Muralha de 4 mil anos que protegia complexo de oásis é descoberta na Arábia Saudita

Os oásis do Deserto do Norte da Arábia foram habitados por populações sedentárias nos milênios 4 e 3 a.C.. Embora vários oásis murados da Idade do Bronze já tenham sido documentados, a descoberta se destaca, pois lança luz sobre a ocupação humana no noroeste da Arábia e aprofunda o que se sabe sobre a complexidade social local no período pré-islâmico.

Uma equipe de cientistas do Centro Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS) e da Comissão Real para AlUla (RCU) estimou que a muralha de aproximadamente 5 metros de altura se estendia por 14,5 km de comprimento e tinha entre 1,7 e 2,4 metros de espessura. A estrutura cercava um território rural e sedentário de quase 1,1 mil hectares.

Atualmente, a fortificação tem pouco menos da metade de seu comprimento original (5,9 km e 74 bastiões). A estrutura colossal foi erguida entre 2250 e 1950 a.C., segundo revelou uma datação por radiocarbono em amostras coletadas durante as escavações, realizadas entre 2020 e 2023.

Para os pesquisadores, as muralhas de Khaybar provavelmente foram construídas por populações indígenas à medida que se estabeleciam e demarcavam ostensivamente o seu território de oásis. As muralhas duraram vários séculos antes de serem desmanteladas ou substituídas por estruturas mais recentes.

"Essa descoberta crucial confirma o surgimento de um complexo de oásis murados no norte da Arábia durante a Idade do Bronze, uma tendência que se mostrou fundamental para a criação de complexidade social e política indígena", afirmam os especialistas.

De acordo com o comunicado do CNRS, a descoberta do muro levanta questões sobre por que foi construído e sobre a natureza das populações que o construíram, em particular, suas relações com populações fora do oásis. O achado também abre caminho para avanços significativos na compreensão do passado pré-histórico, pré-islâmico e islâmico da Península Arábica noroeste.