• Nathalia Fabro
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Hipátia de Alexandria, a primeira mulher matemática da história (Foto: Reprodução/A. Seifert/Wikimedia Commons)

Hipátia de Alexandria, a primeira mulher matemática da história (Foto: Reprodução/A. Seifert/Wikimedia Commons)

Foi por volta do ano de 355 que nasceu Hipátia,  em Alexandria, no Egito. Filha de Theon, que era matemático, filósofo, astrônomo e um dos últimos diretores do Museu de Alexandria, ela decidiu seguir os caminhos do pai em busca do conhecimento. Mas isso lhe custou a vida: foi assassinada por defender o racionalismo científico grego (a do raciocínio como lógica de pensamento). Hoje, Hipátia é considerada a primeira mulher matemática que a humanidade tem registros. Conheça a sua história:

Educação e trabalho
Ela frequentou a Academia de Alexandria e, influenciada pelo pai, estudou astronomia, religião, poesia, artes e ciências exatas. Mais tarde, foi aluna de uma escola neoplatônica em Atenas, na Grécia, na qual as doutrinas seguiam aspectos espirituais e cosmológicos do pensamento de Platão, um dos responsáveis pelo desenvolvimento da filosofia ocidental. Atuando na matemática, Hipátia desenvolveu estudos sobre a aritmética de Diofanto de Alexandria, matemático grego do século 3 a.C., considerado o pai da álgebra. Segundo estudiosos, Hipátia pretendia unificar as ideias de Diofanto com o neoplatonismo.

Hipátia ainda desenvolveu trabalhos de ciências exatas e medicina. Quando retornou ao Egito, tornou-se professora de matemática e filosofia. Com seu pai, Theon, lançou comentários sobre os Elementos de Euclides – que são 13 livros sobre geometria, álgebra e aritmética, escritos pelo matemático grego Euclides. 

Posteriormente, virou diretora da Academia de Alexandria. Ela também analisou os conceitos matemáticos da obra As Cônicas, escrita por Apolônio de Tiana, filósofo e professor grego. De acordo com historiadores, ela tornou o documento mais acessível e fácil de ser entendido. 

Retrato de Hipátia de Alexandria (Foto: Desenho de Jules Maurice Gaspard (1862–1919)/ Reprodução Wikimedia Commons)

Retrato de Hipátia de Alexandria (Foto: Desenho de Jules Maurice Gaspard (1862–1919)/ Reprodução Wikimedia Commons)

Reconhecimento
Poucas contribuições de Hipátia foram preservadas, pois muitos de seus projetos foram perdidos durante a destruição da Biblioteca de Alexandria, que teria ocorrido no século 6. Um de seus alunos, Sinésio de Cirene, declarou que ela construiu um astrolábio (instrumento naval), um hidrômetro e um higroscópico (material que absorve água). 

Hipátia também foi professora de matemática para aristocratas pagãos e cristãos. O livro brasileiro A História de Hipátia e de Muitas Outras Matemáticas, descreve que sua inteligência a levou a ser conselheira de Orestes, que fora seu aluno e depois foi prefeito do Império Romano no Oriente. "A natureza especial de Hipátia, tratando todos os seus alunos igualmente, sendo educada, tolerante e racional, desencadeou uma série de ciúmes que resultaram em inimizades", aponta a obra. 

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Perseguição 
Por defender o racionalismo científico, a matemática foi acusada de blasfêmia e sentimentos anticristãos. Ela, no entano, nunca declarou ser aversa ao cristianismo. Na verdade, Hipátia dava aulas para pessoas de diversas crenças religiosas. 

Uma emboscada tirou a sua vida. Há diferentes versões que contam seu assassinato; a mais aceita é a do historiador inglês Edward Gibbon na obra O Declínio e a Queda do Império Romano, publicada em seis volumes entre 1776 e 1778. Ele narra que, em uma manhã da Quaresma em 415, Hipátia foi atacada na rua. Ela estava voltando para casa em uma carruagem e pessoas lhe arrancaram os cabelos, as roupas, os braços e as pernas. Depois, o resto de seu corpo foi queimado. 

Representação da morte de Hipátia de Alexandria;  (Foto: Autor desconhecido/Reprodução Wikimedia Commons/Public Domain)

Representação da morte de Hipátia de Alexandria; (Foto: Autor desconhecido/Reprodução Wikimedia Commons/Public Domain)

Legado
Hipátia nunca se casou e não teve filhos. Como a sua morte foi muito violenta, declarou-se então que havia chegado ao fim o período antigo da matemática grega. Por ter ousado a ser professora em uma época na qual as mulheres não podiam fazer quase nada, muito menos ter acesso ao conhecimento, sua trajetória torna-se uma inspiração até hoje.

Considerada a primeira mulher matemática da humanidade, ela ganhou um filme para contar a sua história: Alexandria, que estreou em 2009. A produção espanhola tem a atriz Rachel Weisz no papel de Hipátia. Assista ao trailer

Lugar de mulher é na Ciência (Foto: Divulgação)

Selo da campanha Lugar de Mulher é na Ciência, da GALILEU 

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