Biologia

Por Redação Galileu

Cientistas testaram se dois golfinhos-nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus) conseguiam achar um peixe enterrado no fundo do mar arenoso e constataram algo surpreendente: os animais são capazes de detectar campos elétricos.

A descoberta extraordinária foi registrada online ontem (30) no periódico Journal of Experimental Biology. O achado partiu primeiro de uma suspeita sobre as "covinhas" dos golfinhos-nariz-de-garrafa, que surgem após caírem os bigodes dos focinhos dos filhotes.

Os bebês da espécie nascem com duas fileiras finas desses bigodes ao longo de seus focinhos semelhantes a bicos, que são parecidos com os bigodes sensíveis ao toque observados nas focas. Quando esses bigodes caem, surgem as "covinhas", que Tim Hüttner e Guido Dehnhardt, da Universidade de Rostock, Alemanha, observaram estar ligadas à percepção de campos elétricos fracos.

Ao examinar de perto as "covinhas", os cientistas notaram que elas são parecidas com as estruturas que permitem aos tubarões detectar os campos elétricos. Os golfinhos em cativeiro curiosamente podiam sentir esses campos na água. "Foi algo muito impressionante de se ver", diz Dehnhardt, em comunicado.

Dehnhardt e Hüttner se juntaram a Lorenzo von Fersen, do Zoológico de Nurembergue, e Lars Miersch, da Universidade de Rostock, para testar a sensibilidade dos golfinhos Donna e Dolly enquanto os animais buscavam por um peixe enterrado.

Primeiro, os dois mamíferos foram treinados para descansar a mandíbula em uma barra de metal submersa. Em seguida, a equipe ensinou os golfinhos a nadar para longe em até 5 segundos após sentir um campo elétrico produzido por eletrodos postos imediatamente acima de seus focinhos.

Os pesquisadores foram diminuindo o campo elétrico gradualmente de 500 para 2μV/cm. Com isso, ficou evidente que Donna era ligeiramente mais sensível, detectando campos de 2,4μV/cm, enquanto Dolly percebia campos de 5,5μV/cm.

Na natureza, os campos elétricos produzidos por animais vivos não são estáticos. Os movimentos pulsantes das brânquias dos peixes, por exemplo, fazem com que os campos oscilem. Para ver se Donna e Dolly conseguiam detectar campos pulsantes, os cientistas pulsaram emissões 1, 5 e 25 vezes por segundo, ao mesmo tempo que reduziam a força do campo.

Os golfinhos conseguiram sentir os campos pulsantes; porém, ambos eram mais sensíveis aos campos elétricos inalterados. Dolly só conseguia captar o campo mais lento a 28,9μV/cm, enquanto Donna percebia os três campos oscilantes, sentindo o mais lento a 11,7μV/cm.

Conforme explica Dehnhardt, "A sensibilidade a campos elétricos fracos ajuda os golfinhos a procurarem peixes escondidos em sedimentos nos últimos centímetros antes de abocanhá-los". Segundo os especialistas, isso contrasta com tubarões e estrelas-do-mar supersensíveis, que sentem essa diferença mais longe, de 30 a 70 cm de distância.

"Essa habilidade sensorial também pode ser usada para explicar a orientação das baleias dentadas (Odontoceti) ao campo magnético da Terra", afirma Dehnhardt, acrescentando que golfinhos nadando por áreas fracas do campo magnético terrestre a uma velocidade normal de 10m/s poderiam gerar um campo elétrico detectável de 2,5μV/cm por todo o corpo.

Se os animais nadarem ainda mais rápido, segundo o pesquisador, é ainda mais provável que sintam o campo magnético do planeta, permitindo-lhes usar seu sentido elétrico para navegar pelo mundo usando um fascinante mapa magnético.

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