• Vitória Batistoti*
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cão (Foto: Reprodução/YouTube)

Foto: Reprodução/YouTube

Com um simples toque na tela do celular uma nova possibilidade amorosa surge. Se é tão simples escolher pretendentes para um relacionamento casual – ou talvez sério –, por que não adaptar essa metodologia para encontrar uma companhia fiel, amorosa e peluda?

Foi isso que pensou a psicóloga Andreia Freitas, 42, de Santo André, em São Paulo. “Eu tive a ideia de criar um ‘Tinder’ de animais assim que conheci o Tinder, em 2016”, explica em entrevista à GALILEU. “Porém, demorei muito tempo para estruturar como ele funcionaria porque não bastava somente achar bichos fofinhos e pessoas interessadas. Eu precisei criar todo o suporte para que ONGs promovessem o encontro dos animais com pessoas bacanas dentro daquilo que acreditamos ser uma posse responsável”, completa a psicóloga.

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Andreia está envolvida com a causa animal há mais de 20 anos, período em que atuou como protetora independente no resgate, reabilitação, castração, vacinação e doação de animais. Todo seu trabalho é divulgado na página Cachorro de Peruca, página em que é administradora.

De 2016 para cá, a psicóloga arregaçou as mangas e desenhou a ideia para que o projeto saísse do papel. Por meio de um financiamento coletivo, ela arrecadou cerca de R$ 15 mil, valor que não foi o suficiente para toda a estrutura que precisava. “Tive que me virar para fazer o site com um banco de dados potente, o design da marca, registros, patentes, consultoria jurídica e divulgação”, relembra a paulista.

Todo esse esforço, porém, será recompensado. A partir do final do primeiro semestre de 2018, a plataforma – ainda sem autorização para ter o nome divulgado – entra em fase de testes. Em forma de site, responsivo para celulares e tablets, o serviço funcionará por meio de geolocalização, conectando possíveis interessados em uma adoção com animais abandonados pela proximidade.

Para todos os gostos
Prefere cachorro? Gosta mais de gato? Tudo bem, tem para todos os gostos. De acordo com Andreia, a plataforma reunirá pets saudáveis, castrados e vacinados que estão sob os cuidados de ONGs ou protetores independentes. “Cada ONG terá o direito de cadastrar 120 animais e poderá substituir as vagas que abrirem por outros animais. Elas poderão convidar protetores independentes, que conseguirão cadastrar até 20 bichos”, explica a idealizadora da plataforma.

E assim como o Tinder, o usuário poderá responder à imagem do seu pretendente para adoção com um sinal negativo ou positivo. Caso seja amor à primeira vista, após clicar no botão ‘like’, abre-se uma nova tela na plataforma indicando as informações do bichinho e com um questionário pertinente à adoção responsável. As informações são enviadas para a ONG ou protetor independente responsável pelo cadastro do animal e é só esperar o retorno.

Conforme reitera Andreia, todos os cadastrados deverão estar com boas condições de saúde e será proibida a veiculação de pedidos de resgate ou dinheiros – estes poderão ser reportados como irregularidade.

Por outro lado, os pequeninos que necessitam de cuidados extras ou que têm alguma deficiência ganharão destaque. “Esses terão um destaque maior, junto com uma divulgação mais maciça de animaizinhos idosos. Quero aumentar as chances de adoção dos animais menos adotados”, comenta Andreia.

Um olho no prato, outro no gato: GPS rastreia felinos (Foto: Revista Galileu)

Foto: Revista Galileu

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Além da proposta de ajudar animais abandonados a encontrarem um lar, a psicóloga pensa em utilizar a plataforma para ajudar ONGs e protetores a melhorar a divulgação de adoção dos bichos. “Eu vejo pela estética da minha página Cachorro de Peruca que os animais que estão ‘bem arrumadinhos’ têm mais visibilidade e compartilhamento. Às vezes, uma camisetinha no cachorro já faz a publicação viralizar. Quero fornecer tudo o que for possível para otimizar a divulgação dos animais pronto para adoção”.

Em um terceiro momento, aproveitando o banco de dados e a geolocalização da plataforma, Andreia pensa em coletar dados para identificar e divulgar cidades que parceiras da causa animal. “Listaremos as políticas públicas que um lugar tem em relação aos bichos. O objetivo é pressionar as prefeituras para que elas passem a se preocupar com a causa e queiram ser associadas como cidades amigas dos pets” explica a psicóloga.

“Será, também, uma rede importante até para identificar onde ocorrem mais abandonos, quais áreas precisam com mais urgência de castração. Irei disponibilizar os dados para sugerir melhorias”, completa. Para esses desdobramentos, porém, a idealizadora espera patrocínio de marcas parceiras. Haverá também um espaço para interessados em fazer doações ao projeto.

A plataforma será gratuita e terá funcionamento em todo o território nacional, dependendo do interesse de ONGs locais em quererem participar. Assim, simples, responsável e prático. O difícil mesmo vai ser não sair adotando todos os bichinhos.

*Com supervisão de Thiago Tanji

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