• Redação Galileu
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Imagem dos fibroblastos  (Foto: eLife)

Imagem dos fibroblastos (Foto: eLife)

Imagine ficar 30 anos mais jovem e manter intactas todas as funções celulares de seu organismo, durante e após o processo de rejuvenescimento. Isso foi possível em uma pesquisa publicada nesta sexta-feira (8) no periódico eLife. Cientistas do Instituto Braham, no Reino Unido, e de outros centros de pesquisa internacionais conseguiram esse feito em laboratório, a partir das células da pele de uma mulher de 53 anos. A façanha pode revolucionar a medicina.

O estudo foi feito a partir de métodos da medicina regenerativa. Esse ramo tem como foco a reparação e substituição de todos os tipos de células, até mesmo as mais velhas. Para isso, os cientistas utilizam uma técnica já conhecida na biologia, a indução de células-tronco.

Em teoria, essas estruturas celulares conseguem se transformar em qualquer outra célula do corpo. Quem descobriu como fazer uma célula virar célula-tronco foi o pesquisador japonês Shinya Yamanaka, em 2007. Ele ganhou o Nobel de Medicina em 2012 pelo feito. Conhecido como fatores de Yamanaka, o processo levava 50 dias.

Hoje, já é possível fazer a transformação em apenas 13 dias a partir de um novo método. Chamado de Reprogramação Transitória da Fase de Maturação, esse procedimento se baseia nos achados do japonês e foi o responsável por permitir o rejuvenescimento das células cutâneas na nova pesquisa.

Para isso, os estudiosos selecionaram as células mais velhas e as expuseram a quatro moléculas específicas (os fatores de Yamanaka) durante 13 dias. Ao final desse período, notou-se que elementos ligados ao envelhecimento haviam desaparecido, e as células perderam sua "identidade". Os cientistas, então, deram tempo para que as células reprogramadas crescessem novamente. 

Análises genômicas mostraram que as estruturas reconquistaram marcadores das células da pele, os chamados fibroblastos. Isso foi observado a partir da produção de colágeno pelas novas células. 

A idade delas foi descoberta por meio de uma avaliação em duas etapas. A primeira era observar o relógio epigenético, que contém sinais químicos de idade no genoma. A segunda foi a transcriptoma, que consiste na leitura de todos os genes produzidos pelas células. A partir da comparação dessas duas etapas com dados de referência, os autores confirmaram que as células tinham um perfil 30 anos mais jovem.

Os cientistas perceberam também que os fibroblastos dessas células estavam produzindo mais colágeno do que as células que não passaram pelo processo e se movendo com mais rapidez para as áreas que precisavam de reparo.

Tal descoberta é um sinal promissor para outras áreas também, uma vez que o método teve efeito em genes ligados a doenças do envelhecimento, como Alzheimer. “Esse trabalho tem implicações muito interessantes. Essa abordagem promete descobertas valiosas que podem abrir um incrível horizonte terapêutico”, observa o professor Wolf Reik, que liderou a pesquisa, em comunicado.