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O Brasil vive um momento de turbulência. A crise – que fez o desemprego bater o recorde desde 2012, chegando a 11,9% no trimestre encerrado em novembro, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – trouxe uma reflexão importante sobre os rumos profissionais de quem está saindo da universidade e também de quem já tem uma carreira estabelecida. Afinal, qual o caminho mais indicado para o seu perfil: a vida acadêmica ou o mercado de trabalho? Como momentos de dificuldade representam oportunidades, elaboramos um guia com perguntas e respostas para ajudar você a descobrir por onde seguir para alcançar o sucesso. Confira:

1. Quais são as vantagens e desvantagens do mercado de trabalho?
As vantagens de buscar uma vaga no mercado de trabalho são: exercitar na prática o que foi aprendido na teoria, aprimorar competências comportamentais e técnicas, manter-se atualizado quanto às tendências de mercado, ampliar o relacionamento interpessoal, entre outras. Em contrapartida, quem segue a vida acadêmica tem mais contato com as pesquisas recentes. “Mas isso pode ser retomado a qualquer momento, então, entendo que o ideal é passar pelo mercado de trabalho antes de seguir a carreira acadêmica”, afirma Roberta dos Santos Barossi, professora do MBA em Gestão de Pessoas da Unisinos.

2. Quais são as vantagens e desvantagens da carreira acadêmica?
Segundo Roberta dos Santos Barossi, entre as vantagens da carreira acadêmica estão a flexibilidade de horários, o conhecimento acadêmico sempre atualizado, a ampliação das competências comportamentais, networking, entre outras. “A principal desvantagem que vejo é o fato de o conhecimento se tornar obsoleto por não ser aplicado na prática, no mercado de trabalho”, diz. A professora acredita, no entanto, que o fundamental na hora da escolha é buscar o que trará felicidade. “Nenhuma das escolhas será fácil, ambas precisarão de ações concretas para alcançar o sucesso. Ambas terão o ônus e o bônus, dependerá de quais são os planos de cada um para o futuro.”

3. Os dois caminhos podem se complementar?
É possível conciliar academia e mercado. Para seguir em paralelo com ambas as carreiras, são necessários planejamento, foco e comprometimento, além de trabalhar em uma empresa que permita uma jornada mais flexível de trabalho, se for o caso, ou que apoie este desenvolvimento, já que será diretamente utilizado na própria empresa.

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4. Momentos de crise são boas oportunidades de fazer a transição do mercado para a academia, e vice-versa?
Mais do que se basear somente na crise econômica enfrentada pelo país, a migração depende de uma conjunção de fatores: do momento profissional, do cenário da instituição ou empresa onde se trabalha e também da situação econômica da comunidade em que se vive. “Pode ocorrer de o profissional de mercado dispensado pela empresa pensar em investir na sua carreira acadêmica para transformar-se em consultor ou professor. Assim como um professor pode ter sua carga horária reduzida e optar por retornar ao mercado de trabalho. Então, isso vai depender muito do momento pessoal de cada um”, acredita Roberta.

5. O que o profissional precisa ter em mente antes de mudar seu foco do mercado de trabalho para a carreira acadêmica?
O ponto fundamental nessa escolha é planejamento em longo prazo. “Além disso, precisa conhecer bastante tecnicamente a área em que pretende atuar e investir na formação acadêmica, em mestrado ou doutorado”, aconselha. Ela elenca as principais características para ter sucesso na vida acadêmica: comprometimento, planejamento, adaptabilidade, comunicação, inovação, inteligência emocional e foco. “O profissional que optar pela docência deve saber que terá uma parte do trabalho fora da sala de aula, que será corrigir e elaborar provas e trabalhos.

Assim como prazos a cumprir”, complementa. Para Roberta, outro ponto importante é ter consciência de que os resultados do trabalho realizado em sala de aula não serão imediatos como em uma empresa. “Na carreira acadêmica é preciso ter paciência, não se apegar ao fato de querer acompanhar os resultados e, principalmente, se o aluno irá executar o que aprendeu da forma como foi ensinado, já que o conhecimento é compartilhado em sala de aula e aproveitado de forma diferente por cada um”, explica. Ela acrescenta que um bom acadêmico deve estar sempre aberto a feedbacks e a mudanças. “Professor que não é aberto a mudanças, atualmente, não tem uma carreira bem-sucedida no meio acadêmico, pois aprendemos muito mais com os alunos do que eles conosco”, ressalta.

6. E o acadêmico, o que deve considerar antes de ingressar no mercado de trabalho?
Na maioria das vezes, é necessário que o profissional se adapte à cultura da empresa e, portanto, a forma de atuação é mais restrita, o que pode ser frustrante para quem tem a oportunidade de aplicar o conhecimento de maneira mais ampla na universidade. “O objetivo a ser alcançado também é restrito e a possibilidade de mudança nem sempre é bem-vinda, pois a pressão por resultados geralmente é mais importante que o fato de alcançar os objetivos em longo prazo”, esclarece Roberta. Portanto, para fazer a transição, o profissional deve ter em mente que o mercado de trabalho é mais imediatista, altamente competitivo, focado em resultados e com aprendizado contínuo. E, nesse cenário, a capacidade de adaptar-se às necessidades específicas da empresa é uma característica fundamental.

7. Como os profissionais podem se preparar para mudar o rumo da carreira?
De acordo com Roberta, é necessário que o profissional mantenha-se atento e atualizado sobre o que está ocorrendo no mercado em que ele pretende se inserir. “Foco, abertura e busca pelo conhecimento são fundamentais. Assim como saber onde buscar a fonte adequada para adquirir o conhecimento necessário ao trabalho que ele vai executar”, afirma a professora.

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