Arqueologia

Por Redação Galileu

O designer 3D Cicero Moraes, um brasileiro conhecido por suas aproximações faciais de figuras históricas e hominídeos, reconstituiu a face do Homo longi, também chamado de "Homem Dragão". O trabalho inédito foi publicado ontem (28) na revista OrtogOnLineMag.

O estudo partiu do crânio de Harbin, um fóssil de mais de 148 mil anos. A relíquia foi descoberta em 1933, durante os trabalhos de edificação de uma ponte sobre o rio Songhua, na cidade chinesa de Harbin. Em 2018, a peça foi recebida como doação pelo Museu de Geociência da Universidade GEO de Hebei, na China.

Mas, apesar de seu apelido, o "Homem Dragão" não é uma figura fantástica que cuspia fogo, nem nada parecido. O traço especial dele é sua caixa craniana, que tem uma combinação única de características e foi considerada a maior de todos os humanos arcaicos conhecidos.

Por isso, os pesquisadores propuseram se tratar de uma nova espécie, o H. longi, cujo nome é derivado de Long Jiang ("Rio dos Dragões"). Esse termo é muito utilizado na província de Heilongjiang, onde fica a cidade de Harbin.

Aproximação facial especulativa do "Homem Dragão", em cores — Foto: Cicero Moraes
Aproximação facial especulativa do "Homem Dragão", em cores — Foto: Cicero Moraes

De volta ao passado

Moraes explica no estudo que a reconstrução facial forense (RFF) ou aproximação facial forense (AFF) é "uma técnica auxiliar de reconhecimento, que reconstrói/aproxima a face de um crânio e é utilizada quando há escassa informação para a identificação de um indivíduo a partir dos seus restos mortais".

Não se trata de uma identificação, "como aquelas oferecidas por DNA ou análise comparativa de arcos dentários, mas sim de um reconhecimento que pode levar à posterior identificação", também destaca o especialista no artigo.

Primeiro, foi feita uma deformação anatômica do crânio do hominídeo. Em seguida, uma modelagem foi efetuada no software Blender 3D, rodando a extensão OrtogOnBlender e seu submódulo ForensicOnBlender.

Etapas  finais da aproximação facial digital — Foto: Cicero Moraes
Etapas finais da aproximação facial digital — Foto: Cicero Moraes

Como não foi encontrado um modelo 3D do crânio de H.longi, o processo se baseou em três vídeos disponibilizados por um estudo anterior, convertidos em uma sequência de imagens. Também foi feita a reconstrução da mandíbula e dos dentes faltantes da caixa craniana resultante – para isso, foi utilizado um crânio completo de um Homo erectus.

Visão colorida do Homo longi — Foto: Cicero Moraes
Visão colorida do Homo longi — Foto: Cicero Moraes

Em seguida, a tomografia de um doador virtual (Homo sapiens) foi importada e passou pelo processo de deformação anatômica, de modo a compatibilizar o crânio do doador com o de H.longi. Para complementar os dados do tecido mole, uma tomografia de um chimpanzé Pan toglodytes também foi inserida e redimensionada, equiparando as configurações dos olhos e facilitando a posterior deformação e equiparação com o crânio do "Homem Dragão".

O resultado foram duas aproximações: uma em escalada de cinza (que é mais objetiva, sem pelos e cabelos), e outra colorida e "mais artística", com elementos especulativos da aparência do indivíduo — já que não é possível saber com exatidão a coloração da pele do H.longi.

Aproximação facial objetiva do "Homem Dragão" — Foto: Cicero Moraes
Aproximação facial objetiva do "Homem Dragão" — Foto: Cicero Moraes

Com seu trabalho, Moraes conclui que "foi possível reconstruir o fóssil e a face do H. longi, além de abordar algumas medidas e comparativos em relação a outras espécies".

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