• Isabela Moreira
Atualizado em
A indiana Aranya Johar, de 18 anos, é uma forte voz feminista em seu país (Foto: Divulgação)

A indiana Aranya Johar, de 18 anos, é uma forte voz feminista em seu país (Foto: Divulgação)

Segundo Luciana Fasani, de 19 anos, o que a deixou envergonhada em relação à menstruação foi a vulnerabilidade trazida por ela. "Mas não sei o porquê disso, é um processo natural", diz a jovem no documentário Nosso Sangue, Nosso Corpo, realizado pela marca Sempre Livre em parceria com a Fox Lab.

Luciana é uma das cinco jovens escolhidas pela produção para contar suas histórias e discutir as relações que têm com seus próprios corpos. Com idades entre 13 e 19 anos, elas vêm do Brasil, da Argentina, da Índia e da África do Sul, mostrando que, apesar de serem de culturas diferentes, enfrentam problemas semelhantes pelo simples fato de serem mulheres.

Uma pesquisa realizada pela Sempre Livre em parceria com a Kyra Pesquisa & Consultoria aponta que mais da metade das 1,5 mil meninas entrevistadas ao redor do mundo não tinha informações sobre a menarca quando menstruaram pela primeira vez. Segundo o relatório, no Brasil, 66% das jovens se sentem desconfortáveis durante o período menstrual, 57% se sentem sujas e somente 24% não acham a menstruação nojenta.

Muitas dessas meninas, no entanto, estão tentando dar novos significados à menstruação: em Nosso Sangue, Nosso Corpo, as câmeras acompanham garotas que colocam essa missão em prática em suas comunidades. "É uma mudança muito forte. O que diferencia a geração Z [pessoas nascidas entre o fim da década de 1990 e 2010] das anteriores é o acesso à informação. Elas conseguem dar novos significados a esse processo", afirma a diretora do documentário, Mariana Cobra, em coletiva de imprensa. 

Leia também:
+ Falta de informação perpetua mitos sobre a menstruação
+ Na década de 40 a Disney produziu um curta sobre menstruação

O documentário acompanha essas jovens em suas rotinas, momentos com suas famílias e colhe depoimentos delas sobre a menarca e como é encarar esse que é considerado pela sociedade um "momento de transformação". A baiana Natália, de 13 anos, por exemplo, conta ter escondido o fato da família por quase um dia inteiro por sentir vergonha. Luciana, mencionada no começo da matéria, e Miche Williams, de 18 anos, passaram por situações semelhantes.

Já a argentina Candela Abril, de 18 anos, usa a arte para expressar sua posição como mulher no mundo. Em uma das várias belas cenas do documentário, ela joga glitter vermelho e vários absorventes e os gruda na lousa de uma sala de aula. Aranya Johar, moradora de Mumbai, na Índia, usa as palavras para quebrar esse tabu: a garota de 18 anos interpreta poemas que escreveu sobre ser mulher em uma sociedade patriarcal marcada pelos costumes religiosos. 

A produção mostra que a menstruação é apenas um dos aspectos do grande tabu que é ser mulher em um mundo feito para os homens. "Estar brava pode ser uma coisa boa", diz Candela em uma cena. "A raiva pode ser boa... é a raiva que pode trazer mudança."

*Nosso Sangue, Nosso Corpo será exibido no canal Fox na terça-feira (21) às 13h30 e já está disponível em capítulos na internet.

Curte o conteúdo da GALILEU? Tem mais de onde ele veio: baixe o app Globo Mais para ler reportagens exclusivas e ficar por dentro de todas as publicações da Editora Globo. Você também pode assinar a revista, a partir de R$ 4,90, e ter acesso às nossas edições.