• Redação Galileu
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Benjamin Schreiber quer ser liberado de sua pena de prisão perpétua após ter morrido e sido ressuscitado por médicos (Foto: Reprodução/Departamento de Polícia de Iowa)

Benjamin Schreiber quer ser liberado de sua pena de prisão perpétua após ter 'morrido' e sido ressuscitado por médicos (Foto: Reprodução/Departamento de Polícia de Iowa)

No início de 2018, o preso Benjamin Schreiber entrou na justiça pedindo para ser liberado da pena de prisão perpétua que cumpria. Esta poderia ser uma história como qualquer outra não fosse a natureza da argumentação do norte-americano de 66 anos.

Em 2015, ele sofreu cinco paradas cardíacas e foi ressuscitado pelos médicos da prisão. Teoricamente, havia morrido, certo? Bom, ao menos foi o que ele argumentou frente às autoridades. Segundo o réu, a pena de prisão perpétua teria sido cumprida quando ele "faleceu". Após a ressureição, portanto, ele poderia recorrer a um advogado para lutar por sua liberdade – o que já não era mais uma possibilidade antes do incidente.

Não demorou para a história, digna de virar roteiro das melhores séries criminais, virar notícia no mundo todo. De acordo com uma declaração das autoridades norte-americanas, Schreiber argumentou que foi condenado à prisão perpétua sem liberdade condicional, "mas não à prisão perpétua e mais um dia". 

Schreiber está preso desde 1996, quando foi acusado pela morte de John Dale Terry, 39 anos, cujo corpo espancado foi encontrado perto de um trailer abandonado no interior do estado de Iowa. À época, a promotoria acusou o norte-americano de conspirar com a ex-namorada do falecido antes de cometer o assassinato.

Considerado culpado de assassinato em primeiro grau pelo júri, ele foi condenado à prisão perpétua sem direito à liberdade condicional e está na Penitenciária do Estado de Iowa desde então. Quase duas décadas depois, Schreiber contraiu uma grave infecção bacteriana e acabou desenvolvendo pedras no rins tão grandes que “o fizeram urinar internamente”, segundo o governo.

Isso fez com que sua saúde piorasse, até que em março de 2015 Schreiber foi encontrado inconsciente e levado às pressas ao hospital. Como reportou o The Washington Post, o preso sofreu cinco paradas cardíacas e os médicos tiveram de administrar epinefrina para traze-lo de volta à vida.

Foi daí que surgiu seu pedido à justiça por um advogado que pudesse ajudá-lo a prosseguir com a argumentação e pedir por sua liberdade. Entretanto, ainda que essa situação pudesse render um excelente episódio de Suits ou The Good Wife, o pedido não faz sentido, segundo as autoridades dos Estados Unidos.

"O tribunal considera essa afirmação não convincente e sem mérito. Nada no registro suporta as alegações do peticionário. A apresentação desses procedimentos por parte do peticionário confirma o status atual do peticionário como vivo", argumentou o Ministério Público.

Schreiber ainda tentou levar o caso para o Tribunal de Apelações de Iowa, mas isso também não funcionou. Em um artigo publicado pelas autoridades, os responsáveis explicaram que não entraram nos méritos filosóficos e espirituais do tema "morte", mas focaram no que significa "vida na prisão" de forma prática.

"Ou Schreiber ainda está vivo, caso em que deve permanecer na prisão, ou ele está realmente morto, caso em que esse apelo poderia ser debatido. Em ambos os casos, o tribunal distrital não cometeu um erro ao recusar-lhe um advogado", escreveram as autoridades.

Pelo jeito, os próximos capítulos da vida de Schreiber não serão tão movimentados quanto os anteriores — o que não impede os roteiristas de criarem um excelente episódio de Law & Order.