• Redação Galileu
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O que significa ser uma pessoa não-binária (Foto: Tim Samuel/Pexels)

O que significa ser uma pessoa não-binária (Foto: Tim Samuel/Pexels)

Você provavelmente já se deparou com a expressão “gênero não binário” na internet. O termo, apesar de não ser novo, ganhou maior destaque recentemente em função das declarações de celebridades que não se identificam simplesmente como homens ou mulheres.

Esse é o caso da atriz brasileira Bárbara Paz que, em uma entrevista para o podcast Almasculina, se descreveu como uma pessoa inquieta. “Uma mulher, um homem, não binária. Descobri que sou não binária há pouco tempo”, disse no episódio que foi ao ar em 1º de maio.

E, no dia 19 do mesmo mês, a cantora norte-americana Demi Lovato também compartilhou o seu processo de autoconhecimento nas redes sociais. “Eu passei por um trabalho de cura e reflexão e, com isso, tive a revelação de que me identifico como pessoa não binária”, falou em vídeo publicado no Twitter. “Acredito que isso representa melhor a fluidez que sinto na minha expressão de gênero”, complementou.

Bom, mas o que exatamente significa ser uma pessoa não binária? Para começo de conversa, é interessante resgatar dois conceitos: cisgênero e transgênero. O indivíduo cisgênero é aquele que se identifica com o gênero que lhe foi designado de acordo com o órgão genital.

Os transgêneros, por sua vez, são aqueles que não se identificam com o gênero imposto no nascimento com base no sexo biológico — e é aqui que se encontram os não binários, além de mulheres trans e homens trans.

“Pessoas não binárias sentem que sua identidade de gênero não pode ser definida dentro das margens da binariedade”, explica a organização LGBT Foundation. “Em vez disso, elas entendem o gênero de forma que ultrapassa a mera identificação como homem ou mulher.”

Assim, os não binários podem se reconhecer nos gêneros femino e masculino ao mesmo tempo, mas também não se identificar com nenhum desses dois rótulos, ou então se sentir às vezes como homens e outras vezes como mulheres.

Qual pronome usar?

O que significa ser uma pessoa não-binária (Foto: Sharon McCutcheon/Unsplash)

Acima, uma placa escrito "Olá, meus pronomes são" com espaços em branco para serem preenchidos conforme a preferência de cada indivíduo (Foto: Sharon McCutcheon/Unsplash)

No dia a dia, a linguagem é um mecanismo importante de afirmação de identidade, autoconfiança e autenticidade, pontua a LGBT Foundation. E, assim como os seres humanos, esse é um recurso bastante diverso, então vale se atentar para a maneira correta de se referir às pessoas.

É dentro desse contexto que, visando a inclusão, a linguagem neutra ganha força. Enquanto alguns indivíduos não binários optam por um pronome de tratamento específico ("ele" ou "ela"), outros preferem os neutros, como “ile” ou “elu”, que substitui os marcadores de gênero (“a” e “o”) por “u”. 

No caso de outras palavras, “a” e “o” podem ser trocados por “e”, como em “senhore”, “filhe”, “amigue” e “todes”. E, ao utilizar o masculino para falar de forma genérica, como em "professores", é possível optar por termos mais amplos, como "corpo docente".

Diante de tanta diversidade, não há regras universais. O princípio, porém, é básico: respeito. Se você não souber como se referir a alguém, basta perguntar.

Também é fundamental respeitar o nome com o qual a pessoa se apresenta e não questionar qual seria o nome antigo. “Esse é um dos principais pontos para ser respeitoso com uma pessoa não binária, porque o nome que você utiliza pode não refletir a identidade de gênero dela”, explica a fundação norte-americana National Center for Transgender Equality.

Apesar de não ser nova, a não binariedade ainda é desconhecida por muitos e frequentemente é alvo de discriminações e atitudes desrespeitosas. Por isso, é importante ter em mente que a forma como você deseja ser tratado não necessariamente é a maneira mais adequada de tratar outras pessoas e que a identidade de gênero é uma experiência interna e individual.