O maior primata que já viveu foi extinto por causa das mudanças climáticas

Com 3 metros de altura, o Gigantopithecus blacki, que mantinha uma dieta vegetariana, viu seu habitat se tornar escasso em alimentos

Por Redação Galileu


Ilustração do maior primata que já existiu, o ''Gigantopithecus blacki', em floresta no sul da China Garcia/Joannes-Boyau/Southern Cross University

Publicada na revista Nature no último dia 10, uma pesquisa sugere que o maior primata que já existiu tenha sido extinto entre 295 mil e 215 mil anos atrás devido a mudanças climáticas. Parecido com os orangotangos atuais, os Gigantopithecus blacki viveram por cerca de 2 milhões de anos na região de Guangxi, no sul da China, até serem extintos no final do Pleistoceno médio.

Com 3 metros de altura e podendo pesar até 300 quilos, a espécie se alimentava de frutos e flores nas florestas tropicais, até que o ambiente em que viviam começou a mudar. "É um animal enorme – muito, muito grande", disse Renaud Joannes-Boyau, pesquisador da Southern Cross University da Austrália, em comunicado. "Quando a comida começa a ficar escassa, ele fica tão grande que não consegue subir em árvores para explorar novas fontes de alimento."

Não há nenhum esqueleto completo dessa espécie em seu arquivo fóssil, mas os pesquisadores analisaram fósseis de dentes, ossos da mandíbula inferior e amostras de pólen e sedimentos de cavernas em Guangxi para entender como as florestas passaram a produzir menos frutas por volta de 600 mil anos atrás, quando ocorreram mais períodos de secas.

Há 2,3 milhões de anos, o ambiente que esses primatas habitavam era um "mosaico de florestas e gramíneas". Segundo a pesquisa, durante a janela de extinção do G. blacki, o aumento da sazonalidade levou ao aumento da variabilidade ambiental, o que causou uma mudança da comunidade vegetal e o crescimento de ambientes de floresta aberta.

Cascas de árvores, juncos, flores e outros alimentos não-nutritivos tornaram-se os alimentos dessa espécie que, diferente de outros primatas menores, não conseguia escalar árvores em busca de comida.

"Embora seu parente próximo, o Pongo weidenreichi, tenha conseguido adaptar suas preferências alimentares e seu comportamento a essa variabilidade, o G. blacki apresentou sinais de estresse crônico e populações em declínio", escrevem os cientistas.

Registros fósseis mostram que, entre cerca de 2 milhões e 22 milhões de anos atrás, dezenas de espécies de grandes primatas habitavam a África, a Europa e a Ásia. Atualmente, restam apenas gorilas, chimpanzés, bonobos, orangotangos e humanos.

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