• Redação Galileu
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Novo estudo mostra que a esmagadora maioria das bactérias que se acumulam sobre escovas de dente vem da boca (Foto:  bored photographer)

Novo estudo mostra que a esmagadora maioria das bactérias que se acumulam sobre escovas de dentes vem da boca (Foto: bored photographer)

Protegidas pela porta de um armário ou expostas ao ar livre na borda de uma pia, nossas escovas de dentes são menos vítimas da descarga do vaso sanitário do que imaginávamos. É o que revela um novo estudo da Universidade de Northwestern, em Illinois, nos Estados Unidos. Segundo o artigo, a origem da esmagadora maioria das bactérias que se acumula nas cerdas da escova é a mais óbvia: nossa boca.

Publicado na edição de 1º de fevereiro da revista Microbiome, a pesquisa extraiu DNA presente em cerdas de escovas de dentes usadas que foram enviadas por voluntários via correio. Ao comparar as comunidades de micróbios detectadas nesse grupo com as do Projeto Microbioma Humano, iniciativa criada pelos Institutos Nacionais de Saúde dos Estados Unidos (NIH, na sigla em inglês) para estudar todos os microrganismos que habitam o corpo humano, o grupo de cientistas chegou ao principal achado do que apelidaram de “Operation Pottymouth” (Operação Boca Suja, em tradução livre).

"Descobrimos que os micróbios das escovas de dentes têm muito em comum com a boca e a pele, e muito pouco em comum com o intestino humano", diz Ryan Blaustein, estudante de pós-doutorado no NIH e primeiro autor do artigo, em nota.

A equipe não descarta a possibilidade de que descargas de vaso sanitário possam levar nuvens de partículas de aerossol para as escovas de dentes mas, de acordo com os resultados do estudo, esse cenário é “razoavelmente improvável”. Algumas das bactérias identificadas nos itens analisados podem ser encontradas tanto na boca quanto no intestino humano. Os pesquisadores, no entanto, reforçam: elas provavelmente vieram da boca. 

O estudo também mostrou que as escovas de dentes de pessoas que faziam uso regular de fio dental e enxaguante bucal apresentaram menor diversidade de bactérias – isto é, estavam relativamente mais limpas. Essa diferença, no entanto, não foi significativa.

Por outro lado, quem tinha melhor higiene oral também apresentou um pouco mais de genes ligados ao aumento de resistência a antibióticos nos microbiomas. De acordo com os pesquisadores, esses genes provavelmente vieram do ar ou da poeira do banheiro, uma vez que nenhum dos voluntários afirmou fazer uso de cremes dentais antimicrobianos, utilizados no tratamento de infecções causadas por bactérias e fungos, por exemplo.

A aplicação desse tipo de produto não é recomendada pelo grupo de cientistas – a menos que seja indicada pelo seu dentista –, já que pode levar à resistência aos antibióticos no ambiente bucal.

Uma vez que nenhuma dessas bactérias foi considerada um perigo para a saúde humana, Erica Hartmann, professora assistente de engenharia civil e ambiental de Northwestern e líder do estudo, diz que o cuidado com a higiene oral não precisa ir muito além de um item básico. “Em geral, para a maioria das pessoas, o creme dental comum é suficiente", reforça.