Biologia

Por Redação Galileu

Além de ser o lar de paisagens de tirar o fôlego, as montanhas na cordilheira do Himalaia estão se tornado o habitat de comunidades microbianas altamente resistentes. Nas aventuras turísticas realizadas no Monte Everest e em regiões próximas, os visitantes estão deixando um rastro congelado de micróbios que podem permanecer dormentes no solo por décadas ou até mesmo séculos.

Com auxílio da tecnologia de sequenciamento genético, pesquisadores da Universidade do Colorado em Boulder, nos Estados Unidos, analisaram o solo de uma elevação do Everest e encontraram diversos germes deixados por humanos.

Isso ocorre, segundo pesquisadores, quando aventureiros acampados no colo sul, local entre o Everest e seu vizinho, Lhotse, espirram, tossem ou assoam o nariz. “Há uma assinatura humana congelada no microbioma do Everest, mesmo naquela elevação”, diz Steve Schmidt, professor de ecologia e biologia evolutiva, em nota divulgada pela universidade.

Contudo, a grande surpresa não foi encontrar bactérias humanas, e sim constatar que elas continuam vivas, mesmo em uma altitude de quase oito quilômetros acima do nível do mar e em condições tão adversas.

Certos micróbios que normalmente vivem em ambientes quentes e úmidos, como nariz e boca, são resistentes o suficiente para sobreviver em um estado inativo. As descobertas foram publicadas na revista Arctic, Antarctic, and Alpine Research, em janeiro deste ano.

Micróbios resistentes

De acordo com o estudo, comunidades microbianas em ambientes alpinos não foram bem estudadas com técnicas avançadas, dado o perigo relacionado à altitude. Por isso, pouco se sabe sobre microrganismos associados a humanos encontrados nesses locais.

A pesquisa marca a primeira vez que a tecnologia de sequenciamento de genes de última geração foi usada para analisar o solo de uma elevação tão alta no Monte Everest. O recurso permitiu que os pesquisadores obtivessem uma nova visão sobre quase tudo no ambiente.

Schmidt, juntamente com Nicholas Dragone e Adam Solon, analisou nesse estudo as regiões alpinas mais altas e frias do planeta e os limites da vida nelas. Amostras de solo foram recolhidas em áreas da Antártida, dos Andes, do Ártico e, claro, o Himalaia.

Uma vez com todas as amostras, os cientistas utilizaram a tecnologia de sequenciamento, bem como técnicas tradicionais de cultivo e bioinformática e conseguiram identificar o DNA de quase todos os micróbios vivos ou mortos nos solos. O foco, no entanto, era determinar a diversidade de organismos, não a quantidade.

A maioria das sequências de DNA microbiano encontradas era semelhante a organismos resistentes ou “extremofílicos” adequados para sobreviver em altas altitudes e até suportar radiação ultravioleta, como um fungo do gênero Naganishia.

Mas os autores também identificaram evidências de DNA de micróbios associados aos humanos, incluindo Staphylococcus, uma das bactérias mais comuns da pele e do nariz, e Streptococcus, gênero dominante na boca humana.

A pesquisa não apenas destaca um impacto invisível do turismo na montanha mais alta do mundo, mas também pode levar a uma melhor compreensão dos limites ambientais da vida na Terra, bem como onde a vida pode existir em outros mundos.

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