Carta escrita por jovem babilônico para a mãe há 3,8 mil anos viraliza; leia

Documento do período do reinado de Hamurabi, que está exposto no Museu do Louvre, na França, mostra como o comportamento humano se manteve parecido através dos tempos

Por Redação Galileu


Carta do rei babilônico Hamurabi ao pai de Iddin-Sin, Shamash-hazir Wikimedia Commons

Uma carta de um estudante da Babilônia, endereçada à mãe dele por volta de 1792 a 1750 a.C. (período do reinado de Hamurabi), viralizou no perfil do Tik Tok do criador de conteúdo educativo Michael R. McBride, onde acumulou mais de 4 mil curtidas e 43 mil visualizações.

O documento divulgado pelo site ILFScience nesta quinta-feira (7) foi escrito pelo jovem Iddin-Sin para sua mãe Zinû e contém uma reclamação típica de adolescente, que poderia ter sido feita até nos dias de hoje: em um "dilema fashion", o garoto se queixa de suas roupas e pede por novas.

No TikTok, McBride destaca um trecho da carta ironizando sua importância. "Relaxa, é só uma carta de um estudante de escola para sua mãe na Antiga Mesopotâmia", diz a legenda do próprio vídeo, em seguida acompanhada de uma música teatral.

Segundo tradução fornecida pela Faculdade de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de Londres, na Inglaterra, o texto original tem um início cuidadoso, com o estudante falando com a mãe de modo educado.

“Diga à senhora Zinû: Iddin-Sin envia a seguinte mensagem”, diz a carta. "Que os deuses Šamaš, Marduk e Ilabrat mantenham você para sempre com boa saúde por minha causa".

Após deixar as formalidades de lado, o adolescente começa suas reclamações. “As roupas dos cavalheiros melhoram a cada ano; você reduz minhas roupas de ano para ano”, ele diz. “Você ficou rica reduzindo e reduzindo minha roupa?", alfineta. "Enquanto a lã é consumida como pão em nossa casa, você reduziu minhas roupas”.

Em seguida, o jovem compara a situação dele com a de um colega. “O filho de Adad-iddinam, cujo pai é funcionário do meu pai, está usando duas roupas novas. Você continua se preocupando com minha única peça de roupa”, argumenta Iddin-Sin.

Por fim, o adolescente finaliza sua reclamação de modo dramático. “Enquanto você me deu à luz, a mãe dele o adotou. E embora a mãe dele o ame, você não me ama”, afirma.

A carta de Iddin-Sin para sua mãe, Zinu — Foto: Wikimedia Commons

Diante dessa queixa espirituosa do jovem estudante, McBride observou em um comentário em seu vídeo no TikTok: “Nós não mudamos como pensamos que havíamos mudado”.

A carta de Iddin-Sin para Zinû é conhecida por sua designação técnica TCL 18 111. De acordo com a biblioteca digital Cuneiform Digital Library Initiative, o texto pertence a uma tábua de cartas escavada em Larsa e agora mantida no Museu do Louvre, em Paris, na França.

Na época em que o jovem viveu, era costume que filhos de funcionários públicos e garotos que queriam se tornar padres ou escribas frequentassem internatos para estudar escrita cuneiforme e literatura. Não se sabe se Iddin-Sin estava morando longe de casa, mas supõe-se que sim.

Também não está claro se o próprio jovem escreveu a carta ou a citou a um escriba. Mas é evidente que o adolescente estava decepcionado com a qualidade das roupas que sua mãe teceu para ele e queria fazê-la mandar vestimentas novas.

Mais recente Próxima Pegadas antigas sugerem que humanos já usavam sapatos há 148 mil anos

Leia mais