• Giuliana Viggiano
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A irresistível face do mal: 12 diferenças entre filme e vida de Ted Bundy (Foto: Reprodução Netflix)

A irresistível face do mal: Ted Bundy na vida real (à esquerda) e o serial killer interpretado por Zac Efron (Foto: Reprodução Netflix)

Estrelado por Zac Efron, A irresistível face do mal conta a história de Ted Bundy, serial killer que usava seu charme para atrair vítimas durante a década de 1970, nos Estados Unidos.

O filme da Netflix mostra a vida de Bundy e Liz Kloepfer (Lily Collins), com quem ele namorou por muito tempo. Na ficção, Kloepfer responde pelo sobrenome de Kendall. A narrativa é baseada no livro The phantom prince: My life with Ted Bundy ("O príncipe fantasma: Minha vida com Ted Bundy", em tradução livre), em que Liz traz relatos sobre os anos que passou ao lado do criminoso. Mas isso não significa que os fatos apresentados na produção sejam sempre verdadeiros.

O próprio diretor do filme, Joe Berlinger, admitiu em entrevistas que alguns fatos da vida de Bundy foram alterados para deixar o longa mais dinâmico. A seguir, saiba o que é realidade e o que é ficção em A irresistível face do mal. Confira:

1. O relacionamento de Ted Bundy e Liz Kloepfer
No filme, o relacionamento entre Bundy e Liz parece tranquilo e amoroso — o tipo de namoro que qualquer pessoa espera ter. Entretanto, em sua biografia, a ex-mulher do assassino conta episódios em que ele foi extremamente abusivo.

Bundy e Kloepfer durante o período em que namoravam (Foto: Reprodução Netflix)

Bundy e Kloepfer durante o período em que namoravam (Foto: Reprodução Netflix)

Ela relata ocasiões em que o serial killer a deixou presa para fora de casa, conta sobre discussões intensas e até uma circunstância em que ela o confrontou e Bundy deu um tapa nela.

Além disso, Liz lembra de uma noite em que acordou tossindo e teve de arejar seu quarto por conta da fumaça da lareira que tomara conta do ambiente. Em uma conversa que teve com Bundy quando ele já estava na prisão, o criminoso assumiu que aquela fora uma tentativa de matar a “amada” asfixiada.

2. O ritmo em que os fatos acontecem
Os acontecimentos na vida real demoraram muito mais tempo para acontecer do que como representados no filme. O que faz sentido, já que Bundy cometeu crimes durante anos e sua história é contada em pouco menos de duas horas.

Ainda assim, em determinados momentos pode parecer que os eventos ocorreram rapidamente, quando demoraram meses para se desenvolver. Seu último julgamento, por exemplo, levou quase um ano para chegar ao fim. Além disso, o intervalo entre a denúncia de DaRonch, a jovem do início da história e a identificação de Bundy foi de aproximadamente dois meses, e não alguns dias, como parece no filme

3. As circunstâncias de sua segunda fuga
Bundy de fato utilizou os tubos de ventilação da penitenciária para fugir, em 1977, mas as circunstâncias em que isso aconteceu foram um pouco diferentes das apresentadas no filme. O serial killer não escapou em plena luz do dia, mas sim no meio da noite, no dia 30 de dezembro daquele ano.

O assassino aproveitou que a prisão estava relativamente calma por conta das festas de fim de ano e deu no pé no meio da madrugada. Para a sorte dele, o chefe dos carcereiros não estava por lá e os funcionários da prisão só perceberam na manhã seguinte que o “homem” em sua cama era, na verdade, um monte de travesseiros.

4. A cena do cachorro foi pura invenção
Quando Bundy e Liz estão em um canil no estadode Utah em busca de um cachorro para a adoção e um dos animais começa a latir para ele, é como se o espectador pudesse prever o que estava por vir. E é exatamente por isso que aquela cena foi colocada ali, segundo os roteiristas do filme.

5. As menções ao livro Papillon são apenas um “toque poético”
No filme, Bundy insiste para que Liz leia o livro Papillon, de Henri Cherrière. Entretanto, na biografia escrita pela ex-namorada do assassino não existe qualquer menção à obra.

6. Os julgamentos de Bundy
Apenas dois dos três julgamentos de Bundy aparecem no filme. O terceiro, no qual o assassino foi condenado pela morte da jovem Kimberly Leach, não é retratado. Ainda assim, diversas cenas foram inspiradas nessa passagem do criminoso pelo tribunal.

O diretor se baseou na transcrição oficial dos julgamentos para criar as falas das personagens e, por mais que grande parte dos diálogos seja idêntica ao que aconteceu na realidade, há algumas diferenças. O juiz, por exemplo, nunca comparou a plateia com um grupo de turistas “esperando por um show de golfinhos no SeaWorld”.

