Nesta quarta-feira (31), a Nasa realizou a primeira reunião pública de sua equipe de estudo independente para discutir a categorização e avaliação de fenômenos anômalos não identificados (UAP) — mais popularmente conhecidos como objetos voadores não identificados (Óvnis).
A reunião representa as "deliberações finais" do grupo de 16 especialistas antes deles divulgarem nas próximas semanas um relatório detalhando descobertas de uma investigação de nove meses sobre UAPs.
A Nasa define UAPs como “observações de eventos no céu que não podem ser identificados como aeronaves ou fenômenos naturais conhecidos de uma perspectiva científica”.
David Spergel, astrofísico e presidente do grupo, abriu o encontro dizendo que o estudo destacou a necessidade de mais dados de alta qualidade sobre UAPs do governo e do setor comercial.
O grupo de pesquisa, formado em outubro de 2022, foi encarregado de dar à Nasa “orientação para fornecer um roteiro de como ela pode contribuir nessa área”, não para explicar eventos passados, observou Spergel.
"Os esforços atuais de coleta de dados sobre UAPs são assistemáticos e fragmentados em várias agências, muitas vezes usando instrumentos não calibrados para coleta de dados científicos", criticou o astrofísico. "Para entender melhor os UAPs, são necessárias coleta de dados direcionada, curadoria completa de dados e análises robustas”.
Falta de dados dificulta conclusões
Durante o encontro, o diretor do Escritório de Resolução de Anomalias de Todos os Domínios (AARO), Sean Kirkpatrick, informou que houve mais de 800 avistamentos relatados. No entanto, ele diz que a porcentagem de casos que incluem sinais de que eles podem ser "anômalos" é de apenas entre 2% a 5%.
"Recebemos cerca de 50 a 100 novos registros por mês e a razão pela qual tivemos um grande salto recentemente é porque finalmente obtive os dados da Administração Federal de Aviação (FAA) emigrados, então acabamos com cerca de 100 novos casos estranhos", explica ele.
Kirkpatrick conta que a maioria dos relatórios de UAPs demonstrou "características mundanas de fontes facilmente explicáveis". Contudo, a AARO não pode chegar a "conclusões defensáveis" que atendam aos seus "altos padrões científicos de resolução" sem dados suficientes.
Ele acrescentou ainda que os poucos objetos que "demonstram características potencialmente anômalas" estão sendo abordados com alto nível de objetividade. Seu comentário foi de encontro com as observações de Spergel, sobre a necessidade de mais dados de qualidade.
O presidente do painel abordou ainda o estigma em torno de relatar esses eventos misteriosos. Um exemplo disso é que alguns pilotos relutam em relatar tais anomalias, resultando em possíveis subnotificações.
O vice-administrador adjunto assistente da Nasa para pesquisa, Daniel Evans, disse que alguns membros do painel foram inclusive alvo de abuso online devido à participação no estudo, e considerou isso inaceitável.
“A presença de UAPs levanta preocupações sobre a segurança de nossos céus, e é obrigação desta nação determinar se esses fenômenos representam algum risco potencial para a segurança do espaço aéreo”, ele ressaltou, acrescentando que conversas como essa são o "primeiro passo para reduzir o estigma em torno dos relatórios de UAPs".