Mais de 20 estátuas de bronze em perfeito estado de conservação, além de 5 mil moedas em ouro, prata e bronze, foram encontradas após uma campanha de escavação no santuário etrusco-romano ligado à antiga piscina sagrada da fonte termo-mineral do Bagno Grande, em San Casciano dei Bagni, na província italiana de Siena.
Iniciada em 2019, a escavação promovida pelo Ministério da Cultura da Itália (MiC) e pela prefeitura de Siena, na região da Toscana, com coordenação do professor Jacopo Tabolli, da Universidade para Estrangeiros de Siena, levou a essas novas descobertas nas primeiras semanas de outubro de 2023.
"Uma descoberta que reescreverá a história e na qual já estão trabalhando mais de 60 especialistas de todo o mundo", declara Tabolli, em comunicado do MiC. Segundo o pesquisador, o sítio toscano representa o maior depósito de estátuas de bronze das eras etrusca e romana já descoberto na antiga Itália e um dos mais significativos em todo o Mediterrâneo. “Sem igual, principalmente porque, até agora, predominavam estátuas de terracota dessa época”, ressalta.
Para Massimo Osanna, diretor geral de Museus no ministério italiano, esse é um dos achados de bronze mais significativos da história do Mediterrâneo Antigo. A ideia é criar um museu na região para abrigar essas e outras descobertas arqueológicas que ainda serão feitas.
De acordo com o MiC, os bronzes de San Casciano representam divindades veneradas no local sagrado, juntamente com órgãos e partes anatômicas para as quais se buscava a intervenção curativa das divindades por meio das águas termais.
Nas últimas semanas, emergiram do lodo quente efígies de Igea e Apolo, além de um bronze que evoca o famoso Arringatore, descoberto em Perugia e nas coleções históricas do Museu Arqueológico Nacional de Florença.
![Cabeça com inscrição no pescoço encontrada na Itália — Foto: Emanuele Antonio Minerva - © Ufficio Stampa e Comunicazione MiC](https://cdn.statically.io/img/s2-galileu.glbimg.com/WtN5vT3o8fPv7mhwhOk-tfLo-6c=/0x0:1168x657/984x0/smart/filters:strip_icc()/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_fde5cd494fb04473a83fa5fd57ad4542/internal_photos/bs/2023/n/p/l4nOsARuKT0nSkvCvwaw/screen-shot-2023-11-20-at-4.29.39-pm.png)
O estado excepcional de conservação das estátuas dentro da água quente da fonte de Bagno Grande também permitiu preservar inscrições em etrusco e latim que foram entalhadas antes de sua criação. Nas inscrições, encontram-se nomes de poderosas famílias da Etrúria, onde atualmente são as regiões de Toscana, Úmbria e Lácio.
A maioria dessas obras-primas da antiguidade data do século 2 a.C. ao 1º século d.C., um período histórico de importantes transformações na antiga Toscana, durante a transição entre etruscos e romanos.
Nessa época de grandes conflitos entre Roma e as cidades etruscas, mas também de lutas dentro do tecido social romano, as nobres famílias etruscas dedicaram as estátuas à água sagrada no santuário do Bagno Grande. “Um contexto multicultural e plurilíngue absolutamente único, de paz, cercado por instabilidade política e guerra”, resume o MiC.