• Redação Marie Claire
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Cristiana Junqueira é cofundadora do Nubank, a terceira maior companhia listada em bolsa de valores do país (Foto: Divulgação)

Cristiana Junqueira é cofundadora do Nubank, a terceira maior companhia listada em bolsa de valores do país (Foto: Divulgação)

"Aqui no Nubank a gente tem um objetivo ambicioso que é devolver o controle do próprio dinheiro para as pessoas e libertá-las da burocracia dos grandes bancos. Os consumidores estão inconformados de serem tão maltratados e cobrados de forma abusiva. Essa disrupção do setor é uma inspiração", afirmou Cristiana Junqueira em entrevista à Marie Claire em 2017.

Hoje, quatro anos depois, a sócia-fundadora do banco celebra uma conquista histórica graças a esta ambição: com a estreia na bolsa de Nova York na quinta-feira (9), o Nubank se tornou o banco mais valioso da América Latina. Com os papéis listados a US$ 9, o banco alcançou o valor de US$ 50 bilhões, cerca de R$ 278 bilhões de reais, e superou o Itaú, que até então ocupava essa posição. 

Com o respaldo de grandes investidores, como a Berkshire Hathaway, de Warren Buffett, a Tencent Holdings e a Sequoia, entre outros, o Nubank planeja usar os recursos para capital de giro, despesas operacionais e de capital e também para aquisições.

Graças ao resultado, a empresa se tornou a terceira maior companhia listada em bolsa de valores do país, atrás apenas da Petrobras e da Vale.

"Há quase 5 anos, quando aceitei o convite do meu sócio David Vélez pra construir, do zero, esse sonho grande que é o Nubank, tenho que confessar: eu não tinha ideia de onde estava me metendo. Por mais que acreditasse no potencial do negócio, e estivesse profundamente motivada a desafiar tudo que se sabia sobre serviços financeiros no Brasil, eu não podia imaginar as implicações que essa decisão traria para a minha vida pessoal", escreveu Cris Junqueira em coluna para a Marie Claire em 2018.

"Entendi que as pessoas não compram o que você faz, elas compram por quê você faz. E entendi que tenho um papel muito importante nesse por quê."

Cris Junqueira

Em uma carta publicada na quarta, Vélez relembrou os problemas que obteve para conseguir abrir uma conta no país e que motivou a fundação do Nubank. "No nosso caso, nunca nos conformamos em ser maltratados como consumidores. Eu mesma sempre fui daquelas que reclamam, que pedem pra falar com o supervisor, que exigem seus direitos e que não desistem até que o que é certo seja feito", já havia dito Cris em entrevista.

Como principal gestora da fintech, Cris trabalha para que as individualidades sejam respeitadas em seu time e estimula a diversidade. "Somente com perspectivas diferentes é que se chega a uma solução nova", afirmou à Marie Claire.

"Acredito na diferença que uma palavra de incentivo ou de confiança pode fazer no desempenho das mulheres no ambiente de trabalho."

Cris Junqueira

Em seus posicionamentos públicos, a empresária costuma enfatiza a importância de investir no crescimento pessoal e profissional das mulheres. "Desde que comecei a empreender, tive a honra e o privilégio de conhecer e me juntar a tantas mulheres incríveis que estão fazendo a diferença nos seus respectivos campos", disse.

E isso me deu a oportunidade de refletir sobre o quão longe ainda estamos de realmente alavancar o potencial de metade da nossa população", prossegiu, ressaltando que há muito ainda o que avançar em termos de assédio e discriminação de gênero.

"Cultive sua rede de contatos. No futuro, vai importar menos saber fazer alguma coisa e mais conhecer quem a faça bem."

Cris Junqueira

"Não é fácil ser a única mulher em reunião após reunião, e conseguir encontrar a sua voz. Ou ouvir que se você se comportar ou se vestir de outra forma, talvez você tenha uma chance. Ou ainda ter que explicar e convencer cada um dos críticos de plantão que você não está louca de fazer algo que é 'coisa de homem'. Ou qualquer uma das inúmeras situações desagradáveis e até perigosas que infelizmente ainda acontecem todos os dias. Todas nós passamos por isso vezes demais ao longo das nossas vidas", escreve.

"No Nubank, o mantra é 'Soul for learning' [viver para aprender]. Sempre apliquei isso. Quando sentia que parava de aprender em um trabalho, era hora de mudar."

Cris Junqueira

Mãe de uma menina, Cris Junqueira não se furta a se posicionar. Citando Martin Luther King, acredita que a maior tragédia não é a opressão dos maus, mas a omissão dos bons. "E muitas vezes, cientes dos riscos de assumir uma posição, às vezes até da certeza de uma retaliação, esquecemos do custo da nossa própria omissão."

"Assim, assumo aqui o risco de continuar fazendo desta minha vida de empreendedora uma jornada também pessoal. Confiante na minha lucidez para defender argumentos que estejam fundamentados em fatos e não apenas em ideologias e, apesar do julgamento adicional (e irracional) que sei que virá, decidi abraçar a minha responsabilidade, na esperança de que a minha voz reforce e se una a tantas outras que hoje lutam para um mundo mais inclusivo e justo para todas as mulheres", reflete.

"Com tantas crenças no que pode ser diferente, e entendendo o tamanho da minha responsabilidade em fazer o mundo um lugar melhor, não só pra minha filha, mas para todos nós, fica claro que não posso me abster."

Cris Junqueira