• Redação Galileu
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Dinossauros de pescoço longo viviam no oceano, não na terra (Foto: Emma Finley-Jacob)

Dinossauros de pescoço longo viviam no oceano, não na terra (Foto: Emma Finley-Jacob)

Pesquisadores do Museu Field, em Chicago (EUA), e da Universidade de Zurique, na Suíça, conseguiram desvendar um mistério de séculos sobre sobre o réptil pré-histórico Tanystropheus: ele não era pterossauro voador — a principal hipótese desde que ele foi descrito pela primeira vez, em 1852 —, mas sim um animal aquatico. A descoberta foi publicada nesta quinta-feira (6) na revista científica Current Biology.

"Eu estudo Tanystropheus há mais de trinta anos, por isso é extremamente gratificante ver essas criaturas desmistificadas", diz Olivier Rieppel, paleontólogo do Museu Field e um dos autores do estudo, em nota.

Os especialistas acreditavam que esse dinossauro possuía longos ossos ocos para sustentar o voo. Depois, descobriram que, dos 6 metros de comprimento do animal, somente o pescoço tinha 3 metros, medida três vezes maior que o seu torso. No novo estudo, porém, tomografias computadorizadas permitiram aos pesquisadores remontar os fósseis digitalmente e concluir que esses seres eram aquáticos.

O Tanystropheus viveu há 242 milhões de anos, durante a metade do período Triássico, época em que os dinossauros terrestres estavam começando a surgir, mas os répteis aquáticos já reinavam no mar

"O poder da tomografia computadorizada nos permite ver detalhes que de outra forma seriam impossíveis de observar nos fósseis", diz Stephan Spiekman, principal autor do estudo e pesquisador da Universidade de Zurique. "Com um crânio fortemente esmagado, conseguimos reconstruir um crânio 3D quase completo, revelando detalhes morfológicos cruciais".

Como os paleontólogos tinham vários fósseis de tamanhos diferentes, eles também queriam saber se os resquícios eram da mesma espécie, mas com idades diferentes, ou espécies distintas. E foi assim que eles descobriram que havia duas espécias do dinossauro.

Os pesquisadores nomearam o espécime maior como Tanystropheus hydroides, em homenagem às serpentes monstruosas que viviam na água (hidras) da mitologia grega. Os fósseis menores mantiveram o nome original, Tanystropheus longobardicus.

Outra constatação dos pesquisadores é que os dentes em forma de cone nos espécimes grandes e as presas em forma de coroa nos pequenos indicam eles não competiam pelos mesmos alimentos. "Essas duas espécies próximas evoluíram para usar diferentes fontes alimentícias no mesmo ambiente", explica Spiekman. "Os pequenos provavelmente comiam pequenos alimentos com casca, como camarão, ao contrário dos maiores, que comiam peixes ou lulas". 

De acordo com o cientista, o surpreendente disso é que eles esperavam que o pescoção do dinossauro service para apenas uma tarefa. "Mas, na verdade, permitia diversos estilos de vida. Isso muda completamente a forma como vemos esse animal", pontua o pesquisador.