Arqueologia

Por Redação Galileu

Um pigmento roxo raro usado pelos romanos foi encontrado em uma casa de banho da época romana em Carlisle, na área de Cumberland, no Reino Unido. A tinta conhecida como púrpura tíria foi descoberta pela escavação do projeto Uncovering Roman Carlisle ("descobrindo a Carlisle romana").

O achado divulgado no último dia 3 de maio ocorreu em 2023 na área do clube de críquete de Carlisle onde ficam dutos relacionados a um edifício monumental com uma casa de banhos construída no século 3, durante o tempo do Imperador Septímio Severo.

Segundo conta Frank Giecco, Diretor Técnico da empresa Wardell Armstrong, que esteve envolvida na descoberta, trata-se do único exemplo da tinta conhecido no Norte da Europa e provavelmente a única amostra sólida inutilizada do Império Romano. "Exemplos foram encontrados em pinturas de parede, como em Pompeia, e em alguns caixões pintados de alto status da província romana do Egito”, afirma Giecco, em comunicado.

O pigmento roxo foi testado com o apoio da Sociedade Britânica Geológica e análises adicionais da Universidade de Newcastle. A equipe identificou uma substância orgânica e com níveis de bromo e cera de abelha. Isso quase certamente indica que é púrpura tíria, a cor associada à Corte Imperial do Império Romano.

O maior edifício conhecido na Muralha de Adriano — Foto: Historic England
O maior edifício conhecido na Muralha de Adriano — Foto: Historic England

Segundo os pesquisadores, esse pigmento era feito de conchas trituradas do Mediterrâneo Oriental, do Norte da África ou Marrocos e era mais caro que o ouro. Esse pigmento roxo foi usado para vestir reis e imperadores desde a Idade do Bronze até o Período Bizantino. Além de tingir roupas, era usado para pintar paredes em prédios públicos e nas casas da elite.

“Durante milênios, a púrpura tíria foi a cor mais cara e procurada do mundo", diz Giecco. "A sua presença em Carlisle, combinada com outras evidências da escavação, fortalece a hipótese de que o edifício estava de alguma forma associado à Corte Imperial do Imperador Septímio Severo, localizada em York e possivelmente relacionada a uma visita imperial a Carlisle".

A descoberta faz parte de um projeto arqueológico comunitário que visa desvendar os mistérios do prédio, que é o maior edifício conhecido na Muralha de Adriano. A escavação continuará entre os dias 11 de maio a 15 de junho de 2024.

Um retrato da Imperatriz Teodora do século VI vestindo um manto roxo do pigmento encontrado — Foto: Domínio Público
Um retrato da Imperatriz Teodora do século VI vestindo um manto roxo do pigmento encontrado — Foto: Domínio Público

As vagas para voluntários são limitadas, mas não é necessário ter experiência prévia em arqueologia, já que o projeto permitirá que o público participe da escavação ou visite gratuitamente. “Esta é uma notícia empolgante para Carlisle e nossa região mais ampla”, comenta Anne Quilter, conselheira e membro executivo do Conselho de Cumberland para Lugares Vibrantes e Saudáveis.

Além da descoberta do pigmento roxo, as descobertas feitas pela equipe foram fundamentais para revelar mais de 2.800 itens significativos, incluindo mais de 550 moedas romanas de séculos de ocupação, mais de 300 grampos de cabelo, telhas estampadas imperiais, tubos de abóbadas de estilo norte-africano, centenas de belas contas de vidro, peças de jogos e até mesmo um raro pé de boneca romana.

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