• Marília Marasciulo
Atualizado em
O médico checo Sigmund Freud (Foto: Reprodução)

O médico tcheco Sigmund Freud (Foto: Reprodução)

Antes um tabu em uma sociedade que separava os “loucos” dos “sãos”, a saúde mental começou a ser desmistificada graças ao alemão Sigmund Freud no fim do século 19. Desde então, diferentes métodos e abordagens foram desenvolvidos para tratar desde problemas mais graves, como depressão e ansiedade, até questões mais “simples”, tipo buscar autoconhecimento e alívio para as angústias do dia a dia.

Entender como cada linha terapêutica funciona é importante para quem está interessado em iniciar alguma psicoterapia. Conheça os 5 tipos mais comuns e para que são indicados:

1. Terapia cognitivo-comportamental
A terapia cognitivo-comportamental (TCC) e seus subtipos (aceitação e compromisso, comportamental, analítico-cognitiva, racional emotiva comportamental) foca em entender a relação entre a forma com que as pessoas pensam e seus comportamentos. Assim, identificam-se pensamentos disfuncionais que levam a comportamentos negativos (sintomas de depressão e ansiedade, por exemplo). 

A TCC é considerada uma terapia diretiva, ou seja, depois de identificar o problema, o analista sugere que o paciente faça mudanças a fim de mudar seu raciocínio e, consequentemente, seus sintomas.

Um dos pais da TCC é o psiquiatra americano Aaron Beck. Ele formulou os preceitos dessa psicoterapia a partir de estudos sobre depressão nos anos 1960. Experimentos científicos demonstram a eficácia da TCC no tratamento de outros transtornos, a exemplo de pânico e fobia social.

2. Psicanálise
É a psicoterapia que tem o pai mais famoso: o alemão Sigmund Freud, que a desenvolveu no fim do século 19, partindo da premissa de que se deve investigar os processos mentais tanto conscientes como inconscientes. Freud acreditava que muitos dos nossos sintomas partem de impulsos reprimidos no inconsciente, originados especialmente na infância. O objetivo da psicanálise, então, é trazer à tona esses conflitos para o consciente.

O método psicanalítico consiste em deixar o paciente falar livremente, sem receber críticas. Geralmente, a pessoa fica deitada no divã, de costas para o terapeuta. A tarefa do psicanalista é estimular que o paciente interprete as conexões entre o que é dito e os sintomas apresentados. É uma terapia não diretiva, ou seja, o terapeuta não sugere nenhum tipo de ação ao paciente, apenas o ajuda a fazer as associações.

3. Junguiana
Discípulo de Freud, o suíço Carl Jung discordou de certos princípios do mestre e criou seu próprio método no começo do século 20. Para Jung, as narrativas e arquétipos presentes nos sonhos são a chave para chegar aos problemas reprimidos no inconsciente do paciente. Por isso, ele utiliza, além das experiências oníricas, atividades que estimulam a criatividade e a reconstrução dessas narrativas, como desenhos, esculturas e a técnica da caixa de areia.

Na terapia Junguiana, paciente e terapeuta sentam e conversam frente a frente. Ela é muito útil para tratar vícios, depressão e para quem busca autoconhecimento profundo.

4. Humanismo
A psicoterapia humanista parte do conceito de aceitação incondicional. Seu principal expoente é o psicólogo americano Carl Rogers, que formulou na década de 1950 a “abordagem centrada no cliente”, baseada na recusa em identificar a pessoa em terapia como um paciente ou doente (por isso, são chamados de “clientes” no humanismo). Para ele, a mudança só é possível quando nos aceitamos como somos.

As sessões não são estruturadas, e a relação entre terapeuta e cliente tende a ser igualitária. Ambos devem buscar a empatia, a aceitação positiva incondicional e a autenticidade em relação aos problemas da pessoa em terapia, potencializando a autoconfiança.

5. Comportamental
Também conhecida como terapia behaviorista (do inglês behavior, que significa “comportamento”), essa psicoterapia busca desvendar como as condutas do paciente são afetadas por determinados ambientes. É focada em identificar comportamentos aprendidos ou condicionados e entender como eles afetam a vida do paciente.

É uma das psicoterapias mais diretivas. O psicólogo utiliza uma gama de técnicas para ajudar o paciente a alterar os comportamentos que ele não consegue mudar sozinho, inclusive “deveres de casa”. É muito utilizada para casos de fobias, vícios, problemas de socialização e aprendizado.