Biologia

Por Arthur Almeida, com edição de Luiza Monteiro

A anatomia é a área da ciência que estuda a estrutura do corpo, avaliando micro e macroscopicamente cada tecido presente nos seres vivos e os organizando por segmentos. Dessa forma, os ossos, como órgãos rígidos e mineralizados, correspondem a um sistema orgânico específico; no caso, o esquelético.

Unido por cartilagens, tendões e ligamentos, o esqueleto representa o conjunto de todos os ossos presentes nos indivíduos. “O sistema desempenha funções relacionadas à movimentação e à proteção do corpo”, afirma a fisioterapeuta Paola de Lima, doutora em ciências morfofuncionais e professora no Centro Universitário para Desenvolvimento do Alto Vale do Itajaí (Unidavi), em Santa Catarina.

Entre elas, estão a conformação corpórea, a cobertura de órgãos vitais (como coração e pulmões, que são amparados pela caixa torácica), o depósito de íons de cálcio, fósforo e zinco, a sustentação e a movimentação, em trabalho conjunto com os sistemas muscular e articular. Além disso, também são os responsáveis pela produção dos componentes sanguíneos.

No interior da ponta dos ossos — região conhecida como “epífise” —, existe uma estrutura chamada “medula vermelha”, onde estão as células-tronco, capazes de formar hemácias (glóbulos vermelhos), leucócitos (glóbulos brancos) e plaquetas. Essas células progenitoras são utilizadas no tratamento de leucemia, linfomas e mieloma múltiplo, pois o seu transplante estimula o restabelecimento da produção normal do sangue.

Organização e classificação

Ao todo, um ser humano de idade adulta apresenta 206 ossos. Desse número, 80 deles encontram-se no esqueleto axial, que representa o eixo central do corpo e conta com o crânio, a coluna e suas vértebras, o tórax, a costela e o sacro. Os outros 126 compõem o esqueleto apendicular, associado aos membros superiores e inferiores, onde estão o úmero, o rádio, o fêmur, a tíbia e a fíbula.

Para compreender a diversidade dos ossos humanos e, assim, estabelecer um padrão de classificação, pesquisadores partiram da avaliação de suas geometrias. Por meio do formato e das medidas de comprimento, largura e espessura, estabeleceu-se cinco tipos: longo, curto, alongado, plano e irregular. Há ainda os tipos sesamoide e pneumático, cujas características especiais os colocam à parte dos demais.

Principais ossos humanos — Foto: Reprodução/HANSEN, John T. 2019
Principais ossos humanos — Foto: Reprodução/HANSEN, John T. 2019

Os longos são aqueles em que o comprimento é maior do que a largura e a espessura. Eles apresentam um canal medular que guarda uma medula amarela e uma medula vermelha, além das epífises em suas extremidades. Esses ossos estão situados nos membros superiores e inferiores. Alguns exemplos são o úmero, o rádio, o fêmur e a tíbia.

Já os ossos curtos têm características de comprimento, largura e espessura equivalentes. São as estruturas pequenas que temos distribuídas pelos membros apendiculares, como nas mãos. O tálus, o calcâneo e o cuboide são alguns deles e podem ser encontrados nos pés.

Nos ossos alongados, assim como nos longos, o comprimento predomina sobre a largura e a espessura. “O que os diferencia é justamente a ausência de uma estrutura interna, com o canal, as medulas e, consequentemente, as células-tronco”, explica Lima. As costelas e as clavículas são representantes desse tipo.

Os ossos planos, por sua vez, têm como característica específica a espessura fina. Essas estruturas estão localizadas principalmente na calota craniana, como é o caso do osso parietal, e nas raízes dos membros superiores e inferiores, tais quais a escápula e o quadril.

As estruturas ósseas que se destacam por sua forma diferente de qualquer figura geométrica conhecida são classificadas como ossos irregulares. Exemplos desse tipo são as vértebras da coluna e a mandíbula.

A classificação dos ossos é feita a partir do seu formato geométrico — Foto: Reprodução/MARIEB; WILHELM;  MALLAT, 2014
A classificação dos ossos é feita a partir do seu formato geométrico — Foto: Reprodução/MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014

Os ossos pneumáticos são aqueles que apresentam uma cavidade interna, bastante comuns na região do rosto, formado por frontal, etmoide e esfenoide. “Nesses espaços contendo ar, o excesso de produção de muco pode desencadear uma inflamação. É isso que conhecemos como sinusite. Essa é a explicação do porquê pacientes com esse quadro podem experienciar dores na cabeça e na face”, elucida a fisioterapeuta.

Para finalizar, existem os ossos sesamoides. Essa classificação especial refere-se aos pequenos ossos que se desenvolvem dentro de tendões ou cápsulas articulares. A condição faz com que eles não se articulem com outros ossos. A patela, no joelho, e o pisiforme, do carpo, são alguns ossos desse tipo.

Do que são feitos?

Os ossos são formados por duas matrizes complementares. A matriz orgânica representa de 25% a 30% da composição extracelular, em que é possível encontrar uma natureza de 90% de colágeno e 10% de proteoglicanos, água e glicoproteínas. Já a matriz inorgânica, que representa de 60% a 70% do osso, apresenta fosfato de cálcio, carbonato de cálcio e fluoretos de cálcio e magnésio.

