• Marília Marasciulo, de Hanói
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Hanói está localizada no norte do Vietnã (Foto: Wikimedia Commons)

Hanói está localizada no norte do Vietnã (Foto: Wikimedia Commons)

Demorei alguns anos para sentir curiosidade sobre o Vietnã. Na minha (limitada) cabeça, o país era aquilo que eu via em filmes e seriados norte-americanos que retratavam a guerra: caos generalizado, chuvas torrenciais, selvas assustadoras, bombas e mais bombas.

Eis que estive em Hanói, a capital no norte do país que liderou a resistência à investida dos Estados Unidos, e descobri um Vietnã completamente diferente daquele que vi em Bom Dia, Vietnã, Platoon e Apocalypse Now:

Os vietnamitas são alegres
Para um povo que passou mais de duas décadas em guerra, primeiro contra os franceses e depois contra os norte-americanos, os vietnamitas não são violentos e muito menos ansiosos. Pelo contrário, são muito receptivos, se viram no inglês e têm um senso de humor bastante aguçado.

A comida é maravilhosa
Ainda durante a colonização francesa, o Vietnã passou por longos períodos de fome — tanto que vários pôsteres de propaganda do Partido Comunista do Vietnã têm mensagens como “vamos plantar arroz para um país próspero” e “pescar para prosperar”. Dito isso, parece que tanta fome os fez desenvolver uma culinária capaz de deixar deliciosas até as comidas mais esquisitas e aparentemente insossas. 

Cidade de Hanói (Foto: Pixabay)

Cidade de Hanói (Foto: Pixabay)

E o café é melhor ainda
O Vietnã é o segundo maior exportador de café do mundo, atrás somente do Brasil. Nas ruas de Hanói, há Cà Phê’s por todos os lados, e as variações são inúmeras: com gelo, sem gelo, com ovo, com creme de leite, leite condensado…

A cultura é uma mistura interessante
Em vez de rejeitar as colonizações e invasões, os vietnamitas parecem ter optado por abraçá-las e incorporá-las. Hanói parece uma Buenos Aires amazônica socialista na Ásia: os prédios têm varandinhas à la Paris, as ruas são verdes e repletas de árvores, a foice e o martelo estão em bandeiras pela cidade, e as palavras são impronunciáveis por ocidentais recém-chegados. Um exemplo está na própria culinária. Um dos pratos típicos da cidade é o Banh Mi, uma baguete crocante recheada com carnes com temperos vietnamitas, fusão perfeita de culturas diferentes.

Propaganda do Partido Comunista do Vietnã em Hanói (Foto: Wikimedia Commons)

Propaganda do Partido Comunista do Vietnã em Hanói (Foto: Wikimedia Commons)

Há muita beleza natural
O Vietnã é um país verde. A água dos lagos em Hanói é verde, as ruas são verdes, os gramados dos pagodes são verdes. Há também cavernas e montanhas (cobertas de verde, é claro). No Vietnã ficam dois patrimônios mundiais da Unesco: o Tam Com, na província de Ninh Binh, e a Baía de Ha Long. Esta última é um conjunto de quase 2 mil ilhas de calcário inabitadas, por onde é possível navegar em águas tranquilas e… Verdes.

E a segurança impera
Muito longe dos filmes de guerra e apesar da pobreza (o PIB per capita é mais ou menos três vezes menor que o do Brasil), o Vietnã é um país seguro. Ninguém respeita os sinais vermelhos — e as motos são as donas das calçadas — mas não se veem acidentes de trânsito. Como mulher, sozinha, andando para lá e para cá toda serelepe, não ouvi um “fiu fiu” ou buzinas ameaçadoras, muito menos tive que dar explicações sobre onde estava meu marido (algo que tive que fazer a cada cinco segundos quando viajei sozinha pelo México). E em momento algum recebi conselhos “amigáveis” de esconder meu smartphone enquanto andava pela rua. Talvez seja impressão de turista, mas duvido que um gringo no Rio de Janeiro também se sentiria assim.