História
Conheça a história de 5 guerras causadas por motivos bizarros
Humanos versus avestruzes, uma disputa causada por um cão que fugiu... conheça as origens de alguns dos conflitos mais inusitados da história
4 min de leitura![Emus saíram vitoriosos no confronto contra os soldados australianos (Foto: Wikimedia Commons) Emus saíram vitoriosos no confronto contra os soldados australianos (Foto: Wikimedia Commons)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/9SPlSkFTYGw20QnvCdJcAn4Ra7I=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/01/27/sem_titulo.jpg)
Emus saíram vitoriosos no confronto contra os soldados australianos (Foto: Wikimedia Commons)
Uma guerra pode começar pelos mais diversos motivos: honra, glória, liberdade, posse de recursos naturais, sentimento de ameaça... e outras questões, digamos, menos nobres. Você sabia que australianos já entraram em conflito com aves que são parentes do avestruz? E que Honduras e El Salvador guerrearam por causa de uma partida de futebol?
Saiba mais sobre esses e outros conflitos bizarros:
1. Guerra dos Emus
Não é de hoje que a Austrália sofre com animais que se tornaram pragas em todo o território. Em 1932, mais de 20 mil emus – primos do avestruz – migraram depois da temporada de reprodução, indo do interior à costa, e começaram a invadir territórios particulares, destruindo plantações em fazendas.
Em resposta, o exército australiano declarou guerra a esses animais ao enviar um contingente de soldados armados com metralhadoras Lewis e 10 mil cartuchos para matar os bichos. Porém, os emus eram rápidos e muitos continuavam correndo mesmo após serem baleados.
Segundo o major G.P.W. Meredith, comandante da operação, os animais eram mais espertos do que se pensava: formaram uma tática de guerrilha e tinham um líder, que vigiava os soldados enquanto o restante saqueava trigo. O líder ainda dava um sinal quando os humanos atiravam, fazendo com que todos corressem. Resultado? Após semanas de combate, o governo reconheceu a derrota e as aves venceram.
2. Guerra do Lijar
Em 1883, a cidade espanhola de Lijar, com apenas 300 de moradores (número que não mudou até hoje), declarou guerra à França após o então rei da Espanha, Alfonso XII, ser hostilizado em Paris. Apesar do fato não ter abalado as relações entre os dois países, a cidade estava certa de sua decisão e o conflito durou cem anos, mesmo sem um tiro sequer.
Noventa e três anos depois, o rei espanhol Juan-Carlos fez uma viajem a Paris e foi bem tratado pelos moradores locais. O prefeito de Lijar comentou que “levando-se em conta a excelente atitude dos franceses”, eles iriam cessar as hostilidades. Em 1983, um acordo de paz foi assinado entre a cidade e a França.
![Localização de Lijar, na Espanha (Foto: Wikimedia Commons) Localização de Lijar, na Espanha (Foto: Wikimedia Commons)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/8l8CoIDXZ0NVeYJsR82WeCAAG84=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/01/27/kjv.jpg)
Localização de Lijar, na Espanha (Foto: Wikimedia Commons)
3. A guerra do cão que fugiu
No início do século 20, a relação entre Grécia e Bulgária não estava muito amigável por conta de guerras passadas. Para piorar, grupos radicais búlgaros organizaram excursões nas fronteiras para causar pequenas disputas. Um desses grupos controlava a cidade de Petrich, que faz divisa com a Grécia. Em 19 de outubro de 1925, um grego foi baleado ao atravessar a fronteira perseguindo seu cachorro fugitivo.
O governo da Búlgara, percebendo o risco do ocorrido, até tentou se desculpar com o país vizinho, mas não adiantou: a Grécia declarou guerra e invadiu Petrich. A Bulgária pediu ajuda à Sociedade das Nações (uma espécie de ONU que existia naquela época) para impedir a batalha, que acabou matando 100 soldados e rendeu uma multa de 45 mil libras aos gregos. Ninguém sabe em qual lado ficou o cachorro.
4. A Guerra do Futebol
A tensão entre El Salvador e Honduras não é de hoje. Na década de 1950, os dois países se estranhavam por causa de questões migratórias: El Salvador tinha 3 milhões de habitantes em um território menor que o estado de Sergipe (o menor estado brasileiro), fazendo com que muitas pessoas migrassem para o país vizinho, maior e menos populoso. A situação piorou quando o governo hondurenho começou a deportar os imigrantes.
Além da crise imigratória, os países também disputavam fronteiras no mar e na terra, como algumas ilhas do Golfo de Fonseca, localizado no Oceano Pacifico.
Com os ânimos à flor da pele de ambos os lados, não faltava muito para que uma verdadeira guerra começasse. O estopim foi causado em 1969, por uma simples partida de futebol entre os dois países – que valia um lugar na Copa do Mundo do ano seguinte. O jogo terminou em 3x2 para os salvadorenhos, e as relações diplomaticas com Honduras foram rompidas. Duas semanas depois, no dia 14 de julho, os combates armados entre as forças militares nacionais começaram, incluindo o uso de armamento pesado utilizado na Segunda Guerra Mundial.
O cessar-fogo veio quatro dias depois, na noite do dia 18 de julho, graças à intervenção da Organização dos Estados Americanos (OEA). Mas o estrago já havia sido feito: mais de 6 mil pessoas morreram no conflito, a maioria civis hondurenhos. Até hoje existem desavenças entre os dois países.
![Após partida de futebol, Honduras e El Salvador romperam relações diplomáticas (Foto: Wikimedia Commons) Após partida de futebol, Honduras e El Salvador romperam relações diplomáticas (Foto: Wikimedia Commons)](https://cdn.statically.io/img/s2.glbimg.com/e1wOku7GsgC2R1YgQ1sn60BMVXs=/e.glbimg.com/og/ed/f/original/2020/01/27/kjh.jpg)
Após partida de futebol, Honduras e El Salvador romperam relações diplomáticas (Foto: Wikimedia Commons)
5. A guerra que durou 335 anos
Uma guerra travada entre a Holanda e as Ilhas Scilly, na Inglaterra, foi o confronto mais duradouro da história, mas também, o que menos teve consequências – não houve um tiro sequer. Em 1651, as nações disputaram um pequeno arquipélago, que pertencia ao Reino Unido. O clima de desavença durou apenas 3 anos e, por falta de um tratado, a guerra percorreu por mais 331 anos.
Em 1985, Roy Duncan, um historiador e político que representava as Ilhas Scilly convidou o embaixador holandes, que residia em Londres, para visitar o arquipélago, fazendo com que eles assinassem um tratado de paz e encerrassem a guerra mais longa de todos os tempos.
*Com supervisão de Luiza Monteiro