• Redação Galileu
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Moas, aves não voadoras nativas da Nova Zelândia, estão entre as espécies extintas pela ação humana (Foto: John Megahan/PLoS Biology)

Moas, aves não voadoras nativas da Nova Zelândia, estão entre as espécies extintas pela ação humana (Foto: John Megahan/PLoS Biology)

Um novo estudo feito pela Universidade de Tel Aviv e pelo Instituto Weizmann de Ciência, ambos em Israel, revela que entre 10% e 20% de todas as espécies de aves desapareceram ao longo dos últimos 50 mil anos. No artigo publicado no fim de agosto no Journal of Biogeography, a presença humana é apontada como a principal causa dessa extinção massiva.

Seja caçando, seja disseminando animais que se alimentam das aves e de seus ovos, os humanos são vistos como agentes causadores do desaparecimento devido a dois fatos. A maior parte dos restos de aves foi encontrada em locais habitados pela humanidade, o que indica que podem ter sido consumidas em refeições. Além disso, a confirmação das extinções ocorreu pouco tempo depois da chegada dos Homo sapiens.

"Aqueles que se extinguiram nos últimos 300 anos são relativamente conhecidos, enquanto espécies anteriores são conhecidas pela ciência a partir de restos encontrados em sítios arqueológicos e paleontológicos em todo o mundo”, comenta o autor Shai Meiri, em comunicado. No total, foram listadas 469 espécies aviárias tidas como extintas nos últimos 50 mil anos. “Mas acreditamos que o número real seja muito maior”, ressalta Meiri, professor da Universidade de Tel Aviv.

Humanos causaram a extinção de 469 espécies de aves nos últimos 50 mil anos (Foto: Universidade de Tel Aviv)

Humanos causaram a extinção de 469 espécies de aves nos últimos 50 mil anos (Foto: Universidade de Tel Aviv)

De acordo com os pesquisadores, a maioria das espécies registradas no estudo compartilhava três características. Cerca de 90% delas viviam em ilhas; considera-se que elas tenham sido caçadas pelos humanos ou por animais como porcos, ratos, macacos e gatos, que eram introduzidos aos locais pelas pessoas.

O segundo fator comum e que também reafirma a prática da caça dessas espécies é o seu grande porte. Com massa corporal até dez vezes maior que a de espécies sobreviventes, as aves que foram extintas eram alvo preferencial de caçadores.

O terceiro aspecto que aproxima a maioria dos pássaros extintos é a incapacidade de voar. Sem essa habilidade, a fuga de predadores era dificultada. A pesquisa constatou, por exemplo, que 68% das espécies que não voam conhecidas pela ciência já foram extintas, incluindo grupos inteiros como as moas, endêmicas da Nova Zelândia.

Para Meiri, é importante olhar o estudo como um sinal de alerta em relação às espécies atualmente ameaçadas. As descobertas podem, inclusive, fornecer pistas em relação a características semelhantes. “Deve-se notar, no entanto, que as condições mudaram consideravelmente. Hoje, a principal causa de extinção de espécies por humanos não é a caça, mas sim a destruição de habitats naturais"’, alerta o pesquisador.

Esta matéria faz parte da iniciativa #UmSóPlaneta, união de 19 marcas da Editora Globo, Edições Globo Condé Nast e CBN. Saiba mais em umsoplaneta.globo.com.