Um estudo publicado em junho no periódico European Sociological Review constatou que, entre casais heteroafetivos, homens relatam um menor estado de bem-estar social quando a parceira é a única fonte de renda da família. Para chegar a essa conclusão, foram analisadas respostas de mais de 42 mil pessoas de nove países a um questionário.
O bem-estar foi medido perguntando às pessoas o quanto elas estão satisfeitas com sua vida em uma escala de zero (extremamente insatisfeito) a dez (extremamente satisfeito). A maioria dos entrevistados indicou um valor que variava entre cinco e oito.
Porém, os autores notaram que o nível de satisfação com a vida entre os homens desempregados e, portanto, “bancados” pela esposa era de apenas 5,86. Já na situação em que o homem era a principal fonte de renda do casal, essa média subia para 7,16.
O desemprego entre os homens foi associado a insegurança, incerteza e solidão. Essa vulnerabilidade se dá porque eles são menos propensos do que as mulheres a recorrerem a redes de apoio, indicam os autores.
O fenômeno de isolamento também explica o porquê dos níveis de bem-estar serem mais baixos nos homens desempregados do que naqueles considerados “inativos”. Nesse grupo estão os homens que não procuram ativamente trabalho e tampouco atuam como os responsáveis pelas tarefas domésticas.
A pesquisa também mostra que o bem-estar dos homens é maior quando as mulheres estão desempregadas em vez deles. Por outro lado, o bem-estar é igualmente baixo para as mulheres quando um dos parceiros está desempregado.
A conclusão é que, enquanto homens e mulheres acham difícil o homem estar desempregado, apenas as mulheres parecem sofrer com o próprio desemprego. De acordo com a pesquisa, elas demonstram mais empatia pelo desemprego do parcendo, sofrendo junto com eles, mas os protegem de suas próprias angústias.
Em comparação com casais cujos “chefe da família” são homens, os casais de renda majoritariamente feminina têm rendimentos familiares mais baixos. As entrevistas revelam que essas pessoas são as mais propensas a achar "difícil" arcar com suas contas.
A equipe responsável pelo estudo sugere que fornecer financeiramente para a família continua sendo um dos estereótipos pilares da masculinidade e da "boa" paternidade. “Precisamos continuar desafiando a crença arraigada de que os homens devem ser o ganha-pão, para que eles não se sintam fracassados quando não conseguem atender a essa expectativa”, explica Helen Kowalewska, líder da pesquisa, em comunicado à imprensa. “Esperamos que nossos resultados possam estimular um debate tanto entre os casais quanto entre os formuladores de políticas”.
Segundo Kowalewska, mais precisa ser feito para quebrar a ligação entre o sustento da família e a masculinidade. Ela indica que isso pode incluir um maior estudo das normas de gênero no currículo escolar e campanhas e incentivos para conseguir que mais homens usem uma licença parental compartilhada, por exemplo.