“Apesar da grande quantidade de minerais, que os torna bastante fortes, os ossos não são estruturas maciças”, lembra a especialista. Esses órgãos têm duas substâncias ósseas, uma compacta/lamelar e outra esponjosa/trabecular.

Divisão interna das estruturas dos ossos longos — Foto: Reprodução/MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014
Divisão interna das estruturas dos ossos longos — Foto: Reprodução/MARIEB; WILHELM; MALLAT, 2014

“Nas superfícies de revestimento, encontramos uma região compacta, em que as lamelas estão muito próximas, tornando-a resistente. Já nas extremidades dos ossos, recobertas pela primeira substância, estão os ossos esponjosos, que são porosos e atribuem ao órgão um aspecto mais elástico.”

No caso dos ossos do crânio, a estrutura é um pouco diferente. O tecido “díploe”, como é chamado, apresenta três camadas, duas de substância compacta envolvendo uma outra de natureza esponjosa.

Os ossos ainda contam com algumas camadas de revestimento interno (endósteo) e externo (periósteo), importantes para o crescimento do órgão em espessura e largura ao longo do desenvolvimento humano. Inclusive, vale destacar que, quando uma pessoa fratura um osso, a dor que se sente não é decorrente do osso em si, mas da distensão que sofreu o periósteo.

A quebra de ossos acarreta uma ruptura dos vasos sanguíneos do periósteo. Isso gera um coágulo sanguíneo que, invadido por fibroácidos, forma um calo ósseo mole. Por sua vez, essa estrutura recebe osteoblastos, que a transformam em um calo duro. Assim, pela ação de osteoclastos, os calos ósseos duros vão remodelando o osso fraturado até conseguir grudar de volta os pedaços ao seu formato original.

Mudanças ao longo do tempo

“O número de ossos do corpo humano varia conforme o tempo. Esse é o processo natural da ossificação. No nascimento, os livros apontam que temos, aproximadamente, 350 ossos. Adultos, esse número cai para 206. Já idosos, esse valor tende a reduzir mais uma vez”, pontua a especialista.

Em bebês, muitos ossos estão divididos por cartilagens. Conforme os meses e anos vão passando, essas estruturas menores passam a se unir, chegando à configuração óssea de um indivíduo adulto.

A ossificação é iniciada na sétima semana de vida do feto, ainda no útero, e se inicia pela clavícula. Na maioria dos ossos, dois processos acontecem. Por meio da moldagem da cartilagem epifisária nas extremidades dos ossos, acontece o crescimento em termos de comprimento, e a atuação conjunta do periósteo e do endósteo fornece as substâncias necessárias para o desenvolvimento em espessura.

Já com a velhice, o fenômeno da “sinostose” provoca algumas fusões ósseas. Um exemplo é o que acontece no crânio: os ossos articulados da região acabam se ligando uns aos outros e sendo calcificados, formando uma única estrutura. Além disso, idosos sofrem com uma redução fisiológica da massa óssea, sobretudo em sua parte interna, de tecido esponjoso. Isso é a “osteopenia”, condição em que os ossos adquirem menos flexibilidade e passam a estar mais suscetíveis a quebras; sendo que, em muitos casos, isso pode ocorrer até por conta do próprio peso da pessoa.

Manutenção da saúde e bem-estar dos ossos

Dado que, com a idade, os ossos ficam mais fragilizados, é importante tomar alguns cuidados durante toda a vida, com o objetivo de prezar pela saúde e bem-estar. A fisioterapeuta Paola de Lima dá algumas dicas a seguir.

  • Atividades físicas: a prática de exercícios contribui para o desenvolvimento e a manutenção da musculatura. Isso, consequentemente, auxilia na saúde dos ossos. Caminhadas diárias já são um bom começo. “Pessoas sedentárias ou pacientes acamados podem perder muito a qualidade de suas estruturas ósseas”;
  • Exposição à luminosidade natural: “Pegar sol nos seus horários indicados, por volta das 10h e das 15h, estimula a produção da vitamina D”, lembra a especialista. Esse nutriente auxilia na absorção de cálcio, fundamental para a manutenção e regeneração óssea, e o sol é sua principal fonte;
  • Acompanhamento dos níveis de estrogênio: mulheres na menopausa têm seu nível de estrogênio naturalmente reduzido. Mas, dentre as funções desse hormônio, está a fixação do cálcio. Dessa forma, elas devem ter acompanhamento médico para verificar essa produção e evitar problemas de déficit;
  • Evitar o tabagismo: a nicotina do tabaco tem uma influência depressora nos osteoblastos, células responsáveis pela formação dos ossos. “Fumantes tendem a apresentar uma maior dificuldade para a reabsorção dos ossos em quadros de fratura”, explica Lima;
  • Cuidados no consumo de medicamentos: a utilização de remédios sem indicação médica ou o abuso de corticoides, como anti-inflamatórios e imunossupressores, também pode diminuir a atividade dos osteoblastos; e
  • Consumir alimentos ricos em vitaminas e minerais: é importante ingerir ingredientes ricos nos nutrientes necessários para o bom funcionamento dos agentes esqueléticos. Alguns exemplos são frutos do mar, peixes, ovos e cogumelos (vitamina D), folhas verde escuras e brócolis (vitamina K), leguminosas e amêndoas (magnésio) e laticínios, tofu e vegetais (cálcio).

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