• Tomás Mayer Petersen
Atualizado em
A dinastia Qing governou a China de 1644 a 1912 (Foto: Wikimedia Commons)

A dinastia Qing governou a China de 1644 a 1912 (Foto: Wikimedia Commons)

Última dinastia da China imperial, o Império do Grande Qing governou o país de 1644 a 1912. Durante esse período, tornou-se o maior e mais populoso império do mundo e ajudou a formar a identidade cultural da China. Mas não resistiu à chegada dos ocidentais e à necessidade de um comércio global.

Antes de o último imperador ser destituído para dar lugar à república, a China viveu sob a Dinastia Qing um “Século de Humilhação”. Entenda:

Origem
A Dinastia Qing foi formada por um conjunto de tribos da etnia Manchu que tomou o poder da Dinastia Ming, de etnia Han. Eles eram originários da região da Manchúria, ao norte da China. Unidos sob o poder do clã Aisin Gioro, tomaram o poder em 1644. Mantiveram, porém, a capital imperial em Pequim e preservaram parte dos costumes e da burocracia Han. O primeiro imperador chinês da Dinastia Qing foi Shunzhi, que governou até o ano de 1661.

Auge
A China sob o Império do Grande Qing teve seu auge durante o governo de três imperadores: Kangxi (o mais longevo da história chinesa, que esteve no poder de 1661 a 1722), Yongzheng e Qianlong. Num período de 130 anos, o país viveu seu ápice econômico, militar e social: chegou a 430 milhões de habitantes, triplicou de tamanho com a conquista de Tibet, Taiwan, a região de Xinjiang (no noroeste) e de territórios na Sibéria. A cultura também floresceu: Qianlong supervisionou a produção do Siku Quanshu, até hoje a maior coleção de livros sobre a história chinesa.

Começo do declínio
Em 1795, sob Qianlong, a China era autossuficiente e o maior e mais populoso império do mundo. Três anos antes, quando o emissário inglês Lorde Macartney visitou o país, ouviu do próprio imperador que a China não precisava de nenhuma mercadoria ou tecnologia estrangeira. Dessa empáfia começaram os problemas: por limitar a saída de produtos como chá, seda e artesanato ao porto de Cantão, a China passou a ser pressionada pelas grandes forças navais ocidentais como Rússia, Estados Unidos, França e, principalmente, a Inglaterra.

Século da Humilhação
De 1839 a 1912, a China viveu o Século da Humilhação. Pressionada pelas forças ocidentais a abrir seu portos, principalmente para o comércio de ópio, a Inglaterra iniciou uma série de ataques navais que desencadearam as três Guerras do Ópio. Os conflitos resultaram em uma abertura forçada dos portos chineses ao Ocidente, quase como um semicolonialismo.

Outro evento que evidenciou a fraqueza da Dinastia Qing foi a Rebelião Taiping. Liderada por Hong Xiquan, que acreditava ser irmão de Jesus Cristo e queria transformar a China num país cristão, a revolta durou 14 anos (de 1850 a 1864). Foi sufocada pelas forças imperiais, mas a um custo 10 a 30 milhões de vidas.

Fim
O Século da Humilhação terminou ainda com uma derrota para o Japão na primeira Guerra Sino-Japonesa, em 1895. Como consequência, e inspirada pela Restauração Meiji do país vizinho, a China tentou se modernizar, mas forças conservadoras dentro da Dinastia Qing assumiram o governo.

Em mais uma tentativa de demonstrar poder, os governantes decidiram apoiar a Revolta dos Boxers em 1900, uma revolução de cunho xenófobo que visava eliminar a presença estrangeira na China. Mas isso não foi o suficiente para evitar a necessidade de mudança. Em 1912, a Revolução Xinhai destronou o jovem imperador Puyi, de apenas 6 anos, e transformou o país numa república.

Legado
Além da Dinastia Yuan, de origem mongol, a Dinastia Qing foi o único grupo étnico não-Han a governar a China. Apesar disso, muito da estética chinesa que conhecemos hoje é Qing. Exemplos: o qipao, vestido feminino típico chinês, e o corte de cabelo com as laterais da cabeça raspadas e um longo rabo de cavalo trançado descendo a partir do topo da cabeça.