Ciência

Por Redação Galileu

De modo inusitado, sementes de chia germinadas em laboratório confirmaram experimentalmente, pela primeira vez, um modelo matemático proposto pelo cientista da computação e polímata Alan Turing há 71 anos.

O experimento com as sementes foi realizado durante o estágio de verão de Brendan D'Aquino, estudante de ciência da computação na Universidade Northeastern em Boston, nos Estados Unidos.

O aluno trabalhou com Flavio Fenton, professor de física na Faculdade de Engenharia do Instituto de Tecnologia da Geórgia (Georgia Tech,) para testar a teoria de Turing. As descobertas foram apresentadas em 7 de março durante reunião da American Physical Society, em Las Vegas.

Alan Turing, conhecido por descriptografar mensagens alemãs na Segunda Guerra Mundial, propôs em 1952 que dois produtos químicos movendo-se e reagindo entre si de um modo matematicamente previsível poderiam explicar formas e padrões na natureza.

Esses “padrões de Turing" podem surgir, por exemplo, na vegetação do deserto, em manchas de leopardo e nas listras de zebra. O britânico apresentou equações de como interações simples entre fatores concorrentes podem levar a tais formatos complexos.

Para testarem o modelo do matemático, D'Aquino e Fenton distribuíram sementes de chia uniformemente em oito bandejas separadas usando diferentes métodos de plantio e as regaram diariamente.

As sementes foram cultivadas em quatro substratos com diferentes níveis de difusão, irrigação diária e evaporação. “Variamos a quantidade de água que cada bandeja recebeu e os níveis de evaporação de cada bandeja, cobrindo metade delas com filme plástico e deixando o restante aberto”, descreve D'Aquino ao site Live Science.

Experimentos mostrando como as sementes de chia (linha superior) adotam o padrão Turing com base no consumo de água em comparação com simulações computadorizadas (linha inferior) — Foto: Brendan D'Aquino e Flavio Fenton
Experimentos mostrando como as sementes de chia (linha superior) adotam o padrão Turing com base no consumo de água em comparação com simulações computadorizadas (linha inferior) — Foto: Brendan D'Aquino e Flavio Fenton

Entre os tipos de substrato, estava uma fibra de coco grossa, que “representa baixa difusividade, pois é mais difícil para a água se movimentar”, explica o pesquisador, e ainda toalhas de papel, “onde a água pode se difundir mais rapidamente”.

Uma semana depois, os cientistas começaram a ver padrões semelhantes aos encontrados em ambientes naturais, como em campos de vegetação ou impressos em pelos de animal. A quantidade de água e evaporação afetavam a criação dos padrões e o quão evidentes eles pareciam.

Os pesquisadores, que ainda planejam escrever um artigo científico sobre as descobertas, perceberam que suas observações eram similares a simulações de computador que criaram usando o modelo de Turing, mas com vegetação. "Se você tiver pouca água, não terá vegetação, mas se tiver muito, terá uma floresta”, observou D'Aquino. "Ver isso acontecer fisicamente é muito legal".

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