O segredo para procrastinar menos? Ser mais otimista

Estudo feito no Japão com quase 300 jovens analisou o impacto que a arte de "deixar para depois" tem no bem-estar e estresse

Por Redação Galileu


Procrastinação Eugenio Hansen/Wikimedia Commons

Você é um procrastinador nato e já tentou de tudo para parar de evitar suas tarefas? Um estudo feito na Universidade de Tóquio, no Japão, sugere que essa mudança de hábito pode envolver ser mais otimista.

De acordo com o artigo, publicado na revista Scientific Reports, pessoas que têm uma visão mais positiva em relação ao futuro tendem a procrastinar menos.

A pesquisa entrevistou 296 jovens japoneses, com idade por volta dos 20 anos. O plano era investigar, do ponto de vista de potenciais procrastinadores, quão estressados eles se sentiam quando pensavam sobre o futuro.

O grupo de voluntários foi convidado a imaginar a si próprios em dois momentos: 10 anos no passado e 10 anos no futuro. E, então, deviam comparar os dois períodos temporais com a maneira como se sentiam no presente.

Quais foram os resultados

A partir das respostas de cada pessoa, pesquisadores tentaram traçar relações entre o aumento do estresse e a visão de futuro. Para alguns, pensar no futuro causava mais ansiedade e atrapalha sua sensação de bem estar. Já para outros, esse exercício não causava um impacto negativo tão grande. O que o estudo descobriu? Os procrastinadores mais severos costumam estar no primeiro grupo.

A ideia da pesquisa veio de uma aluna de graduação da Universidade de Tóquio – e procrastinadora assumida –. “Eu sofro com a procrastinação desde a infância”, conta em comunicado Saya Kashiwakura, estudante da Escola de Artes e Ciências. Ela assina o artigo em parceria com seu professor Kazuo Hiraki, da mesma universidade.

“Eu poderia facilmente limpar meu quarto para não estudar para uma prova ou treinar aikidô em vez de fazer meu trabalho de pesquisa. O hábito de priorizar tarefas importantes tem sido um desafio constante. Eu queria mudar meu comportamento, a partir do momento que eu descobri que não estava encarando o impacto futuro das minhas ações”.

Esse “desprezo pelo futuro” que aparece na fala de Kashiwakura costuma fazer parte também do discurso de procrastinadores. “Os resultados indicam que procrastinadores nutrem um desprezo pelo futuro maior do que quem não procrastina. Essa tendência é um dos motivadores centrais da procrastinação”, diz um trecho do artigo. Os dados mostram que o grupo que se sentia menos estressado ao pensar a longo prazo tinha uma porcentagem menor de procrastinadores crônicos.

Faz sentido: afinal, é mais difícil ser otimista e olhar para o futuro sem ficar ansioso se tudo o que você enxerga tem um peso negativo. Quem é um procrastinador de carteirinha tende a associar o porvir com o momento em que estará atolado com as responsabilidades que evitou até agora. E, portanto, ficará mais estressado, frustrado e com um sentimento de culpa maior.

Quem procrastina menos, por outro lado, costuma ter uma visão de futuro menos ansiosa. Afinal, para quem é mais planejado, aquilo que está por vir representa uma ameaça menor.

Moral da história? Procrastinar e adiar as coisas que você precisa fazer vai te deixar mais ansioso. Mas, quando pensamentos ansiosos chegarem, lembre-se do seguinte: você está pronto (e merece) sofrer menos no futuro. Vá lá e faça o que precisar ser feito!

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