Ciência

Por Redação Galileu

Uma equipe internacional de cientistas publicou na revista Current Biology um estudo focado no sequenciamento genético de mechas de cabelo do compositor clássico Ludwig van Beethoven. A pesquisa tinha como objetivo avaliar os problemas de saúde apresentados desde jovem pelo musicista, que marcaram seu trabalho e, eventualmente, o levaram à morte.

Beethoven nasceu em 17 de dezembro de 1770, na Alemanha. Com horas de treinamento no piano junto ao pai, ele já dominava o instrumento quando criança. Próximo dos 30 anos, começou a apresentar dificuldade para escutar, sintoma que foi se agravando até 1818, quando foi diagnosticado com surdez funcional. Apesar disso, ele continuou produzindo músicas até morrer, em 26 de março de 1827.

A partir do genoma extraído de cinco mechas de cabelo do artista, os pesquisadores chegaram à conclusão de que, diferentemente do que se imaginava por outros estudos, Beethoven não foi morto por envenenamento por chumbo. Segundo os autores, o falecimento teria sido resultado de um quadro de hepatite B agravado pelo consumo de álcool.

“Descobrimos uma série de fatores de risco genéticos significativos para doenças hepáticas. Também encontramos evidências de uma infecção pelo vírus da hepatite B nos meses anteriores à doença final do compositor”, relata o autor Johannes Krause, em comunicado.

Para a realização da pesquisa, a equipe precisou realizar testes de autenticação em oito amostras de cabelo adquiridas de coleções públicas e privadas no Reino Unido, na Europa continental e nos Estados Unidos; dessas, identificou-se que duas delas não pertenciam a mesma pessoa — Foto: Divulgação/Ira F. Brilliant Center for Beethoven Studies, San Jose State University
Para a realização da pesquisa, a equipe precisou realizar testes de autenticação em oito amostras de cabelo adquiridas de coleções públicas e privadas no Reino Unido, na Europa continental e nos Estados Unidos; dessas, identificou-se que duas delas não pertenciam a mesma pessoa — Foto: Divulgação/Ira F. Brilliant Center for Beethoven Studies, San Jose State University

Segundo Tristan Begg, idealizador do trabalho, é possível inferir dos "livros de conversação" de Beethoven que seu consumo de álcool era muito regular, embora seja difícil estimar os volumes consumidos. "Se o consumo pesado durou um período de tempo suficientemente longo, a interação com seus fatores de risco genéticos apresenta uma possível explicação para sua cirrose”, comenta Begg, em nota.

Em relação à surdez ou aos problemas gastrointestinais de Beethoven, os pesquisadores afirmam que não foi encontrada uma causa definitiva. Mas destacam que é possível que, em reavaliações no futuro, o material revele indícios dos agentes responsáveis pela saúde degradada do músico.

Caso extraconjugal

Além do quadro hepático, os pesquisadores descobriram que o cromossomo Y de Beethoven não corresponde ao de nenhuma das cinco pessoas que eram consideradas como seus descendentes modernos.

Apesar de realmente compartilharem sobrenome e registros genealógicos, a análise do DNA indica que, ao longo das gerações, houve um evento extraconjugal que as separam do compositor. “A descoberta sugere paternidade extrapar [fora do casamento] na linha paterna entre a concepção de Hendrik van Beethoven, em Kampenhout, na Bélgica, em c.1572, e a concepção de Ludwig van Beethoven, sete gerações depois, em 1770, em Bonn, Alemanha”, explica Begg.

Constatou-se que o DNA é geneticamente mais semelhante ao das pessoas que vivem na atual Renânia do Norte-Vestfália, consistente com a ascendência alemã conhecida de Beethoven. Dessa forma, a expectativa é que os próximos estudos foquem nesses parentes mais próximos para esclarecer a relação biológica do artista com a família Beethoven moderna.

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