem a primeira gestação. 

"Eu não ouvi o barulho do coração batendo, o que me deixou bastante afoita. Vi um risco no monitor, e sabia que havia alguma coisa estranha, mas não queria acreditar. Fiz o exame às 4 horas da tarde. Somente às dez da noite a médica me ligou com a notícia", lembra.

Por telefone, a médica lhe explicou o que tinha acontecido. "Não foi por nada que eu fiz ou deixei de fazer, e isso é algo que me conforta muito." Ao seu lado, estavam amigos queridos que esperaram com ela até o dia seguinte, quando Kaká chegou às pressas.

"As médicas me falavam do horário em que ele ia chegar, até para que eu pudesse contar com o apoio dele ali. A princípio, não queria fazer a curetagem, queria que fosse tudo da forma mais natural, mas, por conta da placenta, tive de fazer", lembra.

"Quando a bebê saiu, não consegui olhar. Foi muito difícil. Preferi não ter essa imagem, porque é muito doloroso ter a sensação de ganhar um bebê e não levá-lo para a casa. É muito, muito dolorido."

Carol Dias

Foi uma sensação de pânico total, define Carol. "Como eu tive um parto natural e gostoso, eu senti a dor, mas havia a recompensa no final. A sensação é a mesma de um parto, dói como se fosse um parto, mas a criança não vai sair com vida", lembra. 

"Sou uma pessoa de muita fé, então pensava que, talvez, se eu fizesse uma oração, haveria esperança. Demorou para cair a ficha, e como estava sem o Kaká, não quis desabar naquele momento. Fiquei esperando o tempo todo ele voltar. Quando ele me abraçou, senti tudo com muita intensidade, toda aquela dor."

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Quando descobriu que estava grávida da Sarah, Carol já tinha esse nome em mente por seu significado bíblico (Foto: Acervo Pessoal)

Família

Desde que conheceu Kaká, Carol sempre teve o sonho de ter dois filhos. "Quando descobri que estava grávida da Sarah, eu já tinha esse nome em mente, escolhido, e achei que combinaria muito. Fiquei imaginando ela com a Esther, superamigas, parceiras, com uma diferença de idade pequena", relembra. 

Parte desse desejo vem também por conta da diferença de idade de 15 anos entre Carol e sua irmã, que distanciou o convívio entre as duas.

“Eu não tive muito essa parceria. Então pensei: nossa, vai ser muito bom para ela. Eu estava superanimada, comprando roupinha igual, em um esquema meio gêmeas. Comprei até carrinho igual”, conta.

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Apesar do medo por conta da experiência recente, Carol mantém o sonho de ter outros filhos (Foto: Acervo Pessoal)

Sarah também seria uma companhia para Esther, que hoje divide a atenção do pai com mais dois irmãos. Carol vê uma relação de carinho entre ela e os enteados.

“Elas são duas crianças muito especiais e tranquilas. Desde que eu cheguei na vida do Kaká, eles me receberam muito bem. Eu tenho uma relação muito boa com eles, que é mais de amiga do que de mãe, que obviamente nunca vou ser”.

Segundo a modelo, apesar da casa em Orlando, Kaká faz questão de dividir o ano entre Estados Unidos e São Paulo para estar perto das crianças e ele foi o pivô do bom relacionamento entre os filhos e a esposa.

"O Kaká soube lidar muito bem com a situação. Ele nunca me colocou como uma pessoa que pudesse atrapalhar a relação deles. Ele soube trabalhar a questão na cabeça deles, então eles gostaram de mim com mais facilidade."

Carol Dias

"É humano questionar sua fé e ficar triste ou indignada, desde que depois isso vire uma cicatriz do que você passou e te fortaleceu. Eu questionei, sim, minha fé, mas depois vi que eu não era diferente de ninguém e isso acontece com muitas pessoas. É natural da vida. Pessoas vão e vêm. Pessoas morrem", lembra.

Religiosa, Carol Dias assume que teve dificuldades para entender o caso como uma vontade de Deus, mas ressignificou sua fé.

"Se eu engravidar novamente, com certeza não vou colocar o mesmo nome. Ela foi uma vida. Eu acredito muito que a gente ainda vai se encontrar. Ela é única para mim, sabe? Eu nunca vou esquecer e serei grata por essa gestação"

Carol Dias


Além das orações, a modelo recorreu à família, amigos e à terapia durante o luto. “Nessa hora tudo é válido e bem-vindo. Perigoso mesmo é você se esconder e negar a sua dor. Hoje eu consigo lidar com a situação. Mas eu não aceito alguém dizer que eu vou ter outro filho que vai substituir a Sarah”.

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

Em conversa franca e exclusiva, Carol Dias fala sobre o casamento, maternidade e um aborto espontâneo que sofreu no início do ano (Foto: Acervo Pessoal)

O sonho do segundo filho ainda vive e apesar do medo, Carol não quer esperar muito para tentar novamente.

“Se eu ficar esperando muito tempo talvez eu desista, sabe? Porque a Esther começa a crescer e se você alimenta o medo ele fica maior. Porque existe o medo de acontecer de novo, mas não dá para alimentá-lo.”