Ted Bundy confessou ter matado 36 mulheres, mas autoridades suspeitam que seu número de vítimas chegue a 100 (Foto: Reprodução Netflix)

Ted Bundy confessou ter matado 36 mulheres, mas autoridades suspeitam que seu número de vítimas chegue a 100 (Foto: Reprodução Netflix)

Além disso, as atitudes de Bundy parecem ter sido amenizadas. Durante sua defesa, o assassino foi ainda mais teatral e eloquente do que a representação de Zac Efron dá a entender — o serial killer literalmente “dava um show” nos tribunais, com direito a gritaria e tentativas de conquistar espectadores por meio de seu charme.

7. Os advogados de Bundy
De fato, Bundy teve diversos advogados que tentaram convencê-lo a se declarar culpado para que sua pena fosse amenizada. Ainda assim, os profissionais não atuaram em todas as partes dos julgamentos do assassino, já que ele optou por representar a si mesmo.

Outra cena que foi diferente da realidade é o confronto da evidência da marca de mordida em uma das vítimas de Bundy. No filme, o próprio serial killer tenta desacreditar o especialista em odontologia, enquanto na vida real quem fez isso foi o advogado do criminoso. Não deu muito certo e deixou o réu ainda mais insatisfeito com seu representante — que mais tarde foi demitido.

8. Liz tinha MUITAS evidências de que o namorado era um serial killer
Quando Liz denunciou Bundy para as autoridades, ela tinha muitas evidências de que o ex-namorado era o serial killer procurado pela polícia. No filme, apenas o modelo do carro e o retrato falado do rapaz servem de motivação para a denúncia da jovem, mas na vida real ela notou diversos outros elementos que contribuíram para sua teoria.

Dentre eles estavam vários objetos que Bundy trazia para casa após períodos em que ficava longe de casa, como calcinhas e chaves. Esses artefatos eram “souvenirs” que ele roubava de suas vítimas.

Outro aspecto importante foi o gesso que ela encontrou em uma gaveta de Bundy. A polícia sabia que o assassino usava uma tipoia falsa para conquistar a simpatia de suas vítimas — e quando Liz descobriu isso, suas suspeitas cresceram ainda mais.

9. Os amigos de Liz que aparecem no filme não existiram de verdade
Joane, amiga de Liz, e Jerry, colega de trabalho que a narrativa sugere ter um interesse amoroso pela jovem, nunca existiram. Segundo o diretor do filme, eles foram inspirados em diversas pessoas que conheciam a ex-namorada de Bundy compiladas em apenas dois personagens para tornar a história mais simples.

Ainda assim, há quem acredite que Jerry tenha sido baseado em um tal de “Hank”, antigo colega de Liz que ficou a fim dela após o término com Bundy. Os dois, entretanto, nunca ficaram juntos na vida real.

10. A temporalidade do relacionamento de Bundy e Carole Ann
No filme, Carole Ann — que foi casada com Bundy e é mãe de Rose, a única filha do assassino — descobre que ficou grávida no mesmo dia em que Bundy é condenado à morte pelos assassinatos na sororidade Chi Omega, na Flórida, em 1978. Entretanto, a ex-esposa do assassino engravidou bem depois sua condenação, e teve o bebê em meados de 1981.

Além disso, a relação dos dois começou durante a segunda passagem de Bundy pelos tribunais, mas o casamento (que aconteceu daquele jeito de verdade!) foi só durante o terceiro julgamento do assassino.

Kaya Scodelario interpreta Carole Ann Boone (Foto: Reprodução Netflix)

Kaya Scodelario interpreta Carole Ann Boone (Foto: Reprodução Netflix)

11. A última cena do filme não aconteceu na vida real
O grand finale do londa, no qual Bundy confessa para Liz que matou diversas mulheres, é totalmente falso. A jovem nunca foi visitar o ex-namorado na prisão no período anterior à sua execução. O próprio diretor do filme assumiu que aquela cena foi inventada.

Segundo os relatos de Kloepfer, ele nunca assumiu de fato a magnitude de suas crueldades. Na vida real, pouco após ter sido condenado, Bundy telefonou para a jovem e disse ter sido “comandado por uma força que não podia controlar”.

Lily Collins interpreta Elizabeth Kloepfer (Foto: Reprodução Netflix)

Lily Collins interpreta Elizabeth Kloepfer (Foto: Reprodução Netflix)

12. Bundy confessou — mas não como no filme
As confissões de Bundy começaram pouco após seu último julgamento, em 1979. O filme passa a ideia de que apenas um dia antes de sua execução o serial killer resolveu assumir seus feitos para tentar adiar ou anular sua pena.

Na vida real, porém, o assassino passou anos conversando com as autoridades para tentar se livrar da condenação. Ele também apelou diversas vezes argumentando insanidade, o que atrasou sua execução por meses.