Cultura

Por Marília Marasciulo


Hilda Hilst em 1970 (Foto: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons) — Foto: Galileu
Hilda Hilst em 1970 (Foto: Arquivo Nacional/Wikimedia Commons) — Foto: Galileu


Nunca antes na história deste país se falou tanto em Hilda Hilst (1930-2004), autora paulista que chegou a ser homenageada na edição de 2018 da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip).

Mas esse destaque é só a coroação, digamos assim, de um processo de reconhecimento que começou a partir dos anos 2000. Um levantamento feito por Cristiano Diniz, disponível no livro Fortuna Crítica de Hilda Hilst (IEL/Unicamp), mostra que, até 2001, as referências acadêmicas ao trabalho de Hilst não passavam de duas por ano. A partir de 2002, porém, o cenário mudou e, de 2008 para cá, foram produzidas uma média de 14 teses por ano sobre a autora.

Por que levou tanto tempo? E o que você precisa saber sobre a escritora? Preparamos uma lista com o essencial sobre sua vida e obra:

1 - Era formada em Direito, mas escolheu ser poetisa, cronista, ficcionista e dramaturga
Hilst nasceu em Jaú, em 1930, e morreu em Campinas, em fevereiro de 2004. Formada em Direito pela Universidade de São Paulo (USP), decidiu se dedicar à literatura após uma temporada na Europa, em que passou pela Grécia, Itália e França. Estreou aos 20 anos, com Presságio, um livro de poesia.

2 - Criou seu refúgio, a lendária Casa do Sol
Aos 35 anos, ela passou a morar numa chácara em Campinas, a Casa do Sol, planejada com cuidado pela autora para ser um espaço de inspiração e criação artística. Cercada por cachorros, morou lá até o fim de sua vida e não parou de produzir. Além disso, recebia pessoas para períodos de residência artística — entre elas, os escritores Bruno Tolentino e Caio Fernando Abreu.

Hilda Hilst na Casa do Sol em 1998 (Foto: Yuri Vieira/Wikimedia Commons) — Foto: Galileu
Hilda Hilst na Casa do Sol em 1998 (Foto: Yuri Vieira/Wikimedia Commons) — Foto: Galileu

3 - Não foi devidamente reconhecida enquanto viva
Pois é. Se hoje ela é considerada uma das maiores escritoras brasileiras, com toda sua obra publicada pela Companhia das Letras (prosa completa, dois volumes), Nova Fronteira (crônicas) e L&PM (teatro), quando viva não foi bem assim. A ponto de, nos anos 1990, ela anunciar que largaria a literatura séria, pois estava “irritada com o parco alcance de sua escrita”.

4 - Talvez pelo folclore que girava em torno dela...
No posfácio da coletânea Da Poesia (Companhia das Letras), o escritor Victor Heringer afirma que a imagem de uma mulher “meio louca, eremita, arredia, indomesticável” que se criou em volta de Hilda diz mais sobre quem tenta rotulá-la do que sobre ela mesma.

5 - Mas isso não foi motivo para ela parar
Muito pelo contrário. Hilst deu início à polêmica “fase pornográfica”, com a famosa tetralogia obscena, que inclui O Caderno Rosa de Lori Lamby (1990), uma das suas obras mais conhecidas.

6 - Era fascinada pelo ocultismo
A autora passou alguns anos com gravadores ligados em casa na esperança de captar vozes do além. “É que as pessoas aqui têm muito medo da morte e preciso tranquilizá-las”, diz ela, em uma das fitas. A história virou um filme, Hilda Hilst Pede Contato, da diretora Gabriela Greeb, que teve pré-estreia na na Flip.

7 - Instituto administra seu legado
Depois da morte da autora, seu amigo Mora Fuentes liderou a criação do Instituto Hilda Hilst, hoje comandado por Daniel Fuentes e sua mãe, Olga Bilenky. Ele fica na Casa do Sol e tem como missão principal divulgar a obra de Hilst — são mais de 20 volumes de poesia, dez ficções e oito peças de teatro, que têm servido de inspiração para outras dezenas de obras.

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