• Redação Galileu
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Graças à micro tomografia computadorizada de raios-X, pesquisadores conseguiram estudar três múmias de animais de dois mil anos  (Foto: Reprodução/Swansea University)

Graças à micro tomografia computadorizada de raios-X, pesquisadores conseguiram estudar três múmias de animais de dois mil anos (Foto: Reprodução/Swansea University)

Três animais mumificados há mais de 2 mil anos ganharam forma por meio de estudos com raios-X. Pesquisadores da Universidade de Swansea, no País de Gales, Reino Unido, também usaram tecnologia 3D de alta resolução para verificar detalhes sobre a vida (e morte) de uma cobra, um gato e uma ave.

Segundo os cientistas, o método é 100 vezes mais eficiente do que uma tomografia computadorizada médica. Por isso, os restos mortais puderam ser analisados ​​detalhadamente. A imagem tridimensional é formada a partir de muitas projeções ou radiografias individuais. Após reunidas, elas podem ser impressas ou transformadas em realidade virtual para futuros estudos.

Depois de realizar esse processo, os cientistas froam capazes de descobrir características dos animais preservados. A múmia felina, por exemplo, parece pertencer a um gato doméstico egípcio. Com menos de 5 meses de idade, o filhote ainda tinha dentes de leite. Uma fratura não cicatrizada abaixo da mandíbula sugere que seu pescoço foi quebrado no momento da morte ou logo após, possivelmente para manter a cabeça ereta durante a mumificação.

Já o pássaro era provavelmente um peneireiro-vulgar (Falco tinnunculus), ave da família dos falconídeos. Segundo os cientistas, a múmia tem o bico e a perna esquerda danificados. Como o membro foi encontrado saindo do invólucro, esse dano pode ter ocorrido algum tempo depois de sua morte.

Por último, a cobra é uma naja-egípcia (Naja haje). As análises de suas fraturas ósseas sugerem que ela provavelmente for morta durante um procedimento de “chicotadas”, em que os animais eram segurados pela cauda enquanto suas cabeças eram batidas no chão. Além disso, foram encontrados danos nos rins do réptil, indicando que a cobra estava desidratada no momento de sua morte, o que evidencia as más condições em que foi mantida.

Os pesquisadores também identificaram resina colocada dentro da mandíbula aberta da naja. Possivelmente, isso fazia parte do procedimento de “abrir a boca”, realizado para que humanos e animais mortos pudessem respirar, falar e comer na vida após a morte. Esse procedimento demonstra a primeira evidência de comportamento ritualístico complexo aplicado a uma cobra.

"Nossas descobertas revelaram novidades sobre a mumificação de animais, religião e relações entre humanos e animais no antigo Egito", afirma, em nota, Carolyn Graves-Brown, pesquisadora do Centro Egípcio da Universidade de Swansea e coautora do estudo publicado nesta quinta-feira (20) na revista científica Scientific Reports.