• Redação Galileu
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Sistema de replicação de Sars-CoV-2 é representado em 3D pela primeira vez (Foto: Rockefeller University)

Na representação, as bolinhas azuis representam enzimas que coordenam e copiam o material genético do Sars-CoV-2 (Foto: Rockefeller University)

Pesquisadores da Universidade Rockefeller, nos Estados Unidos, criaram um modelo 3D em nível atômico do sistema de replicação do Sars-CoV-2. O estudo, publicado no periódico Cell, promete ajudar na compreensão do novo coronavírus e no desenvolvimento de medicamentos para tratar a Covid-19.

"Agora temos mais um modelo estrutural que pode ser realmente útil para os desenvolvedores de medicamentos que tentam encontrar novos compostos que possam entrar na máquina molecular [do vírus] e fazê-la parar", disse Elizabeth Campbell, uma das pesquisadoras, em comunicado.

Como muitos outros vírus, o Sars-CoV-2 copia seu próprio material genético com a ajuda de diversas enzimas, principalmente da RNA polimerase dependente de RNA (ou RdR) e da helicase. A forma como essas moléculas se organizam não muda (mesmo quando em conjunto), e elas têm "bolsos de ligação" que utilizam para se conectar a outras partículas.

É exatamente por isso que, segundo os cientistas, compreender bem como funcionam e o que pode parar essas moléculas é uma ótima estratégia para impedir a proliferação do novo coronavírus. Várias pesquisas já estão sendo feitas com esse intuito, mas esta é a primeira vez que um modelo tão preciso é criado.

A equipe também criou um modelo computacional que permite testar o "encaixe" das enzimas com as moléculas presentes em outras substâncias, como medicamentos. "Quando alguém está procurando moléculas que podem se alojar em um 'bolso de ligação' em particular, ter uma imagem detalhada de como esse 'bolso' melhora muito a precisão do encaixe computacional", explicou Brandon Malone, coautor do artigo.

Embora criado com intuito de combater a Covid-19, os cientistas acreditam que a descobeta ajudará na compreensão de outros vírus cuja replicação está baseada no RNA e causam outras doenças, como dengue e ebola. "Agora poderemos não apenas propor modelos para a mecânica da replicação viral, mas também realmente testar esses modelos", observou James Chen, líder do projeto.