Numa tentativa de ficar chapada, uma mulher de 37 anos foi ao extremo e esmagou uma aranha viúva-negra inteira e a injetou no seu corpo. O caso, que ocorreu na década de 1990, era pra ser apenas uma curtição, mas rendeu à moça sérios problemas, fazendo-a ficar alguns dias em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI).
O caso, relatado no periódico Annals of Emergency Medicine, em 1996, conta que a mulher já tinha um histórico de uso de heroína, e a injeção do inseto esmagado não foi uma tentativa de suicídio — ela afirmou que havia aplicado em si mesma com a intenção de ficar chapada. A mistura consistia na aranha viúva-negra inteira esmagada e 10 ml de água destilada.
A ideia não deu certo. A viúva-negra, apesar de ser uma aranha pequena que mede em torno de um centímetro, possui um veneno extremamente tóxico que ataca o sistema nervoso provocando dores musculares muito intensas, náuseas, dor de cabeça e alterações cardiorrespiratórias. A maioria dos adultos saudáveis sentirão alguma dor e mal estar, mas eventualmente se recuperarão. Os casos mais graves acabam sendo em crianças e pessoas sensíveis, podendo causar acidentes fatais.
A substância chega a ser 15 vezes mais potente que a de cobras cascavéis, contudo, o aracnídeo só pica caso se sinta ameaçado. No caso da mulher que injetou o veneno no corpo, o resultado não poderia ser outro. Uma hora depois da aplicação intravenosa, ela deu entrada no pronto-socorro.
As maiores queixas foram de fortes cólicas abdominais, cãibras nas pernas e costas, dores de cabeça e ansiedade. Após o exame, sua frequência cardíaca disparou para 188 batimentos por minuto e pressão arterial para 188/108 ml de mercúrio (mm Hg). Uma pressão arterial saudável é de cerca de 120/80 mm Hg.
Sua dor extrema foi tratada com morfina, mas logo ela começou a ter dificuldades respiratórias e, posteriormente, foi internada na UTI, necessitando de vários tratamentos para ajudá-la a respirar por alguns dias. Os médicos que a atenderam disseram que a dificuldade para respirar ocorreu devido a contração do músculo liso brônquico, responsável por controlar a entrada de ar inspirado no corpo, possivelmente provocada pelas grandes quantidades de veneno.
Os especialistas também acreditam que uma proteína presente no corpo da aranha pode ter desencadeado uma reação alérgica na mulher, uma provável anafilaxia, o que pode explicar alguns dos graves sintomas. Não se sabe se foi o veneno, mas pode ter desencadeado sua asma pré-existente, levando a uma dificuldade considerável para respirar.
Felizmente, o grave episódio teve um bom final, a mulher apresentou uma boa recuperação, saiu da UTI e estava com boa saúde quando realizou um check-up um mês depois.