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Gaby Amarantos fala sobre a liberdade sexual que vem ao praticar sexo seguro em semana de prevenção à gravidez (Foto: Reprodução )

Gaby Amarantos fala sobre a liberdade sexual que vem ao praticar sexo seguro em semana de prevenção à gravidez não planejada (Foto: Reprodução )

“Posso praticar sexo sem ter que me preocupar com uma gravidez não planejada, focando somente no meu prazer, na minha liberdade de escolha, se quero ou não transformar esse ato sexual em um caminho sério. Ter um filho é coisa séria”, declara Gaby Amarantos à Marie Claire sobre a relação com sexo - com a segurança de não engravidar. Dia 26 de setembro é o Dia Mundial da Contracepção, que visa educar meninas e mulheres sobre prevenção à gravidez. Mas, além disso, foca em decidir quando, como e com quem ter filhos como um ato de poder. Em evento virtual conduzido pela Bayer nesta quinta-feira (24), foi discutida a importância histórica da contracepção em diversas gerações de mulheres.

Em 2020, a pílula anticoncepcional completa 60 anos de existência e, de lá para cá, muita coisa mudou na vida das mulheres, inclusive as opções de contraceptivos disponíveis no mercado. Quando usados corretamente, os índices de falha são mínimos, mas, para que isso aconteça, disseminar informações sobre eles é de extrema importância. “Lembro da minha sogra contando que não tinha engravidado na lua de mel e chorou demais. Como isso foi na década de 1960, a relação que se tinha com a gravidez era essa: o foco principal da vida de uma mulher era ser mãe” relata a co-fundadora do Mamilos Podcast, Juliana Wallauer.

A conversa também contou com a ginecologista Dra. Ilza Monteiro, que explicou sobre os métodos disponíveis atualmente, como anel intravaginal, adesivo anticoncepcional, DIU de cobre, DIU hormonal e injeções mensais e trimestrais. E sobre o papel revolucionário da contracepção. Para Gaby, uma delas foi a descoberta do prazer durante o sexo. Ela conta que a informação é um refúgio para que mulheres se sintam donas dos seus corpos e possam se abrir sobre a sexualidade. “Liberdade sexual é conseguir falar do meu prazer com liberdade. Para mim, o orgasmo tinha que estar na Constituição porque a gente tem o direito de sentir prazer.”, diz.

Um estudo brasileiro publicado neste ano, na Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, de nome TANCO – Think about Needs in Contraception (Pensando nas Necessidades em Contracepção, em português), encomendado pela Bayer, mostrou que ainda há baixa adesão das mulheres aos métodos de longa ação, o que tem relação direta com a falta de informação sobre esse tipo de contraceptivo.

“Isso mostra uma falha de comunicação que precisa ser reparada para que as mulheres façam a melhor escolha de acordo com sua realidade, especialmente as jovens, pois é nessa faixa etária que os índices de gravidez não planejada são maiores”, destaca Dra. Ilza, uma das autoras do estudo.

As projeções do Fundo de População da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o impacto da pandemia da Covid-19 na saúde das mulheres ao redor do mundo também reforçam a importância dessa comunicação com o ginecologista para evitar a gravidez não planejada.

De acordo com a organização, o problema tende a ser ignorado num momento de crise e pode apresentar piora significativa. A estimativa é de aproximadamente 7 milhões de gestações não planejadas após a pandemia. “Mesmo que não seja possível visitar o ginecologista presencialmente, atualmente muitos realizam atendimento virtual, ao menos para uma conversa inicial, o que já ajuda o médico a entender o perfil da paciente e definir com ela a melhor forma de contracepção de acordo com a sua realidade”, explica a médica.

Prazer sem constrangimento

A necessidade de quebrar mitos sobre a sexualidade também vai ao encontro de praticar sexo com segurança. Além do uso de preservativo para prevenção das IST [Infecções Sexualmente Transmissíveis], saber que da relação não virá uma gravidez não planejada, aumenta o conforto e busca por prazer.

Gaby Amarantos em clipe musical de

Gaby Amarantos em clipe musical de "Xanalá", com Duda Beat (Foto: Reprodução: Instagram)

Um método contraceptivo, hormonal ou não, aliado ao preservativo é garantia de segurança. “Isso fez com que aprendesse sobre minha anatomia, os caminhos do meu prazer. Já usei comprimido, adesivo e estou com vontade de colocar o DIU para ver como é. Sempre uso preservativo também e, cada vez mais, meus brinquedinhos sexuais para saber mais sobre meu prazer. Falo sobre o assunto porque a gente tem que quebrar mitos e tabus que cercam nosso prazer”, conta Gaby.

Fiscais de barriga

A maternidade também é cheia de tabus. Na conversa, Juliana conta que engravidou usando anticoncepcional, pois não fez uso correto do adesivo - uma vez. Ela reforça que foi um filho muito festejado, mas não planejado. Por outro lado, a cobrança para casar e ser mãe ainda é uma constante na sociedade. “É o maior amor do mundo, mas, como mulher, é fundamental ter conquistado o direito de decidir sobre algo que tem tanto impacto na nossa vida, econômico, social e de segurança”, diz.

“Existe esse olhar que acha que a mulher feliz é aquela que tem um relacionamento, focado na heterossexualidade, e que a mulher é uma máquina de procriação. Diversas religiões perpetuam isso. Muitas não querem ter filhos e não merecem ser julgadas. Nossos corpos, nossas regras e as diretrizes das nossas vidas são decisões que só cabem a nós. Parem de ser fiscais de barriga, de maternidade, deixem a gente ser livre e ser feliz”, completa Gaby.

A cantora fala sobre a pressão de mulheres que caregam sozinhas a responsabilidade na hora da prevenção à gravidez e conta como foi a reação do ex quando descobriu que ela estava grávida do filho Davi, que hoje tem 11 anos. “É muito legal ter autonomia sobre o corpo, mas não podemos isentar os homens dessa responsabilidade. Falo isso porque tenho condições de criar meu filho, mas quando falei para o pai biológico do Davi que estava grávida, ele disse que não tinha nada a ver com isso e desapareceu. Isso foi muito cômodo para ele”, acrescenta.

Gaby reforça o tamanho da carga mental que muitas mulheres adquirem por assumir diversas responsabilidades sozinhas, desde a gravidez à criação dos filhos. “A gente fica nesse lugar de assumir tudo e tira a responsabilidade deles. ‘Ela dá conta, ela faz sozinha’. Isso sobrecarrega a mulher, mas a gente precisa mudar esse pensamento”, pondera.

A campanha Liberdade Vem de Dentro, da Bayer, tem como objetivo promover informação para prevenir a gravidez não planejada, além de relacionar o sexo seguro com a liberdade feminina em diversos âmbitos: sexual, econômico e social.