Congelamento de óvulos: tire suas dúvidas (Foto: Getty)

Congelamento de óvulos: tire suas dúvidas (Foto: Getty)

Quando falamos em gravidez, não há só as mulheres que querem e as que não querem ter filhos: há, ainda, as que não sabem, ou ainda estão decidindo. Para essas, o congelamento de óvulos surge como prática que garante autonomia na escolha da gestação, inclusive quando a produção de óvulos passa a ser reduzida.

Segundo o relatório do SisEmbrio (Sistema Nacional de Produção de Embriões), divulgado pela Anvisa este ano, em 2017 foram congelados 78,2 mil embriões no país, o que representa um aumento de 15% em relação ao ano anterior (66,6 mil embriões congelados). Esse crescimento acontece no momento em que muitas mulheres optam também por ter filhos mais tarde, conforme detalha o médico especialista em reprodução humana Matheus Roque. “Existe uma tendência mundial em que as mulheres estão adiando o momento para iniciarem a tentativa de engravidar. Isso faz com que as chances de gravidez diminuam e que aumente o número de pacientes inférteis. A única maneira de tentar evitar os danos que a idade causa sobre o potencial reprodutivo da mulher é preservação de fertilidade: o congelamento de óvulos ou embriões”, enfatiza o especialista.

Quem pode fazer?

O congelamento de óvulos é indicado para mulheres que desejam postergar a gestação ou ainda não definiram se terão uma no futuro. A idade ideal para isso acontecer é até 35 anos, apesar de não existir uma contraindicação sobre esse fator. Mesmo feito esse procedimento, há também a chance da mulher ter uma gravidez de forma natural. O grande benefício do congelamento é que, caso a gravidez natural não ocorra, os óvulos podem ser utilizados para uma reprodução assistida.

A questão é que, com o passar dos anos, o relógio biológico feminino diminui quantidade e qualidade dos óvulos. “Ainda mais importante que a diminuição da reserva ovariana talvez seja o fato de que há uma piora da qualidade oocitária, que também ocorre com o passar dos anos. A piora leva a uma menor chance de gravidez, maiores riscos de abortamentos, malformações e síndromes. Estas alterações passam a ser mais significativas após os 36 anos de idade”, salienta Matheus Roque.

Como é feito?

A paciente passa por um período de nove a dez dias de estimulação hormonal, na qual uma alta carga de hormônios que estimulam o amadurecimento de diversos óvulos. Dois dias após o último dia do estímulo, é realizada a captura dos óvulos guiada por uma ultrassonografia transvaginal, procedimento no qual uma agulha é introduzida do fundo vaginal até os ovários, onde os óvulos são aspirados. O procedimento requer anestesia, dura entre 15 e 20 minutos e é feito em clínicas de reprodução. Ele pode ter como efeito uma cólica moderada.

“Não há nenhum tipo de diferença entre a gravidez com óvulos frescos ou a gravidez com o óvulo congelado. Depois de descongelado, ele se torna igual ao óvulo encontrado no ovário em um ciclo natural ou durante um tratamento de fertilização in vitro - que é o procedimento no qual utilizamos os óvulos congelados para promover uma gestação no momento em que mulher optar pelo descongelamento”, finaliza o especialista.