• Vanessa Centamori
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Jovens protestam na Greve Global Pelo Clima em São Paulo  (Foto: Vanessa Centamori)

Jovens protestam na Greve Global Pelo Clima em São Paulo (Foto: Vanessa Centamori)

Nesta sexta-feira (20 de setembro), pessoas de todo o mundo começaram uma onda mundial de protestos contra as mudanças climáticas que deve ocorrer até o dia 27 de setembro. No Brasil, as manifestações envolveram 20 estados, sob a organização da Coalizão pelo Clima, frente da qual fazem parte 70 coletivos, organizações ambientais, movimentos sociais e centrais sindicais.

Em São Paulo, o protesto mobilizou centenas de pessoas e partiu do vão do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP), tomando a Avenida Paulista.Tudo começou com crianças de escolas públicas que pintavam as suas próprias placas — havia palavras em tinta, mas também muitos desenhos que representavam as queimadas na Amazônia.

Desenhos feitos por crianças para a manifestação  (Foto: Vanessa Centamori)

Desenhos feitos por crianças para a manifestação (Foto: Vanessa Centamori)

À GALILEU, Juliana de Freitas, da Coliazão Clima SP, conta que em São Paulo foi desenvolvida uma programação que partiu de ideias coletivas entre as organizações. “Tivemos uma aula pública e trouxemos diversos professores e ativistas para falar um pouco mais da questão climática e o que devemos fazer [sobre o tema]”, ela explicou.

Aos poucos foram chegando cada vez mais pessoas, principalmente jovens.  Em um protesto silencioso, integrantes do Centro Acadêmico da Biologia da Universidade de São Paulo (USP) ergueram cartazes representando o que seria o “Cemitério das Espécies” de animais que já foram extintos e que estão ameaçados de desaparecer em todo o planeta.   

"Cemitério das Espécies" critica a morte de espécies ao redor do planeta (Foto: Vanessa Centamori)

Os jovens e as crianças inauguraram as falas; aos adultos, só foi concedido o microfone posteriormente. Quando os manifestantes começaram a sair do MASP, foi inclusive os mais jovens que lideraram o momento de ocupação da avenida Paulista. 

Entre as dezenas de coletivos e ONGs, presentes estava o Greenpeace.  Fabiana Alves, especialista da campanha de Clima e Energia da organização, conta à GALILEU, que o protesto ocorre, não por acaso, antes da Cúpula do Clima —  marcada para o dia 23 de setembro, evento no qual vão discursar 63 países.

Crianças protestam antes da saída dos manifestantes  (Foto: Vanessa Centamori)

Crianças protestam antes da saída dos manifestantes (Foto: Vanessa Centamori)

“Essa é a oportunidade da população pressionar o governo para que ele tenha mais ambições na agenda do clima”, disse Alves, que também explicou que há outras formas de se envolver com a causa ambiental como "comer menos carne, fazer uso do transporte público e plantar uma árvore”.

“A ideia aqui é alertar a população, tanto políticos, quanto civis, que está acontecendo realmente uma crise climática, não é fake news”, disse Alexia Alves, estudante de engenharia ambiental na Faculdade das Américas (FAM), que estava protestando pela Fridays For Future no vão do MASP.

Greve Global Pelo Clima em São Paulo  (Foto: Vanessa Centamori)

Greve Global Pelo Clima em São Paulo (Foto: Vanessa Centamori)

Em outros estados brasileiros, como no Rio de Janeiro, o Museu do Amanhã manifestou apoio à Greve Global Pelo Clima e preparou atividades educativas. Na entrada do local, funcionários e público estenderam uma faixa com a frase “O Amanhã pelo Clima”.

A previsão é que, até o dia 27, a Greve Global Pelo Clima envolva 3,5 mil manifestações em 117 países; 800 protestos vão ocorrer apenas nos Estados Unidos. A primeira manifestação global pelo clima ocorreu no dia 15 de março deste ano.

Entenda o contexto das manifestações
O movimento Fridays For Future (do inglês, “sextas-feiras pelo futuro”) foi o que originou os protestos: a ação foi criada pela ativista sueca Greta Thunberg, que, aos 16 anos de idade, começou a faltar às aulas uma vez por semana em agosto do ano passado para  sentar em uma praça em frente ao Parlamento da Suécia, em Estocolmo.

Para participar da Cúpula sobre a Ação Climática, que ocorrerá no dia 23 de setembro, Thunberg chegou a Nova York em 28 de agosto, depois de cruzar o Oceano Atlântico a bordo de um barco que não emite carbono.

A ativista sueca de 16 anos Greta Thunberg (Foto: Anders Hellberg)

A ativista sueca de 16 anos Greta Thunberg (Foto: Anders Hellberg)

Segundo o que alertou o Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC) só temos até 2030 para frear o aquecimento global. Isto é, agora restam apenas 11 anos de prazo para que o mundo faça mudanças drásticas para limitar em 1,5º C o aumento da temperatura global.

Para atingir a meta até 2030, as emissões globais de CO2 precisam diminuir 45% em relação aos níveis de 2010, alcançado “zero” em torno de 2050,  ou haverá drásticas consequências para a saúde e o bem-estar da humanidade.

Se cumprirmos o objetivo de diminuir as emissões e o aquecimento do planeta for mantido abaixo de 1,5º C, a elevação do nível do mar seria dez centímetros menor, em comparação com 2ºC. Só para ter ideia, 10 milhões de pessoas deixariam de ser deslocadas por causa de 0,5ºC de diferença.

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