Sociedade
Considerando variáveis, mais negros morrem pela Covid-19 em São Paulo
Apesar do número absoluto de mortos ser maior entre brancos, a taxa de mortalidade padronizada entre pretos e pardos é mais alta. Entenda
2 min de leitura![Proporcionalmente, mais negros morrem pela Covid-19 em São Paulo (Foto: Unsplash) Proporcionalmente, mais negros morrem pela Covid-19 em São Paulo (Foto: Unsplash)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/4Q3kc1Y43CSHyuHLsHYFwGGpSY8=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/08/26/odair-faleco-76ua2v8imay-unsplash.jpg)
Proporcionalmente, mais negros morrem pela Covid-19 em São Paulo (Foto: Unsplash)
Na cidade de São Paulo, a taxa de mortalidade por Covid-19 é mais alta entre pretos e pardos, ainda que o número absoluto de óbitos seja maior entre brancos. É o que aponta um levantamento Instituto Pólis, organização da sociedade civil que realiza pesquisas no Brasil e no exterior.
De acordo com o estudo, não basta considerar números absolutos quando se fala em taxa de mortalidade: é preciso considerar outros fatores que podem interferir nos cálculos matemáticos. O chamado método de padronização é comum na epidemiologia e, nesse caso, considerou a faixa etária dos mortos pelo novo coronavírus.
Com isso, eles descobriram que a taxa de mortalidade da população branca residente na capital paulista foi de 115 óbitos a cada 100 mil pessoas entre 1º de março e 31 de julho. Já entre a população preta e parda, a taxa foi de 172 óbitos a cada 100 mil pessoas. Sem a padronização, a taxa entre brancos é de 134 óbitos/100 mil habitantes e, entre os negros, de 21/100 mil habitantes.
![(Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo) (Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/NhQpGlRjKEBSbZid22Xn5seaiEQ=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/08/26/taxas-de-mortalidade-por-escolaridade.jpg)
(Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo)
Além disso, o método permite identificar o número de óbitos esperados das populações analisadas caso as condições de vida e pirâmide etária fossem iguais à da cidade como um todo. Segundo o relatório do Instituto Pólis, se o cenário fosse homogêneo, esperava-se um total de 4.091 óbitos entre pessoas negras, mas esse número foi quase 30% maior: 5.312 mortes. Já em relação aos brancos, a padronização aponta que seriam esperados 11.110 óbitos até 31 de julho, número que foi 13,4% menor (9.616 mortes).
Os especialistas também identificaram uma grande diferença entre as taxas na comparação por gênero entre negros e brancos. Entre os homens brancos, o índice foi de 157 mortes por 100 mil habitantes, enquanto para os negros esse número sobe para 250 mortos a cada 100 mil habitantes. Entre as mulheres brancas o índice foi de 85 óbitos por 100 mil habitantes e, para aas mulheres negras, 140 por 100 mil habitantes.
![(Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo) (Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/rNFZONfhICIX27gTZWehMyXiC-Q=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/08/26/taxas-de-mortalidade.jpg)
(Foto: Instituto Pólis/Prefeitura de São Paulo)
"A evolução do número de vítimas entre os grupos também reflete como a pandemia impacta mais a população negra", escrevem os pesquisadores no relatório. "Embora todas as taxas tenham crescido durante o período analisado, o movimento ascendente da curva de homens negros é nitidamente mais intenso."
Fazendo um recorte regional da cidade de São Paulo, os cientistas perceberam que, nos bairros em que menos negros que o esperado morreram, também faleceram menos brancos. "A diferença negativa do número de mortes registradas e esperadas entre pessoas de raça/cor negra poderia estar associada a melhores condições de acesso ao sistema de saúde e menor circulação do vírus", ponderaram os especialistas.