• Redação Galileu
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Dar restos de carne para lobos teria ajudado na domesticação de cães (Foto: Pexels)

Dar restos de carne para lobos teria ajudado na domesticação de cães (Foto: Pexels)

No fim da última era glacial, entre 14 mil e 29 mil anos atrás, os humanos que alimentaram lobos com restos de carne durante invernos rigorosos podem ter desempenhado um papel crucial na domesticação dos cães. A hipótese é resultado de um estudo liderado pela Universidade de Helsinque, na Finlândia, e foi compartilhada no Scientific Reports nesta quinta-feira (7).

Os cientistas calcularam quanto conteúdo de energia teria sobrado da carne caçada e ingerida por humanos à época — sendo que os lobos compartilhavam das mesmas presas (cavalos, alves e veados, por exemplo). Então, os autores levantaram a hipótese de que, se lobos e humanos tivessem caçado os mesmos animais durante invernos rigorosos, as pessoas teriam matado os lobos para reduzir a competição em vez de domesticá-los.

Tendo isso em mente, os especialistas descobriram que, com exceção dos mustelídeos (família das doninhas, por exemplo), todas as espécies de presas teriam fornecido mais proteína do que os humanos poderiam consumir. Isto é, a carne magra que sobrava das caçadas poderia muito bem ser dada aos lobos, reduzindo assim a competição pelas presas.

Embora os humanos possam ter contado com uma dieta carnívora durante os invernos, quando os vegetais eram limitados, eles provavelmente não se adaptaram a refeições totalmente baseada em proteína animal e, portanto, podem ter favorecido a carne rica em gordura e graxa em vez de carne magra rica em proteínas. Enquanto isso, os lobos podiam sobreviver por meses com uma dieta exclusivamente à base de proteína animal.

De acordo com os especialistas, isso sugere que, nesses períodos, as pessoas podem ter alimentado os lobos em excesso com carne magra, permitindo o companherismo entre as espécies mesmo durante os meses gelados. Além disso, a prática pode ter facilitado a convivência com os lobos capturados, o uso dos animais de estimação como auxiliares de caça e guarda, facilitando ainda mais o processo de domesticação.