• Redação Galileu
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Pesquisa realizada por especialistas da Universidade de Nova York mostra que necessidade de validação e insegurança movem narcisistas (Foto: Divulgação)

Pesquisa realizada por especialistas da Universidade de Nova York mostra que necessidade de validação e insegurança movem narcisistas (Foto: Divulgação)

Nem todos os narcisistas são movidos por uma visão inflada do próprio ego: um estudo publicado em 2021 no periódico Personality and Individual Differences revelou que o narcisismo também pode ser guiado pela insegurança. 

A pesquisa foi realizada por especialistas do Departamento de Psicologia da Universidade de Nova York (NYU), nos Estados Unidos, e teve como objetivo entender esse fenômeno e o que motiva a natureza autocentrada das atividades nas redes sociais.

"Por muito tempo não era claro o motivo de os narcisistas engajarem com comportamentos desagradáveis, como se parabenizar, já que isso faz com que os outros pensem menos deles", disse Pascal Wallisch, autor sênior do estudo e professor associado clínico do Departamento de Psicologia da NYU, em comunicado. "Isso se tornou predominante na era das redes sociais — um comportamento conhecido com 'flexing'." Em inglês, "flexing" é um termo usado para descrever um comportamento no qual as pessoas se gabam de quem são ou ostentam o que têm. 

Inseguros

Para entender esses padrões, os pesquisadores pediram que 300 participantes (60% mulheres e 40% homens) com uma idade média de 20 anos respondessem 151 perguntas pelo computador.

O estudo caracterizou dois tipos de amor próprio excessivo apresentado por aqueles que sofrem com Transtorno de Personalidade Narcisista: o narcisismo grandioso e o vulnerável. Tentou ainda entender como a psicopatia, outra condição em que o indivíduo tem mania de grandeza, poderia estar relacionada ao transtorno. 

Os autores da pesquisa desenvolveram duas escalas de investigação. A primeira foi chamada de "Refinamento performático para apaziguar inseguranças sobre sofisticação", representada pela sigla PRISN em inglês. Ela utiliza as seguintes medidas para investigação: o desejo social ("Não importa com quem estou conversando, sou um bom ouvinte"), autoestima ("No total, estou satisfeito comigo mesmo") e psicopatia ("Eu tendo a não sentir remorso"). 

A segunda foi o "Índice de elevação performática própria" (FLEX), que tem quatro componentes: controle da impressão ("Eu provavelmente vou mostrar que tenho chances"), a necessidade por validação social ("É importante que eu seja visto em eventos prestigiosos"), exaltação a si mesmo ("Eu tenho um gosto incrível") e domínio social ("Eu gosto de saber mais do que as outras pessoas").

Resultados

Os resultados mostram uma alta correlação entre a escala FLEX e o narcisismo, mas não com a psicopatia. A necessidade de validação social, por exemplo, teve relação com a tendência de engajamento em uma auto exaltação performática — uma característica do narcisismo vulnerável, que é movido pela insegurança. No caso da psicopatia, os altos níveis de autoestima mostraram ter pouca correlação com o narcisismo vulnerável.

"Nosso trabalho revela que esses narcisistas não são grandiosos, mas inseguros, e é assim que eles lidam com as próprias inseguranças", afirmou Wallisch. 

Ele e sua equipe acreditam que narcisistas genuínos são inseguros e melhor descritos na categoria narcisismo vulnerável, enquanto o narcisismo grandioso pode ser visto como uma manifestação de psicopatia.

"Mais especificamente, os resultados sugerem que o narcisismo pode ser melhor compreendido como uma adaptação compensatória de superar e mascarar a baixa autoestima", acrescentou Mary Kowalchyk, autora principal e estudante da graduação na NYU na época da pesquisa. "Narcisistas são inseguros e lidam com essas inseguranças se gabando. Isso faz com que os outros gostem menos deles ao longo prazo, piorando suas inseguranças, o que leva para um ciclo vicioso de comportamentos de ostentação."