• Roberta Malta
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Roberta e Ben durante o treino (Foto: Arquivo pessoal)

Roberta e Ben durante o treino (Foto: Arquivo pessoal)

A primeira vez que ouvi falar em miha, sistema alemão de treino por eletroestimulação de músculos, foi em uma conversa com meu amigo e afilhado de casamento Bruno Chateaubriand. Estávamos ainda na primeira fase da pandemia, quando, durante uma videochamada, seu aparelho acusou que a bateria estava prestes a cair e ele precisou fazer um pequeno malabarismo para carregar o telefone e manter sua imagem na tela. Logo notei a tonicidade dos seus braços, que ressaltavam tríceps firmes e uma pele muito viçosa. “Você está conseguindo malhar no meio dessa loucura? Tem coragem de ir à academia?” Aquele corpo não conversava, afinal, com o momento de restrições e angústias que vivia ali seu auge. “Nada”, disse ele. E me mandou a mensagem explicativa: “Miha é uma técnica que promove contrações musculares involuntárias, por meio de impulsos elétricos. O treino, de alta intensidade e de corpo inteiro, se utiliza de exercícios funcionais usando o peso do corpo”, dizia o texto. O melhor: "leva 20 minutos e ativa mais de 300 músculos". Bruno completou: “Faço sozinho com o professor, em casa mesmo”. Meus olhos brilharam. Absolutamente isolada do mundo, sentia meu corpo cada vez mais frágil. Aquela parecia ser a solução para (parte de) meus problemas. Marquei uma sessão.

O primeiro desafio foi arranjar um lugar para testar o novo método. Acumuladora que sou, minha casa tem pouco espaço livre, meu prédio não tem salão de festas e visitar alguém estava fora de cogitação. “Você só precisa de um espacinho”, disse o professor. Garanti que não havia esse “espacinho” em meu apartamento entulhado de bibelôs que trazia na bagagem quando viajar era uma opção. Sem nunca ter entrado ali, ele afirmou com tanta segurança que eu estava enganada que marquei.  

O treinador apareceu então com um aparelho do tamanho de uma daquelas vitrolas portáteis típica dos anos de 1980 e tudo que eu precisava era um lugar para eu ficar de pé. Me vestiu então com um colete cheio de fios que conectou ao tal aparelho e ajustou a intensidade da corrente elétrica. Vinte minutos depois, eu tinha exercitado todos os grupos musculares do meu corpo e ainda suado o suficiente para liberar a gostosa adrenalina que só o exercício físico é capaz.

Nesse meio tempo, me mudei para o Rio e não consegui mais treinar. Mas a imagem do Bruno não me saía da cabeça, assim como a facilidade da experiência que havia tido.  Assim, quando finalmente me estabeleci na terra onde nasci, resolvi procurar a miha Brasil novamente.

Continuei meu treino com Ben Schaaf, personal trainer alemão que acaba de abrir um espaço supercharmoso dentro do Hotelinho, na Urca, dedicado principalmente a treinos de eletroestimulação. Durante um mês e meio, com duas aulas semanais de 20 minutos, vi meu corpo acordar de um sono profundo. Em pouco tempo, meus músculos apareceram, a pele ganhou novo tônus, minha disposição mudou e ainda me livrei da dorzinha na coluna típica dos que ficam horas à frente do computador. Com um esforço muito mais brando do que o normal, resultados rápidos e em tempo recorde. Agora, quem ouve “nossa, como esses músculos apareceram de uma hora para outra?” sou eu. Nem parece que fiquei quase dois anos sem treinar e que, há menos de dois meses, mal tinha energia para descer os dois lances de escada do meu prédio. Não largo nunca mais.